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Diário de hoje de uma Bela Urbana

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6h– me sentindo mulher (namoro com marido)

7h– me sentindo mãe (arrumando lanche das crianças)

8h- me sentindo executiva (visitando cliente toda “chiquetosa” e resolvendo campanha)

9h- me sentindo Creusa (em casa, de chinelo, limpando e fazendo almoço porque faxineira não veio!)

Que o restante do dia me aguarde!!!!!

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Roberta Corsi – publicitária, mãe, criadora do Movimento Gentileza Sim, otimista por natureza!! 🙂

 

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O QUE PROCURA?

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Você procura um esconderijo?

Você procura um abrigo?

Você procura comida?

Água?

O que procura?

A cura?

A culpa?

A capa de aço?

Um dia já foi…

outro vem

No caminho pedras,

ruas, carros…

No caminho a noite

No caminho um novo dia

Você procura um caminho

e um carinho.

10959308_10203700598545176_5268303932415920241_n Dri perfil

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas os contos do projeto. Publicitária, empresária, poeta e autora de contos. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. 

 

 

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Na sala de espera

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Tanto silêncio não era normal, era exatamente o que podemos chamar de oposto à normalidade.

Depois de anos, talvez 10 ou 12, encontrarem-se cara a cara na recepção do pediatra era algo inesperado.

Ela vinha de dentro correndo atrás da filha pequena de cabeça baixa, ele entrou com um bebê no colo, quase bateram de frente.

– Oi – ela disse surpresa e com sorriso e ele sério e também surpreso respondeu: – Oi.

Ela pensou: – Nossa, que bebê lindo.

Ele pensou: – Ela continua bonita.

A esposa dele entrou em seguida e ambas se cumprimentaram com um oi também.

Ela pensou, admirada: – Sorriu.

A outra pensou, satisfeita: – Engordou.

O marido dela também estava por lá, naquele momento em uma conversa com o filho mais velho sobre dinossauros.

A recepção era grande, repleta de cadeiras, mas todas estavam vazias, com exceção das utilizadas pelas duas famílias com seus dois filhos. Sim, ambos têm dois filhos com idade parecida, porém invertida.

Ela teve o menino e depois a menina. Ele, a menina e depois o menino.

Crianças costumam interagir com as outras espontaneamente e rapidamente; não demorou muito e os dois mais velhos de ambas as famílias começaram a brincar juntos na varanda ao lado.

Na imensa recepção o silêncio era total e constrangedor, silêncio assim tão de propósito é só quando se quer dizer algo sem dizer nada. Um silêncio que diz tudo, todos sabem, mas fingem que não, fingem que tudo está normal. Silêncio assim nem entre estranhos.

– Que longa espera – pensava ela.

– Acho que conheço esse homem – pensava o marido dela.

Ele olhava sua filha brincar com o menino, não queria olhar muito, mas olhava de canto de olho e pensava:

– E se um dia casarem? E a voz da sua consciência o repreendia: – Pare, Gilberto, ela só tem 7 anos. Mas mesmo assim ele continuava com seus pensamentos: – Seria engraçado o casamento. Seus pensamentos continuavam: – Não quero minha filha casando com esse menino. Olhou o menino e viu nele o pai, a repulsa foi instantânea.

Ela, no outro canto, olhava a mesma cena e pensava: – Ficaram amigos… Já pensou se um dia namoram, casam e me dão netos? Olhou para a menina, que naquele momento falava dando ordens para seu filho, e pensou: – Deve ser autoritária como a mãe. Meu filho merece coisa melhor.

O silêncio continuava e de tão profundo foi possível ouvir uma abelha que se suicidou no abajur.

Agora ele olhava a filha pequena dela, não conseguia tirar os olhos e pensava: – Pare de olhar, vão pensar que você é um pedófilo.

Mas ele queria ver se a menina parecia com ela, e por uma dessas coincidências do destino a menininha usava uma camiseta da Minie, exatamente como a primeira vez que ele viu a mãe dela aos 15 anos de idade com uma blusa também da Minie entrando pela primeira vez na sala de aula onde eles estudaram juntos.

Lembrou da cena e do que pensou também com seus 15 anos: – Vou casar com ela.

E agora pensou de novo: – Não casei.

Ela também não conseguia tirar os olhos do bebê e pensava: – Será que seria tão bonito se fosse nosso? Perguntava-se em pensamentos e completava: – Como parece com ele!

Ele olhava e menininha e pensava: – Parece com ela.

O silêncio se quebrou, chamaram a família dela para a consulta.

– Melhor assim – tiveram os dois o mesmo pensamento.

A consulta foi detalhada como sempre, a pediatra era muito atenciosa, mas estranhou desta vez a mãe tão quieta e perguntou:

– Beatriz, está tudo bem?

– Claro, Dra. Ione, por que não estaria?

– Estranhei você tão quieta desta vez, não me fez nenhuma pergunta, até o Renato falou mais que você.

Renato, o marido, quase nunca abria a boca, era simpático, vivia sorrindo, foi a primeira coisa que a encantou naquele homem e também a primeira que a desencantou. Sorrir para tudo beira a demência…

A verdade é que Beatriz não conseguia tirar o encontro da cabeça, lidar com o inesperado é desconfortante e dá fome. Sim, uma fome repentina apareceu.

Pensava: – Mas que fome fora de hora é esta?

A fome crescia, o estômago começou a doer.

Na sala de espera a outra família continuava sozinha, o pai cuidando do filho, isso era comum quando estavam os quatro juntos, ele sempre cuidava do menino, mas hoje, ali, naquele momento na imensa recepção, sentia algo diferente, uma inquietude alegre, vontade de querer algo, de querer algo mais; uma inquietude estranha, o que fazer com aquela sensação? Uma inquietude triste, de ter claro de ser só uma vontade que vai morrer e não vai sair do lugar… foi quando sua mulher berrou bravamente:

– Gilberto, olhe direito o bebê, ele quase caiu.

Aquele berro histérico e a cara brava da esposa o trouxeram de volta a sua realidade.

Na sala da médica a consulta terminou, foi mais rápida que o normal. Ela não parava de pensar em comida, aliás, só pensava em certos doces… olho de sogra, bem-casado, olho de sogra, bem-casado. Ria sozinha, com fome, com gula e descia a escada com a filha no colo, o estômago doía, a fome aumentava, a escada lhe pareceu bem maior do que era. A cena estava sendo vivida em câmera lenta e seus pensamentos iam para o bem-casado, o olho de sogra, e como um estalo veio então a vontade incontrolável de beijinho… hum, ah, beijinho.

Chegou no pé da escada, ela olhou para o casal na recepção, ele gelou, olhou profundamente para ela, a mulher também olhou e foi logo dando tchau toda sorridente, com ar de superioridade, ela respondeu com um sorriso de forma educada, mas pensou: – Nunca foi simpática comigo…

Beatriz não entendeu que, sendo a outra a Dona do marido, a dona dos filhos daquele homem, a rival desejada por ele, e que ela sempre soube, era hoje somente um desejo que ela nem queria saber se era vivo ou morto. Desejo mesmo Beatriz tinha naquele momento por beijinho, muitos beijinhos, já Gilberto fechou os olhos, voltou no tempo e desejou o desejo do passado e passado estava Renato, sorrindo, é claro, e sem nenhum desejo naquele momento, sem nada ter percebido, nem se incomodava com o pernilongo que não parava de lhe sugar o pescoço.

Agora as crianças deram tchau sorridentes, mas crianças é outra história e essa fica para depois.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas os contos do projeto. Publicitária, empresária, poeta e autora de contos. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos.