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Mulher de Parar o Trânsito

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Na correria, sempre…

Estamos em dezembro e a correria, claro, só aumenta.

Mas enfim, era uma sexta-feira, 11:45, a curadoria da exposição era minha e a vernissage aquela noite às 20. Tudo estava certo, dentro do cronograma, artistas felizes, expo montada e uma tarde inteira para me ocupar com preparativos de Natal, após almoçar com tranquilidade e descansar assistindo o jornal.

Saio da galeria, pego o carro, ligo uma música gostosa, dirijo até a via de acesso para minha casa, aquele trânsito em horário de rush, mas enfim, vai devagar mas vai… Ou iria…

Entre o anda, breca, anda, breca, o motor morre… Sim, ali, no meio da pista! Simplesmente para!

Pane elétrica!!! Ligo o pisca-alerta, pego o cartão do seguro e desço do carro. O trânsito parado. Não, estava andando lentamente, a pista da direita desviando para a esquerda e passando lentamente por mim, a espectadora do caos, na calçada.

Interessante a reação das pessoas nesse momento, uns fazem cara de bravo, irritados com mais esse atraso, mãos em gestos que não usariam com conhecidos. Alguns fazem cara de curiosos, outros se solidarizam, mas não param para ajudar por conta da pressa.

Vejo um ônibus chegando lentamente, dando pisca para entrar na pista da direita, passa por mim e, da janela, em pé, um palhaço pergunta: o que foi, moça?

Entenda que era um palhaço mesmo, ou melhor, um moço com a fantasia de um palhaço, já que, assim como o Papai Noel, palhaço não existe.

Levanto as mãos em gesto de impotência  e digo “não sei…” E comecei a rir. Aquilo me desarmou, a tensão toda se dissipou, era surreal demais.

Logo em seguida um carro com dois estudantes para e eles me ajudam a tirar o carro da via, onde espero o guincho chegar, apreciando o congestionamento se dissipando e o trânsito fluindo no seu ritmo.

Sim, foi um contratempo, atrasou meu dia, algumas pessoas ficaram irritadas, mas a imagem que guardo é do palhaço querido, do riso gostoso e da solidariedade de quem perdeu um tempinho para me ajudar e ajudar o trânsito de uma cidade caótica.

Naquele momento fui uma mulher de parar o trânsito.

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Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.

 

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Tédio

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O tédio entedia

o dia que não ia

Pra frente do tédio

que era forte como um prédio

 

O tédio entediamente

Fica no ar o sentido

Sem ninguém entender

O tédio do dia

 

O tédio de uma aula

O tédio do ar

O tédio das pessoas

O tédio sem parar.

 

O tédio vai acabando

Nas linhas do verso

Depois de entediar você

Com linhas tediosas salvei-me do tédio

Resolva o seu

O meu acaba aqui!

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Jeff Keese –  Arquiteto, produtor de exposições de arte, e durante 7 anos foi consultor do mapa das artes de São Paulo.

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Fragmentos de um diário – 13

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DESPEDIDA

Não sei lidar com isso.

Já disse isso uma vez aqui.

“UMA DESPEDIDA É NECESSÁRIA PARA PODERMOS NOS REENCONTRAR” – FERNÃO, CAPELO GAIVOTA – Acho que é desse livro essa citação.

Mas sinceramente odeio despedidas, sempre choro…

É isso.

21 de setembro – Gisa Luiza – 37 anos

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas nesse blog. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa 🙂 . A personagem Gisa Luiza do “Fragmentos de um diário” é uma homenagem a suas duas avós – Giselda e Ana Luiza.

 

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QUE FASE…

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Quem gosta de escrever adora uma ante sala de consultório médico, lotada de pessoas aguardando, material farto para observação. Foi ali que revi meus últimos dezessete anos. Levei meu filho adolescente para ver uma amigdalite, a qual depois descobrimos ser uma séria faringite, pensava que esses males da garganta só acometiam crianças pequenas.

Lá estávamos nós, relembrando os velhos tempos da primeira infância, onde as mães não saem do pediatra, pronto-socorro, especialistas, alergologistas, no meu caso.  Já nem lembrava mais a quantidade de antibióticos que meus três filhos juntos tiveram que tomar, eu não era contra a homeopatia, só tinha medo que não funcioanasse, que demorasse demais para curar e eles morressem.

Bem, mas nessa uma hora de espera consegui observar mães com seus bebês, crianças de um, dois, cinco, dez anos e minha vidinha foi voltando como naqueles filmes que rebobinávamos antigamente. Lembrei de cada fase de cada um deles, boas, deliciosamente apaixonantes, mas rápidas.

Perdemos as contas de quantas vezes ouvimos a clássica frase: aproveita essa fase, passa tão rápida. Naquele instante senti isso, um piscar de olhos..dezessete, o mais velho já na faculdade, e as angústias das noites mal dormidas, do mal estar de ter que voltar ao trabalho e deixar o pequerrucho no berçário, do medo de uma febrinha, de um febrão, deles não comerem, não se adaptarem, não conseguirem evoluir em cada fase… foram todas por água abaixo.

A melhor fase é a que você está vivendo… Agradeci por ter conseguido chegar até aqui. Viva. Sobrevivi. Quando vi uma mãezinha dando frutinha raspada para o filho pensei: pobrezinha mal sabe o que é esperá-lo  voltar da balada. Me peguei sorrindo, feliz da vida com meus adolescentes conectados em seus celulares.

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Dani Martini Naufel – mãe de três adolescentes, Bacharel em Direito pela PUCC, funcionária pública, fotógrafa nas horas vagas , adepta do spinning e da yoga, quer desacelerar mas não consegue, enfim, uma mulher contemporânea.

 

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Torto ou torta?

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Se o dia começa torto

Não entorte

entre na padoca

e peça uma torta

pode se de chocolate

amargo

porque doce demais enjoa

Um toque de amargo no meio do doce fica perfeito

Assim como as ruas tortas

As massas das tortas

Os dias tortos tem seus motivos

escondidos as vezes

nas lembranças do foi e do que não é mais

Tortos dias porque assim o caminho tem curvas

pra viajarmos

mantermos o auto controle

aprendermos mais uma lição

e agradecer

Mas entre a torta e o torto

Coma mesmo a torta e delicie-se.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas nesse blog. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa 🙂