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Mulher Mudança

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Hora de mudar

Renovar

Outro ciclo que inicia

Da alma sempre inquieta

Da vida que se delicia

Sempre uma nova meta

Do pavor que isso propicia

 

Da vida de hoje o que se leva

As amizades gostosas

Isso tudo fica

Dos amores conquistados

As lembranças

Os anseios

A coragem

 

Seguir em frente

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Synnöve Dahlström Hilkner Bela Urbana, é artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.

 

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Amanhã é outro dia

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Foi mal. Sim, foi bem mal. Ela não deveria ter dito aquilo, ele acreditou. Liberdade, era isso que eles queriam, mas a liberdade é um conceito e nem sempre com o mesmo entendimento.

Ela chorava no 15 andar, chorava olhando as luzes da cidade, chorava sem parar, era uma dor tão intensa que doía o corpo, doía a barriga. Precisava de vento, o vento gelado da madrugada. Eram duas da madrugada e o sono nem sinal dava.

Ela se misturava com ela. Ela antes e agora agora. Ela adolescente, ela quarenta e tantos anos. Chorava de raiva da menina que foi e chorava de dó dessa menina, da pureza, da alma branca, das dores que viriam depois por ser tão assim. A vontade era de dar um chacoalhão nela de ontem. A vida a fez sobreviver, mas a endureceu por fora. De perto, a doce menina vivia ali, na dura mulher, o que causava sempre um conflito.

Olho não esconde quem se é, mas ela sempre tentou esconder o que incomodava os outros. Sentia culpa por ser bonita, mais que muitas. Nunca gostou de aparecer por isso, mas mesmo assim aparecia. Pela beleza, mas também pela energia. Confundia. Era quieta, era quente, era branca, era vermelho, era preto.

Uma confusão, que despertava paixão, sim muitas. Algumas vividas, outras (a maioria) deixadas de canto com respeito a quem a sentia. Fugia das paixões. Paixão tira o controle e sem controle o medo é maior. Fugia do medo.

Olhava a lua da janela. Não sabia ao certo quem era naquele momento, mas sentia que seu choro era quente e salgado. Gostava do vento forte e gelado que batia no seu rosto, como se fossem tapas na cara, dizendo: ACORDA.

Quem chorava nas alturas era a menina que ela foi que só queria um colinho do pai. Queria que os monstros fossem exterminados do planeta, queria que não houvesse nenhum tipo de fome e que as queimadas fosse só jogos com bolas. Impossível e por saber disso, a mulher, chorava.

Palavras ficam no ar, voam no espaço e nunca mais somem. Era verdade ou mentira? As palavras não vão embora com o vento, ficam em algum lugar ecoando para sempre.

Palavras duras podem ser ditas, mas palavras que digam mentiras não devem jamais serem ditas. Como saber qual é qual?

Seria mais fácil ser abduzida por ETs e nunca mais voltar. Seria mais fácil não ser ela. Seria muito mais fácil ser bege. Seria mais fácil que a liberdade fosse só estar fora das grades de uma prisão.

Sendo prática, a quarentona que era, sabia ser. Respirou fundo, resolver tomar um chá amargo de limão, enxugou as lágrimas e decidiu que amanhã pensaria nisso. Amanhã é outro dia.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas nesse blog. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

 

 

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A nervosinha do time

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Há alguns anos, depois de algumas tentativas e cargos menos interessantes, ela participava de sua primeira reunião oficial como membro do time de marketing da empresa. O time também era razoavelmente novo e, apesar de já conhecer seu novo gestor de algumas outras experiências sem reporte direto, ela finalmente conquistara um cargo numa área que sempre lhe interessou e que lhe trazia novas perspectivas.

O time havia crescido de três executivos para quatro, mas com a saída de um para outra área e dois novos, sendo ela a única mulher pela primeira vez na área.

Bem, reuniões são para discutir projetos e em marketing é até bom que opiniões divirjam para poderem gerar opções e riqueza nas discussões.

Um assunto particular provoca essa tal divergência e ela, apesar de nova na equipe, defende sua opinião, divergindo da opinião de um dos membros da ‘velha escola’ que havia permanecido no time. Contextualizando, filho único, de família italiana, criadão pela vovó…

Defendeu a primeira, veio a réplica, ela usou seu direito à tréplica, quando recebeu um: ‘nossa, mas você é nervosinha, hem?’… ela respira fundo, reúne toda sua classe e responde com toda a calma: ‘se fosse homem falando, você pensaria que ele é determinado, decidido e firme… mas como seu eu, você taxa de nervosinha… bem, acostume-se, vou defender meu ponto de vista sempre que achar necessário.’ E ela volta pro assunto da pauta!

Risos gerais na sala, e ganha o respeito principalmente porque uma frase elaborada com intenção de deixá-la nervosinha, não deixou!

E como em todo departamento de marketing, os anos seguintes se seguiram com brincadeiras de parte a parte, com imagens diversas ‘aparecendo’ coladas no monitor dela e dele…. entre elas a de um ônibus da marca Brava, Miranda Priestly, Homer Simpson, homens das cavernas, e daí por diante.

Foram muito bons tempos!
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Tove Dahlström – Belas Urbana, é mãe, avó, namorada, ex-mulher, ex-namorada, sogra, e administradora de empresas que atua como coordenadora de marketing numa empresa de embalagens. Finlandesa, morando no Brasil desde criança, é uma menina Dahlström… o que dispensa maiores explicações. Na profissão, tem paixão pelo mundo das embalagens e dos cosméticos, e além da curiosidade sobre mercado, tendencias de consumo, etc., enfrenta os desafios mais clichês do mundo corporativo, mas só quem está passando entende.

 

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CINDERELA DE AGORA

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É tarde

dizem que não

mas que é

Depois das onze

falta pouco para meia noite

Meia hora?

O que é meia hora agora?

É tarde

bem tarde

não da mais tempo

Meia noite

as carruagens viram abóboras

os morcegos estão a solta

e você que ficou lavando as janelas

guarda agora o sabão em pó

e dorme só

Mas é melhor que perder os sapatos

cortar os pés (de tanto correr)

ou parar presa dentro da abóbora (a meia noite)

em uma festa qualquer de halloween (rodeada de monstros)

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas nesse blog. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

 

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Da calça Jeans para o vestido

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Vim pra esse mundo com alma de homem, minhas características principais tinham um estereótipo masculino… muito brava, mandona, agressiva, sempre no “tomaládacá”.  De fala forte e olhar 58 (incontestável). Calça jeans, tênis e camiseta branca!

Logo cedo suscitei questões sobre missão de vida, por que viemos parar aqui, como encarnamos, etc… e fui ao encontro de várias ferramentas de autoconhecimento, recebendo várias peças do quebra-cabeças aqui e ali, cheguei a um atalho muito claro: vim experimentar o feminino.

Tive poucos namorados, mas todos eles muito sentimentais, artistas, de alma feminina, um deles me presenteava com vestidos, sapatos de salto e bijus (este inclusive interrompeu nosso namoro e saiu do armário), me casei com um homem sensível e depois de uns anos, com certa relutância acabei sendo mãe de uma menina.

Hoje, aos quase 50, aprendi muito sobre ser mulher, mais vaidosa, uso vestidos, maquiagem, a fala é mais complacente e as atitudes mais macias. Por vezes ainda me sinto em cima de um cavalo nos moldes de “O Último dos Moicanos”, mas passa rápido. Gosto de ser mulher! Se criamos a vida dentro do nosso útero, temos o dom da cura. Se temos a intuição como acessório original, temos o dom do discernimento e da inspiração.  E se temos o acolhimento como item de série, vamos amparar a vida!

É o que sempre digo, atrás de um grande homem, tem sempre uma grande mulher. Atrás de uma grande mulher, tem sempre ela mesma!

Fernanda

Fernanda M. Carracedo – Bela Urbana, bem -casada (igual ao doce), 01 filha, 01 pai, 01 mãe e 01 irmão. De riso alto e debochado, olho comprido na alma alheira e uma boca cheia de respostas. Tenho um “Q” de Malévola (escorpião com ascendente em escorpião), o que me rende uma platéia temente, e, por enquanto, vou rindo… Blog:https://www.ordensedesordens.com/

 

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Eu, simplesmente eu?

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Acho que não sou exceção nesse universo feminino, não sou diferente de ninguém, não sou especial a ponto de ser caso único. Mas, às vezes, acho que colocar no papel (ou na atmosfera digital) faz bem.

Sou como tantas outras da minha geração… A chamada geração Y. Optei (será?) por não casar, não ter filhos (sonho que ainda tenho recorrentemente) e focar no trabalho. Fiz essas escolhas de maneira quase automática. Ou melhor, costumo querer acreditar que as fiz. Pois, assim como muitos da minha geração, tenho o desejo e a falsa sensação de que tenho algum controle sobre coisas que me acontecem. Mas juro que chego a ter certeza em momentos, que não escolhi nada, que a vida me levou a isso e eu acatei e convivo com isso no meu melhor.

Sou extremamente realizada na minha vida de jornalista. Trabalho com dois extremos, política e assessoria de imprensa coorportativa, vivo em cada uma dessas pontas sensações divergentes. O mundo coorporativo ainda me intriga com algumas regras, que às vezes me passam desapercebidas. O mundo da política me lembra, que apesar dos mais de 10 anos nele, ainda sou um bebê.

São tão diferentes entre si. Distâncias gigantescas e outras tão sutis. A roupa que vou usar, a seriedade que tenho que passar, os gritos que tenho que dar, porque, apesar de estarmos em 2016, eu ainda sou vista como uma menina e o que uma menina poderia acrescentar num mundo de “macacos velhos”? Daí, o grito. Absurdo, mas assim eu fui galgando espaço num mundo tão masculino. Hoje grito menos, mas me lembro diariamente do quanto já fiquei rouca.

Fora isso, ainda quero ser a melhor amiga, a melhor irmã, a melhor filha, a melhor tia, a melhor namorada. Mas às vezes não consigo nem me organizar para dizer um “alô” para quem eu amo. Coloco a culpa no trabalho, mas não aceito de coração quando essa desculpa vem pelo outro lado, pelo “sumiço” dos outros.

Sofro com crises de sincericídio, de ciúme, de consciência. Mas que mulher não é assim? Me pergunto isso todos os dias. Sou geminiana e brinco comigo mesma: quem está aqui hoje é a gêmea má ou a boa? Surto… às vezes internamente, às vezes para o mundo ouvir.

Choro em propagandas de margarina, mas escolhi minha profissão ao ver uma matéria na TV de uma guerra. Queria estar ali no meio do bombardeio. Loucura? Não sei. Nunca fui para a guerra. Não a da TV. Mas tenho a sensação de viver em uma constantemente. Guerra para ser aceita (quem precisa disso? Eu juro que eu), para ser ouvida, para manter o respeito que conquistei, para não faltar no pilates, para amar em paz… Talvez guerra seja uma palavra forte. Troquemos por desafios. As palavras insistem em me ludibriar, por mais que eu trabalhe com elas.

Fico imaginando nos desafios que a geração das minhas avós teve que passar, nos da minha mãe, nos que virão para a minha sobrinha (quem sabe minha filha…) O mundo está girando e não dá para querer pará-lo com as mãos. Só não sei se corro a favor ou contra. E você, corre como? Ou simplesmente acompanha o movimento?

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Marina Prado – Bela Urbana recém chegada. Jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!

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Quando eu for criança de novo…

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Quando criança pensava em tudo que eu ia fazer ‘quando eu for grande’… cresci, fiquei grande, e pensava no que ia fazer quando fosse adulta. Fiquei adulta, um pouco antes da hora talvez… mas isso é assunto para outro post… Aí, adulta, pensava… quando as crianças crescerem, quando eu tiver mais dinheiro, quando tiver mais tempo, quando… quando… quando…

E aí dobro a esquina dos 50… e penso ‘cadê tudo aquilo que eu ia fazer quando isso e quando aquilo?’. No fim, fiz algumas, mas não todas, e fiz outras que nem pensava…E entendi que a única coisa que não volta é o tempo…

Nunca poderei dizer ‘quando eu for jovem de novo’ ou ‘quando eu for criança de novo’!

Mas se a gente inverte o tempo e fica adulta cedo demais, podemos inverter na volta também, certo?

Aos 40 fiz minha primeira tatuagem, três na verdade… hoje são sete e já penso na próxima.

Aos 50 estou tirando carta de moto porque decido que se não posso dizer ‘quando eu for jovem de novo’ eu ainda posso fazer as coisas que não fiz nessa época. E sem saudosismos e nem por rebeldia! Apenas porque chegou a hora em que dá, tenho vontade, recursos e motivação para isso!

E porque aos 50 a noção de idade e juventude e maturidade se confundem, e na verdade se tornam quase que irrelevantes. Idade certa para fazer, sentir, agir? Não tem! A oportunidade certa, a ocasião certa, esses sim é que contam… a idade pouco importa e na verdade, idade certa é uma noção burra e limitante!

Quem sabe qual será a minha próxima empreitada? Nem eu sei, mas com certeza não pensarei se estou ou não na idade de fazer, mas se é a ocasião, a oportunidade e se me fará feliz!

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Tove Dahlström – Belas Urbana, é mãe, avó, namorada, ex-mulher, ex-namorada, sogra, e administradora de empresas que atua como coordenadora de marketing numa empresa de embalagens. Finlandesa, morando no Brasil desde criança, é uma menina Dahlström… o que dispensa maiores explicações. Na profissão, tem paixão pelo mundo das embalagens e dos cosméticos, e além da curiosidade sobre mercado, tendencias de consumo, etc., enfrenta os desafios mais clichês do mundo corporativo, mas só quem está passando entende.

 

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Eu escolho você

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Nada é tão simples

Nada é tão complicado também

 

Se for para escolher

Eu escolho você

De mente aberta

De braços abertos

De coração apertado

Um coração calejado

 

Palavras… Ah! Palavras

Tão doces ficaram amargas

Cuspidas com dedos em riste

Palavras de escárnio num dia triste

Jogadas no ar e na rede social

Tão julgadoras da moral

 

Palavras… Eu as quero doces novamente

A amizade de quem convive livremente

Sem ideologias e donas da verdade doente

 

Ambos queremos o mesmo e pronto

Não é  preciso provar o seu, o meu ponto

Disso, a história se encarrega

 

Eu… Eu escolho você

A política que vá se… danar

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Synnöve Dahlström Hilkner Bela Urbana, é artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.

 

 

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Um ‘fiu-fiu’ que divide opiniões entre homens e mulheres…

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Além das tradicionais características dos homens brasileiros, como o samba, a cerveja e o futebol, “cantadas”, muitas vezes causam estresse e aborrecimentos, no lugar de satisfação ou alegria. Na verdade, quase sempre, a maioria das mulheres não aprova a abordagem. A maioria não gosta de ouvir cantadas, algumas mulheres já deixaram de passar por algum lugar por medo de serem abordadas, e outras já trocaram de roupa antes de sair de casa para evitar alguma provocação. As precauções revelam-se incipientes, diante da paixão com que os marmanjos se entregam “ao esporte nacional da cantada”. Eles, aliás, costumam se esconder atrás de eufemismos, como chamar de “galanteio” a palavrinha cheia de veneno para a moça bonita que vem e que passa. Elas se ofendem e, no império do politicamente correto, enxergam um jogo de dominação pelo sexo oposto. Nem tudo é baixaria, e alguns gracejos acabam consagrados. Um caso foi protagonizado por Fred, um jogador de futebol do Fluminense que, ao encontrar uma morena exuberante numa avenida de Belo Horizonte, caprichou na finalização:  “O que você faz, além de sucesso?”, mandou, como prova o vídeo que se transformou num hit instantâneo da internet. Acredito que o resultado serve para demonstrar que, por trás de uma cantada na rua, mesmo que aparentemente inocente, sempre há o risco de assédio. Em alguns casos, mulheres adultas e adolescentes narraram diversos casos de cantadas obscenas e até agressões físicas.

As cantadas quando é um desconhecido no meio da rua, em uma via pública, de uma pessoa que não deu abertura para isso, podem ser uma agressão, sim, por mais que seja só um “fiu fiu”. Quando a mulher responde, a maioria dos homens chama de vagabunda para baixo. Então não é algo inofensivo. Alguns homens começam a xingar. Eles acham que a mulher está querendo tolher a liberdade deles, sendo que é o oposto, eles é que cortam a da mulher quando fazem isso (cantadas na rua). Esse tipo de campanha reflete uma mudança profunda em curso na sociedade brasileira. Tradicionalmente, as brasileiras estão acostumadas a receber elogios em relação a sua beleza desde muito jovens, e esses elogios costumam representar uma espécie de reconhecimento. O momento que a gente vive, é de uma certa transição de uma lógica em que o valor e a visibilidade da mulher estavam atrelados ao corpo, para uma lógica em que os valores femininos estão ligados a outros capitais: a personalidade, a inteligência, a atitude. Uma coisa que a mulher brasileira gosta é de se sentir única. A cantada te padroniza, te torna igual a todas as mulheres. O “fiu fiu” faz você se sentir igual a todas as outras.

Conhecendo um pouco o universo feminino, acredito que o tema chega em boa hora. Existe uma peça teatral que depois virou comédia, denominada: “E aí, comeu?”, onde mostra que o assédio nas ruas é um problema enfrentado diariamente pela maioria das mulheres, brasileiras ou não.

Em algumas cidades brasileiras as mulheres conquistaram um vagão de Metrô separado. Isso já mostra o quanto essa é uma questão importante. A brasileira está encurralada o tempo todo. Concordo com aquelas que reclamam. Você está na sua, aí vem um motoboy e buzina, um caminhoneiro faz uma grosseria… Deve ser insuportável esse tipo de abordagem, só surte efeitos negativos. Uma troca de olhares ainda é a cantada mais eficiente que existe.

Apesar de concordar que um elogio dito na hora e no local errados pode ser incômodo ou até ameaçador, existe diferença entre uma cantada ingênua e um assédio como o elogio é dito.

No quesito eficácia, homens e mulheres concordam: as cantadas de rua raramente surtem efeito positivo. São, na verdade, uma simples expressão de masculinidade, geralmente na frente de outros homens,  e de poder sobre o sexo oposto. Esse homem que canta de forma agressiva é um frustrado que desconta na mulher por saber que é mais forte, que não vai haver reação. É um amostramento de homem para homem. Indo mais longe podemos até  dizer que a cantada é o “sintoma de um mal profundo”. O mal, no caso, é a objetificação da mulher. O que faz com que homens se sintam impelidos a chamar uma mulher de gostosa no meio da rua é uma noção de abuso em relação ao feminino. Se isso é OK por um lado másculo, talvez seja um problema de ordem cultural. Vejo a insegurança como principal fator por trás de investidas agressivas. Há uma característica predominantemente machista, mas não podemos dizer que toda cantada é uma agressão, senão começaremos a cercear toda e qualquer iniciativa. O ideal não seria uma proibição que nos levaria a uma cultura saxã, em que não existe essa troca de afeto. Proibir a cantada seria uma contenção artificial. Precisamos da afirmação do respeito mútuo. Está bem deselegante ultimamente. Já foi melhor. Antes tinha mais sutileza, era mais uma piada. Hoje está muito vulgar.
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Wilson Santiago – Belo Urbano, brasileiro, natural de Potunduva SP, união estável, engenheiro de produção, pesquisador, corintiano, espiritualista, musico, poeta, produtor musical e do signo de áries.

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Guerra dos sexos?

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Quando pensamos em reunião de família, àquele almoço gostoso de domingo ou as festas de final de ano o que nos vêm à cabeça é a vó, a mãe ou qualquer mulher que cozinhe bem…Porque, mesmo que inconscientemente, o universo da cozinha caseira é algo ligado ao feminino. Já quando pensamos no nosso restaurante predileto ou em alta gastronomia lembramos do Chef ( quase sempre no masculino) ….um ser quase mítico que transforma “comida” em experiência, sabor em prazer…Rsrs.
Você se lembra do nome de uma Chef mulher? E homem? Mesmo que não lembre do nome, tenho certeza que vem muitas imagens de grandes mestres ( homens) na cozinha.
Será que eles realmente cozinham melhor? Fico aqui me questionando…Ou o mundo realmente é 100% machista como querem me fazer acreditar as feministas de plantão?  Eu tenho minha cozinha profissional para comandar, muitos me chamam de Chef de cozinha e pensando essa questão acho que o que ocorre de verdade é que cozinhamos tão bem ou tão mal quanto eles…
O que ocorre , no meu ponto de vista, é que temos objetivos e posturas diferentes quando entramos no mundo da cozinha profissional. O homem tem um espírito competitivo e um foco no marketing pessoal muito maior do que a mulher e isso o faz buscar muito mais os holofotes.
Não posso falar por todas as mulheres, mas o que sinto e o que busco quando entro na minha cozinha não é a auto promoção, pouco me importa se sou Chef ou cozinheira (aliás, Chef é cargo. Todo Chef é um cozinheiro em primeiro lugar) o que busco é a excelência dos ingredientes, o melhor preparo, os sabores e a satisfação do meu cliente.
Não preciso ser a primeira do mundo, sair em capa de revista…e acho, que como eu, a maioria das mulheres quando entra no mundo da cozinha está muito mais focada na comida em si do que na imagem e talvez por isso não sejamos tão reconhecidas publicamente…
Machismo ou foco?! Não sei…
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Adriana Rebouças – Bela Urbana, formada em Publicidade. Cursou gastronomia no IGA – São José dos Campos Publicitária de formação e Chef por paixão. Sócia do restaurante chama EnRaizAr e fica dentro de um espaço de yoga e terapias que se chama Manipura em São José do Campos – SP.