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Meus papéis

Faz tempo que não escrevo. Muitas ideias rápidas na cabeça fazem isso, paraliso, não sei por onde começar, não começo e não escrevo.

Agora porém, revirando documentos para enviar para a contadora, para a declaração do IR, sim, eu sei, típico do brasileiro, aqui brasileira, que deixa para a última hora. Deixei e deixei a culpa de lado, porque mais essa culpa eu não preciso.

Além de revirar tive que organizar, confesso que tenho uma ligação de amor e ódio com papéis, sempre foi assim, mas em toda minha vida adulta essa característica foi ficando mais forte.

Tenho tantos papéis. Papéis com minhas escritas, diários, agendas, pensamentos em folhas avulsas, cartões e cartas recebidas, textos, textos e mais textos. Alguns são muito interessantes, outros medíocres. Alguns já publiquei, mas muitos outros continuam guardados, não tão a sete chaves, estão nas gavetas, nas pastas, nos armários de casa. Se quiser me entender, tem que ler um montão, mas está na mão, ou perto dela.

Tenho mais diversos outros papéis necessários guardados, contas pagas, documentos dos mais variados tipos, meu e da minha família, dos animais que já fui e sou responsável. Contratos, distratos. Alguns papéis dizem que somos obrigados a guardar até 40 anos depois do fechamento de uma empresa. Piada? Não é. As traças fazem a festa.

Festa para as traças e coragem para eu terminar isso aqui e achar o que falta para a declaração. Aproveito e jogo fora alguns, me sinto feliz com esse ato, mas lá vou eu pensando e a tal reciclagem que não vejo ser tão bem feita. Menos Adriana, esse é assunto para outro texto. Outro. Foco.

PS.: Se um dia já me escreveu algo… por aqui deve estar. 😉


Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa . 
Foto: @gilguzzo @ofotografico
 



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A vida e o tempo

Tu não me tens

Para mais nada?

Pensas apenas

Na sua conquista desvairada

Desvairada, no desespero

Você se perde em mim

Te mostrei tantas vezes

Que não precisa ser assim…

Tu me tens ao seu lado

A todo momento

E quando menos esperar

Sinto o seu tormento

Pois estou mais uma vez

Com toda minha calma

Corres, te apressas

Para encontrar a sua alma

Te dou as horas

Os instantes mais preciosos

Minha bela! Acalenta seu coração

Com palavras cálidas

E ouça o seu destino

Com mais atenção

Contemple a natureza,

a lua, o sol, que aguardam

com toda sua beleza

Abraçe as ávores, sinta o vento

Fale com as flores

Escute uma música

Para diluir suas dores

Aprecie o mar

As ondas vem as ondas vão

E te dou a certeza

Que sua jornada

Não será em vão

E terá algum momento

Que você irá despertar

E perceber que tudo faz sentido

No maior contento

E nessas idas e vindas…

Quem sou?

Sou o tempo!

Te estendo a mão

com todo meu amor,

minha amada vida,

sou o seu senhor


Macarena Lobos –  Bela Urbana, formada em comunicação social, fotógrafa há mais de 20 anos, já clicou muitas personalidades, trabalhos publicitários e muitas coberturas jornalísticas. Trabalha com marketing digital e gerencia o coworking Redes. De natureza apaixonada e vibrante, se arrisca e segue em frete. Uma grande paixão é sua filha.
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MaturIDADE

Um dia desses fiquei pensando na minha idade e na tal “maturidade”. No dicionário ela é condição de plenitude em arte, saber ou habilidade adquirida. É também “termo último do desenvolvimento.”

Ela chega e é para ficar. Chega muito rápido! As pessoas culpam o tempo dizendo que ele é cruel, mas eu descobri muita coisa boa que essa maturidade nos dá. Muito mais prazeres do que pensamos! Lembranças das experiências vividas; histórias e mais histórias, para contar e relembrar; o prazer de ouvir o netinho te chamar de vovó; o prazer de ver os filhos seguindo sua vida e ter a amizade deles; um delicioso sentimento de leveza e sabedoria; segurança para enfrentar os medos; e muito mais fé.

Foi com a chegada da maturIDADE que pude desfrutar de muitas coisas boas. Me peguei outro dia pensando nem saber mais o que mais  desejar da vida…..O que ainda não fiz? O que mais posso querer? O que preciso?

Com ela dei mais valor as pessoas do que as coisas; mais valor a saúde do que a aparência; mais valor aos passeios do que ao dinheiro guardado;
Ah Maturidade! Você é muito boa para quem consegue te encontrar. E quem não consegue é porque já morreu ou não atingiu o “termo último do desenvolvimento. “Que venha 5.4!”


Vera Lígia Bellinazzi Peres – Bela Urbana, casada, mãe da Bruna e do Matheus e avó do Léo, pedagoga, professora aposentada pela Prefeitura Municipal de Campinas, atualmente diretora da creche:  Centro Educacional e de Assistência Social, ” Coração de Maria“
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ENCONTROS

Outro dia a vida me trouxe de volta uma pessoa que foi muito próxima há alguns anos, conversamos, tímidos, desajeitados e constrangidos inicialmente, ao evoluir a conversa fomos nos reconhecendo e o conforto da amizade antiga voltou um pouquinho; tínhamos nossos compromissos, o encontro não durou mais que dez minutos, voltei para meus pensamentos com pedaços de lembranças da vida que eu tinha quando ele fez parte dela, naquela época tivemos um breve romance, eu era muito jovem, curti uma dor de cotovelo danada pois ele era apaixonado por outra pessoa e de repente ela também se viu apaixonada por ele, ou seja, eu conhecia os dois, tive que ver os pombinhos sempre juntos, frequentávamos o mesmo grupo de amigos, foi triste, sentia uma dor física mesmo no peito, parecia que o coração iria sangrar, eu chorei muito por isso, sentia tudo com tal intensidade, com tal paixão que achei que fosse morrer de amor; o tempo passou, eu aprendi tanto com esse episódio, eu me prendi aquela máxima de que se existe amor por alguém e se ele é real, é preciso deixar a pessoa livre para que ela escolha o que o coração dela pedir, sem tragédia, simples assim, a fila anda, como dizem, minha fala interior me dizia isso, uma maneira que encontrei para amenizar minha perda, minha dor, obviamente ele já estava com ela e era livre para fazer o que bem entendesse, nunca tivemos um relacionamento de verdade, foi apenas o inicio de algo que nunca começou, mas naqueles breves encontros eu me sentia bem, me identificava com ele e o mais triste talvez não tenha sido perder o futuro namoro que nunca veio, e sim a conexão que eu sentia com ele; eu tinha plena consciência que nossa recente amizade não iria evoluir, eu segui minha vida e passei a prestar mais atenção às conexões, aos encontros que tinham potencial de se transformar em uma amizade verdadeira pois entendi que eles poderiam ser muitos breves.

Ao longo dos anos sinto que aquele intenso sentimento mesmo tão efêmero me transformou, e sou grata por isso, apesar do amargo da perda me deixou uma ternura tão grande pois amei, eu ainda não tinha sentido nada parecido, confesso que depois durante meu percurso pela vida me apaixonei muitas outras vezes mas aquele encontro me alertou para as conexões, para estar atenta, para não deixar de aproveitar nem que fosse uma horinha de conversa com aquela pessoa especial, mesmo que não fosse com intenção amorosa, apenas sentir e aproveitar a presença de um ser humano que se aproxima de nossa alma, nem todos tem esse poder, nem todos tem esse toque mágico e nem sempre a vida nos presenteia com esse tipo de sentimento, é preciso saboreá-lo, usufrui-lo antes que se desvaneça como fumaça na correria do dia a dia, na viagem que nos leva para outros lugares, nas mudanças inevitáveis, nas mortes prematuras, nas desavenças repentinas, nas palavras mal pensadas e proferidas no impulso.

Amo as conexões, os encontros, e aqui cito Rubem Alves: “Não havíamos marcado hora, não havíamos marcado lugar. E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram. E deu-se o encontro”.

Tenho tanto carinho pelas pessoas especiais que passaram por minha vida e que no momento não fazem mais parte dela, queria que o mundo mantivesse perto de mim todos com quem amo estar e conversar e trocar energias boas, esse contato me traz um pouco mais de sentido para vida, há dias que buscar o sentido é como encontrar uma agulha no palheiro, mas esses encontros me dão a certeza que a vida também é boa, amorosa, pode ser leve e que ali com aquela pessoa posso ter um colo, um aconchego, muitas risadas e falar do tudo e do nada, não serei julgada, serei aceita tal qual como sou, nada mais, nem menos, isso é conexão, isso é amor, seja ele em formato de homem ou mulher, quer seja um amor romântico ou uma amizade, é como nos sentimos na nossa casa, conexão verdadeira é quando um rosto inchado de chorar, um nariz escorrendo, um coque mal feito, maquiagem borrada, quando você fala demais e possui alguns quilos extras não te fazem mais feia, na verdade, só significa que você é humano e é isso que nos conecta com outro ser humano, nosso eu real, quando as máscaras estão caídas ou guardadas nos esconderijos e ainda assim aquele alguém especial nos ama.

Agradeço a todos meus encontros especiais, aos meus amados amigos e companheiros de alma que eu ganhei de presente no trajeto, por momentos ou por anos,  mesmo longe estão presentes em tudo que há de mais belo em mim, tudo que me fez chegar até esse momento, preciso de vocês como uma flor precisa de água.


Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.
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Fragmentos de um diário – 28

..tem uma coisa que me deixa muito chateada, é eu não saber que profissão eu quero seguir, isso me deixa angustiada, porque eu adoro trabalhar com pessoas, mas a maioria dos empregos, pagam mal, falta emprego. Como é difícil morar em um País pobre.

Esses dias ganhei uma bolsa de estudos para fazer um curso de computação, só teria que pagar o material, mas minha mãe já veio falando que era caro, meu para falou que não tinha condições, tudo bem, não fiz. Só que ontem meu irmão ganhou uma bolsa igualzinha, só que em outro lugar. Com ele minha mãe já foi até lá hoje ver, ela fica com dó dele, eu também fico, mas não é justo ele fazer e eu não, só que eu também não sei se ele irá fazer, mas esse apoio que deram para ele, para mim não deram nenhum apoio. Isso não é justo e nem certo.

29 de agosto – Gisa Luiza – 16 anos


Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa . A personagem Gisa Luiza do “Fragmentos de um diário” é uma homenagem a suas duas avós – Giselda e Ana Luiza