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E DAÍ? ESSA É A QUESTÃO!

Boa leitura de nossos pormenores sobre aqueles que nos parecem menores.

Pois…

Eles morrem para a vida… e, a morte para eles é o reconhecimento de que ele é menor.

Simples assim.

Então a pergunta E DAÍ?

Só tem uma resposta.

E DAÍ… nós estamos empilhando mortes num refrigerador natural…

Escavando buracos para a fase terminal…

Enterrando as mãos junto com nossas vidas…

Solicitando aos céus dar maior clareza à nação…

Perdendo a capacitação para continuarmos cidadãos vivos…

Querendo apenas nos dar uma melhor respiração…

E DAÍ?

Estamos num chocar de areia… e já estamos consciente de que essa areia é  movediça, e não possuímos correntes para sustentar a ponte, que nos levará À uma utópica união!

E DAÍ?

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção
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VIDAS CONFLITO

Vivo duas vidas
Cinco vidas
Oito se precisar
Nenhuma vida
sabe da outra
E vez ou outra
Tento eu disfarçar
E fingem acreditar

Uma no bar
Outra no mar
No labor ou casa,
Liceu ou praça
Material ou virtual
Cada vida me traz
Um prazer especial

Cada uma das vidas
me completa de certo
Não se harmonizam
Cada uma das vidas
Me conforta o peito
Mas não completam

Deveria assumir uma
Eu sei, mas tenho medo
Pois uma apenas é finita
Sendo assim incompleta
Teria eu de ser adulto cedo?

E viver a incompletude
Sem culpar ninguém
Ou cobrar de alguém
Que por mim, mude?

Deveria eu aprender
Que sofrer é crucial
Para poder crescer?

Deveria eu experimentar
Viver como os outros, amar?

E deixar de autosabotar?

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.

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CONSELHOS DA MADAME ZORAIDE – 16 – Pinto na pandemia

Olá Consulentes, aqui estou eu na pandemia do Brasil. Isolada como uma ilha no meio do mar. Você segue assim também?

Meu conselho de hoje vai para quem deseja tudo perfeito e se desespera por tudo que saia da sua imagem de perfeição.

Está desesperada porque não vai ao salão de beleza fazer as unhas? Me poupe, a vida é muito maior do que unhas bem pintadas. Pode ser legal pintá-las. Um vemelhão, azul, preto, a cor que sua alma desejar… mas desesperar, jamais. Tolice.

Pinte as unhas com o esmalte que tiver em casa. Brinque, se conheça, descubra uma nova habilidade ou de risada da falta dela. Se não tiver, não pinte e pinte os sete. Na parede, na cama, no chuveiro, na cozinha. Vale tudo para reconhecer que a vida é tão grande e bonita que mesmo só, somos TODOS UM.

Não entendeu o conselho? Vou no bê-á-bá. A vida é muito mais perfeita que uma unha bem feita.

Até a próxima 😉

Madame Zoraide – Bela Urbana, nascida no início da década de 80, vinda de Vênus. Começou  atendendo pelo telefone, atingiu o sucesso absoluto, mas foi reprimida
por forças maiores, tempos depois começou a fazer mapas astrais e estudar signos e numerologias, sempre soube tudo do presente, do passado, do futuro e dos cantos de qualquer lugar. É irônica,
é sabida e é loira. Seu slogan é:
” Madame Zoraide sabe tudo”. Atende pela sua página no facebook @madamezoraide. Se é um personagem? Só a criadora sabe 😉

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Carta aos Radicais

Pensamentos Radicais Conflitantes têm atrapalhado minha vida.  Costumo acreditar nas   pessoas que amo até que apareçam pensamentos radicalmente contraditórios.  Infelizmente não tem sido possível juntar disposição para se debruçar no espaço respeitável entre 8 e 80 e a conversa acaba morrendo de exasperação. 

Já fui mais radical. Achava que o outro tinha que acreditar no que eu acreditava e ver o que eu via e batia o pé para fincar aquela convicção. Tinha a impressão de que se as coisas fossem diferentes eu poderia ser lançada no espaço sideral das Causas Perdidas, sem chances de retornar.  Felizmente aprendi a juntar a coragem necessária para examinar com calma o olhar do outro e assim amadureci um pouco mais.

Estamos em abril de 2020. País dividido por questões ideológicas e o mundo atacado pelo Covid 19. Os noticiários atiram notícias dramáticas durante quase 24 horas, causando medo e insegurança. Alegam que é preciso dizer à população que se o pico da doença for muito alto, muita gente vai morrer por falta de leitos, falta de respiradores e falta de atendimento médico.

Muito me espanta esta explicação. O que dizer dos milhares de pessoas que morrem diariamente no mundo, por Falta de Consciência do Bem Comum, Falta de Governantes responsáveis, Falta de  Políticas públicas, desburocratizadas, inteligentes e suficientemente boas.  Por que não fazem o mesmo berreiro para impedir que morra gente de Falta de comida, Falta de Educação de qualidade, Falta de atendimento médico e  Falta segurança? 

É até compreensível que grande parte do ‘governo’ esteja mais interessado em defender seus próprios interesses do que buscar solução para os problemas à sua volta.  Afinal, nós eleitores, consumidores e pagadores de impostos, aceitamos um sistema eleitoral que permite propaganda enganosa. Aceitamos que as pessoas possam se anunciar como quiserem, sem necessidade de estabelecer compromissos com os eleitores. Aceitamos votar cegamente, sem conhecer bem os candidatos. Aceitamos votar no menos pior.

Não pense o leitor que acredito no comunismo. Isto seria uma forma radical de pensar, seria o extremo 8.  As pessoas nos países comunistas são proibidas de sair de seus países e proibidas de sonhar. Saiba também o leitor que repudio o Capitalismo Selvagem, onde é permitido que se moa carne de gente à vontade, para que alguns escolhidos possam comprar suas luxuosas aberrações. Isto seria o extremo 80.

Defendo o caminho do meio, o Capitalismo Consciente, que facilita a concretização de sonhos, cria mercados e oferece educação, saúde e segurança de qualidade para todos. O Capitalismo Consciente necessita de gente com dinheiro para comprar seus produtos, gente bem formada para trabalhar com competência nas empresas, escolas, hospitais e gente criativa para desenvolver arte, cultura e projetos novos, sem os quais, não tem muita graça viver.   

Sendo assim, convido os Radicais, para que sejam Radicalmente Contra Notícias Aterradoras, Radicalmente contra a Falta de Consciência, Radicalmente contra a Falta de Campanhas Eleitorais Inteligentes e Radicalmente contra a Falta de Empatia, sem a qual não é possível se construir um mundo melhor.

Cristina Mattoso – Bela Urbana, pessoa comunicativa, mas nem sempre. Gosta de árvores, escrever, viajar, ler e comer bem. Considera as frutas, iguarias de Deus. Dança pouco, mas gosta muito. Sonhadora, voltou a se dedicar a um trabalho antigo de educação para cidadania e a resgatar o acervo de peças arquitetura do séc IXX, fundado por sua mãe em Araçariguama, SP. Seu sonho é fazer de lá um espaço para o desenvolvimento e divulgação de Arte, Cultura, Conhecimento e Educação Emocional.
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Um click

Se pudesse retroceder como o filme Click, diria, começa tudo de novo, 2020, rewind!

Futuro incerto, presente confuso, passado em nostalgia. Estamos todos retrocedendo ou progredindo? Tem gente por aí, com um otimismo exacerbado, chega a ser até inocente, mas respeito… essas pessoas sempre são necessárias para o equilíbrio do Universo. Quem me dera ser assim… dizem por aí que o coronavírus veio para transformar o mundo, que as pessoas vão mudar a forma de conviver e serão muito mais amorosas e resilientes. Vamos dar mais valor a família, ao marido, a mulher, aos filhos…

Será que essas afirmações fazem sentido? Será que é saudável conviver forçadamente com o outro 24 horas por dia? Na maioria das vezes acredito que estamos tentando suportar a convivência com as pessoas que amamos. Amar não significa viver 24 horas! O homem é livre por natureza, e necessita de espaço para poder voltar com vontade de estar junto. As pessoas em suas casas estão literalmente estafadas, desgastadas fisicamente e emocionalmente. Por acaso é normal ser o assunto mais esperado do dia, o que vamos almoçar? E depois? O que vamos jantar? Todos estamos numa linha tênue de limite emocional.

A realidade é outra, casamentos irão se dilacerar, pais e filhos irão se estranhar, muita gente se sentindo sozinha, no seu mundo e sem saída. Essa é a real também! Pais enlouquecidos com os filhos em casa cheios de tarefas escolares, onde as escolas impiedosamente massacram. Jovens limitados, cheios de pensamentos borbulhando, ansiosos, angustiados e nós adultos, segurando a onda gigante que nos afoga. Um pouco de otimismo: claro que tem dias de sol, de vida, de garra e de alegria. Mas nossos sentimentos estão confusos, mudamos de opinião trinta vezes por dia.

O que éramos antes, não seremos mais… uma tristeza carregada nos olhares, com máscaras brancas, coloridas, estampadas. Tem de tudo! Espero e tenho fé que o ar que se respira seja livre novamente.

Vejo a minha árvore do  meu quintal e agradeço por estar viva!

Macarena Lobos –  Bela Urbana, formada em comunicação social, fotógrafa há mais de 20 anos, já clicou muitas personalidades, trabalhos publicitários e muitas coberturas jornalísticas. Trabalha com marketing digital e gerencia o coworking Redes. De natureza apaixonada e vibrante, se arrisca e segue em frete. Uma grande paixão é sua filha.

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Mensageiro Covid 19

Caro mensageiro Covid 19 qual é a sua mensagem?
Sei que és apenas um mensageiro com a missão de me despertar.
Tu tens sacudido minhas estruturas e revirado a minha casa de pernas para o ar. No entanto, tal desconcerto me parece uma oportunidade ímpar para me reinventar.
Iniciaste em mim um árduo trabalho, como o da ostra quando é invadida pelo grão de areia. No entanto, tudo vale a pena, pois o processo, em seu final, resulta em uma linda pérola.
Me rendo aos teus ensinamentos caro mestre, pois sei que estás a trabalhar em mim, a melhor versão de mim mesma.
Assim como a tempestade passa e deixa como herança um lindo amanhecer; tu também passarás…
Estou ansiosa…. Será que terei o privilégio de ver também o arco-íris?
Espero que sim. Desejo enxergar a vida com a sua grandeza e diversidade.
Neste momento sinto o teu convite para que meu olhar se volte para a mãe Terra com suas necessidades. E também para a oportunidade maravilhosa de que, em meio a dor, possa encontrar um verdadeiro amigo.
Tu estás a oferecer mais uma chance de salvar toda a raça humana de seu desamor, e assim fazer o caminho de volta a fonte de amor que a originou.
Gosto muito da frase da escritora Gabriela Mistral que diz: Procurei Deus e não encontrei, procurei o próximo e nos encontramos os três.

Maria das Graças Guedes de Carvalho – Bela Urbana. Psicologa clinica. Ama a vida e suas dádivas como ser mãe, cuidar de pessoas e visitar o Mar.
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AMAZÔNIA O PULMÃO DO MUNDO?

Sempre faço um agradecimento quando acordo por estar respirando…

Sempre me preocupo com pessoas que acordam infelizes, e tendo contato digo para elas que se estamos respirando, estamos vivos e, devemos agradecer!

Sempre soube pela História e Geografia estudada de que a AMAZÔNIA, sempre foi considerada o:

“PULMÃO do MUNDO”

Sempre quis me mover como o grande pêndulo do tempo (leia-se relógio) Terra, durante as orgias atemporais que nos sufocam com cruéis ponteiros sempre imprecisos e, aparentemente inadequados durante visitas inesperadas.

Esse momento em que o mundo precisa ter uma nova logística de atuação me sinto corroída por esse mesmo tempo, em que crer no balanço do AR respirável, nem na AMAZÔNIA posso contar mais.

O foco dessa semana enquanto estamos com um CO (n)…VID… ado sem ter sido convidado, que entra sorrateiramente e fica em exposição do lado de fora de nossa casa, devemos nos privar para continuar a respirar.

E tomar tento de que nem o PULMÃO do MUNDO, que fica aqui mesmo em nosso País, chamado Brasil não consegue nem colaborar mais com seus habitantes.

O CORONAVÍRUS/CODIV-19

Determina que a Pandemia nesse momento não é causada pela poda ilegal de árvores, por egos de  garimpeiros e ou fazendeiros que acabará com o AR mais precioso que nós necessitamos para continuar vivos, e sim, os políticos vãos que estão sendo abertos por escavadeiras e tatuando covas, afim de perpetuar buracos precisos para o enterro de “sujeitos” viventes nessa TERRA chamada BRASIL.

Uma ironia tétrica diante de algumas fotografias, vídeos, filmes que necessitamos ter que olhar e observar, mesmo NÃO atuando na Profissão de COVEIRO, e sim por termos aprendido em algum lugar do passado, de que deveríamos crer que a AMAZÔNIA- CORAÇÃO do MUNDO!

Estamos vivenciando uma necrose sócio/política em um isolamento pessoal dolorido e solitário, para continuarmos o trabalho de nosso pêndulo pessoal corroído pelo CORONAVIRUS-CODIV-19, e quanto ao nosso sepultamento, não tenho mais nada a declarar, mesmo sendo colocada em uma solitária que é respirável.

Endosso #fiquemecasa e pense nem o PULMÃO da AMAZÔNIA está bem no foco!

Vejam pelo menos uma foto do escárnio de uma escavadeira corrompendo a TERRA, na vasta ignorância do que estamos e estaremos vivenciando no MUNDO! E por favor não se pergunte que País é esse?

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.

Foto de abertura de 22 ABRIL 2020 FOTOGRAFIA UOL NATHAN LOPES
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Olhando na janela, esperando voltar

De repente a escola estava vazia. Silenciosa e triste. Sem o coral de vozes habitual, sem o tilintar dos talheres na tão esperada hora do almoço, sem as bolas pulando, sem as cordas batendo, sem os “abraços surpresa” no meio do pátio ou do corredor… Sem as crianças.

Eu tenho certeza que todas as pessoas nesse mundo estão, nesse momento, sofrendo de alguma forma, e uma pessoa muito especial me disse um dia que todas as dores são importantes e por isso, incomparáveis. Mas hoje eu queria muito saber como as crianças estão. Elas e suas famílias. Todas.

Mais do que saber como ficarão os conteúdos, de que forma as aulas serão repostas, qual a logística que as escolas adotarão… como ficará o tão falado ano letivo. Não. Queria saber como as crianças e as suas famílias estão. Quero poder falar com eles. Dizer também da minha angústia e preocupação. Saber se estão comendo. Se estão nervosos, preocupados… Como estão digerindo tudo isso?

Eu estudei, eu li, eu sei a importância da escola, desse espaço, da construção do conhecimento, mas eu sei também que são seres humanos que vivenciam esse processo. Muito se fala sobre a educação, sobre a escola, sobre a formação dos profissionais que lá estão.

Mas não falamos muito sobre dois pontos fundamentais. Primeiro, sobre a vida que é vivida na escola. Sobre a troca que acontece desde que os nossos olhares se cruzam no portão até a hora do ‘Até amanhã tia’. É dessa vida que estou sentindo falta, da troca humana e de tantos aprendizados meus e deles que muitas vezes não constam em currículo. E segundo, do fato de que embora lecionemos “com” as crianças, cada criança representa uma família, e essa família é tão importante no processo educativo quanto as crianças. São importantes pra mim. São importantes pra nós professores. O que é dito, pensado, planejado, sempre levou em consideração esse conjunto de pessoas tão importante, e agora não seria diferente, não se trata de conteúdo, mas de vidas que são queridas.

Nós professoras e gestão temos nos reunido virtualmente, temos estudado, planejado, organizado, sonhado, dentro do possível. Foram criados espaços de aprendizagem virtuais para que o contato com as crianças e famílias aconteça. Um processo, que leva tempo até “todos” se organizarem pra isso.

A escola precisa se reinventar? Sim, há muito o que melhorar. Porém isso não se resume a tecnologia ou algo do tipo. Eu não vou entrar na discussão sobre educação remota ou educação à distância, primeiro por que preciso lembrar que a escola é só uma parte (muito importante) de um sistema que precisa funcionar melhor e talvez se reinventar em vários aspectos. E segundo, porque isso me lembra uma frase do Paulo Freire que alimenta muitos dos meus dias na escola (e tem alimentado agora fora dela também) “Se você não fizer hoje o que hoje pode ser feito, e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente fará amanhã o que hoje deixou de fazer, porque as condições se alteram”.

Então, nesse momento, eu posso dizer que estamos fazendo o nosso melhor, hoje. Tenho visto colegas se superarem em tanta coisa para conseguir chegar mais perto das famílias de alguma forma, gravando vídeos, arrecadando mantimentos, produtos de limpeza, fazendo cestas básicas chegarem até a comunidade, tenho visto uma rede de apoio florescer nesse campo de incerteza.

Uma das últimas atividades que fizemos foi discutir a “saudade”. Nós lemos um livro que se chama Menina Amarrotada e eles me disseram que saudade é quando a gente sente falta, quando uma pessoa fica longe da outra, quando sente falta da pessoa e dói o coração, querer ficar perto da pessoa e não poder e eles estão cobertos de razão! Eu estou assim, sentindo tudo isso, “olhando na janela, esperando voltar…” E você?

Michelle Felippe – Bela Urbana, professora por convicção e teimosa. Apaixonada por doces, cinema, poesia urbana e astrologia. Acredita que ainda vai aprender a levar a vida com a mesma leveza e impetuosidade das crianças.
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Busca por soluções – Califórnia – USA – 2020

Dois anos atrás, quando começamos a planejar um sonhado período vivendo nos Estados Unidos, nunca poderíamos imaginar que isso ia acontecer juntamente com uma pandemia mundial. Se, na época, alguém tivesse previsto que o mundo inteiro iria parar, escolas e comércios iam permanecer fechados e as pessoas ficariam em isolamento social dentro de suas próprias casas, eu teria certeza que se trataria de um filme de ficção
científica. Mas não.

E foi um pouco antes disso tudo começar que cheguei em Berkeley, na Califórnia, junto com a minha família (marido, filho e meus pais), para passarmos 7 meses por aqui. Eu e um marido viemos para atuar como pesquisadores da University of California. Deu o maior trabalho conseguir conciliar nossos afastamentos nas universidades brasileiras que
trabalhamos, para que eles acontecessem no mesmo período, providenciar os documentos desse tipo de visto, planejar a mudança e deixar parte da família, os amigos, uma casa para trás. Mas, enfim, viemos. Com muitos planos.

Os dois primeiro meses foram ótimos. Pudemos conhecer a região, nos inserimos em diversas atividades da universidade. Eu e meus pais começamos a frequentar aula de inglês todas as manhãs. Meu filho ingressou na escola, no 2º ano do ensino fundamental. E a vida corria exatamente do jeito que havíamos imaginado. Mas, em março, tudo mudou. Fomos avisados de que tudo seria fechado e que deveríamos fazer o isolamento social. De repente, nos vimos sem acesso as todas as atividades da universidade (as mesmas atividades para as quais viemos até aqui), meu filho sem escola, tudo fechado. Estamos há mais de 1 mês nessa situação. E no país que tem mais casos de contaminação e de mortes no mundo!

Com o passar dos dias, fomos vendo a crise se instalar. Supermercados com
prateleiras vazias, produtos de limpeza esgotados, produtos de proteção (máscaras, luvas) sem previsão de estarem disponíveis em qualquer lugar, loja física ou online. Por sorte, a cidade em que estamos não tem apresentado crescimento dos casos. As pessoas têm se mostrado, em sua maior parte, bastante conscientes, permanecendo dentro de suas casas
ou saindo com todo o cuidado quando precisam.

E me vi questionando: puxa, mas justo agora? O que eu estou aprendendo com tudo isso? Que nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente quer. Todos os meus planos profissionais aqui provavelmente foram encerrados, ainda que a gente vá continuar na cidade até final de julho. Considerando-se que não há nenhuma previsão de encerramento do isolamento, todas as oportunidades que começamos a aproveitar, não
mais farão parte dessa experiência. Do mesmo modo, pensei que a oportunidade do meu filho frequentar uma escola aqui pudesse ampliar sua visão de mundo e seu domínio do inglês, mas isso só durou 2 meses. Ainda que parte das atividades tenham voltado a partir da segunda semana de abril, tanto as aulas de inglês quanto as aulas da escola do Miguel,
oferecidas por meio de plataformas online, não é a mesma coisa.

Por outro lado, estamos aprendendo muito sobre ficar juntos, nos aproximando mais da educação do Miguel, compartilhando sentimentos e percepções. Nesse momento agradeço por estarmos em cinco pessoas aqui e, principalmente, por estar com meus pais aqui junto comigo. Parece que fica mais fácil de enfrentar essa situação. Se eles estivessem no Brasil, e eu aqui, estaria medo por não saber se eles estariam se cuidando adequadamente, se estariam precisando de alguma coisa.

Junto a tudo isso, não posso esquecer que eu e meu marido somos psicólogos. Fica mais fácil por causa disso? Não! Nesse momento somos apenas mais duas pessoas com medo e em casa. Talvez a diferença que isso esteja fazendo envolve dois temas que trabalho: psicologia positiva e criatividade.

A psicologia positiva é um movimento que busca valorizar o que existe de melhor em cada indivíduo. Essas habilidades, como otimismo, esperança, felicidade, podem ajudar as pessoas a encontrarem qualidade de vida nesse momento tão difícil, entender e lidar com as suas emoções e se relacionar com as pessoas ao seu redor. Já a criatividade, pode funcionar como uma espécie de energia adicional que vai nos ajudar a olhar para a situação
por novos ângulos, na busca por soluções para os novos problemas do dia a dia, nos tornando mais abertos e flexíveis em relação ao futuro, nesse momento tão difícil que estamos vivendo. Penso que, mais do que nunca, uma atitude positiva em relação a vida e ao futuro poderá nos ajudar a superar essa fase e sairmos ainda mais fortalecidos. É nisso que acredito.

Tatiana de Cassia Nakano – Bela Urbana, psicóloga, mãe, apaixonada por fotografia, viagens e pela família. Professora do curso de
psicologia da PUC-Campinas.

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Crônica de uma Pandemia Anunciada

A realidade me fode, talvez por isso eu tenho evitado tanto sonhar. É difícil ter que acordar. Eu tenho me sentido inútil, desnecessário, como se o mundo me quisesse fora, antes ele só não se importava comigo, mas agora ele me nota e me deseja a morte. Mas como matar o que morto já está?

Dramático, né? Eu sei, mas é que tudo que não penso, sinto e eu sinto muito, sinto pra caralho, como um intelectual frustrado, como um escritor com o ego machucado, como profissionais da saúde constantemente ignorados!

Eu minto que tá tudo bem, pinto o quadro do sujeito isolado, mas eu queria alguém do meu lado para chorar, desabafar no ombro amigo, devidamente esterilizados, ambos mascarados, mas com isso eu já estou acostumado, como falei, eu minto, por que eu me sinto um otário quando ainda vejo bares lotados de retardados, alheios ao sofrimento alheio, bicho, eu to cansado…

De tudo e de nada, essa vida, esse dias mal dormidos, esse apocalipse que não chega, tudo é tão ínfimo e vazio, mas ainda assim me enche de medos, anseios, álcool com remédios, insônia e depressão, tesão reprimido, amores omitidos, tudo que eu não disse, tudo o que eu não fiz, tudo o que eu suportei, todos os sapos radioativos que engoli, todos os outros vírus que eu já matei, todas as vezes que eu morri!

Eu queria usar o humor como válvula de escape, mas até isso me escapou e foi pra puta que pariu! Volta aqui, me leva, qualquer coisa é melhor que morrer por conta da incompetência abissal do nosso líder nacional!

Quando tudo desmoronou que a gente não viu? Ou viu e preferiu não ver? É de foder, mas nem é de sexo que eu estou falando, é da agonia, da melancolia, da pandemia, da porra do presidente, da sua corja nazista, racista, machista, eu poderia continuar com muito mais “istas”, mas vamos falar de coisa boa? Vamos falar das lives no insta?

Eu sou hipócrita demais, quando você não entende a minha ironia, o burro é você ou sou eu? Talvez nós dois, de mãos dadas, dois burros alados, caminhando rumo ao precipício ou ao fundo do poço, mas relaxa, não seja pessimista, talvez a gente dê sorte, talvez a gente pule e já esteja transbordado com o gado afogado, eles servirão de ponte para atravessarmos até o outro lado…

Amigo, eu não quero ser um fardo, se eu começar a rir e delirar, me deixe aqui e siga sem olhar pra trás, siga até o próximo paradoxo, porque esse texto já tá muito extenso, eu lhe peço, por caridade, enxergue uma nova realidade, veja o nosso futuro utópico, num Brasil distópico, onde a loucura é a verdade, onde ciência é piada, onde homens grisalhos e de ternos amadeirados sugerem a morte aos menos afortunados, onde celebraremos e reviveremos todas as merdas do passado.

Não, não, não. Espera! Caralho, não era essa estrada, acho que a gente foi pro lado errado!

A verdade irmão, é que ninguém se importa, todos preocupados com o próprio rabo, mas é necessário, temos que sobreviver ao caos e se alguém me disser: “Vai ficar tudo bem”. Eu digo “você está bem? Ah que bom, eu também! :)”

Lucas Alberti Amaral – Belo urbanonascido em 08/11/87. Publicitário, tem uma página onde espalha pensamentos materializados em textos curtos e tentativas de poesias  www.facebook.com/quaseinedito  (curte lá!). Não acredita em horóscopo, mas é de Escorpião, lua em Gêmeos com ascendente em Peixes e Netuno na casa 10. Por fim odeia falar de si mesmo na terceira pessoa.