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Minha noite acabou em uma delegacia

Há dez anos…

Num sábado, perto das 22h eu estava no sofá da minha casa com minha filha mais nova deitada no meu colo, estávamos assistindo um filme, desses infantis que criança adora…

Eu já havia soltado os cachorros no quintal e trancado a casa, porque teoricamente ninguém mais chegaria, pois minha filha mais velha tinha ido ao parque de diversões com a turma de amigos e dormiria na casa de uma amiga. E o até então marido na época, estava viajando a trabalho e me avisou que chegaria apenas no dia seguinte. Então estava pronta para descansar assim que o filme terminasse.

Como estávamos apenas nós duas nesse dia, decidi ir ao mercado pela manhã, comprei alguns frios para fazer pães recheados, para quando a fome aparecesse mais tarde… E assim lanchamos. Decretei pra mim mesma: “Hoje estou livre do fogão”. E decididamente não queria fazer jantar, pois eu e minha pequena não fazíamos questão, e além do mais, no dia seguinte iríamos almoçar na casa de um amigo com toda a família reunida. De verdade? Não vi a menor necessidade de me preocupar em fazer comida…

Mas meu companheiro na época chegou sem avisar, procurando por comida e não tinha… Então, disse a ele onde estava o pão e continuei assistindo ao filme.

Estávamos casados há dez anos, dos quais os últimos cinco, foram de declínio da relação por conta das violências frequentes. Portanto, não houve uma recepção calorosa, de ambas as partes.

Ele foi até o banheiro, gritou de lá que queria jantar, e eu pedi a ele que comesse o que tinha, até porque era o mesmo que havia nos alimentado…
“NÃO” foi a resposta! Ele então saiu do banheiro e veio em minha direção, me arrancou do sofá pelo braço, me empurrou até a cozinha e disse que iria tomar banho, e assim que saísse do banho, ele queria ao menos um prato de arroz para comer com ovos fritos.

Parece um pedido simples de ser atendido, não é? Mas não sob essas condições de imposição e agressividade. Então, segui com meu decreto em vigor, e disse-lhe que não iria fazer e ponto.

Voltei para o sofá, onde minha filha estava já assustada nesse momento… Assim que eu me acomodei, ele voltou do quarto com uma cinta na mão e me bateu no ombro esquerdo… Pude ouvir o zunido do couro no ar, logo senti a minha pele arder, o vergão subir e meu sangue ferver.

Pulei do sofá em direção a ele, já com minhas duas mãos fechadas em punho, e iniciei uma sequência de golpes contra seu peito. Ele ficou sem reação e apenas tentava me conter, pois eu nunca havia reagido daquela forma a qualquer uma de suas ações violentas…

Não vi o final do filme e nem me recordo qual era, porque minha noite acabou numa delegacia, e o casamento terminou junto. Pois naquele dia fiz uma promessa de frente ao espelho, que ninguém mais levantaria a mão pra mim de novo.

Cheguei a conclusão que todo e qualquer relacionamento depende, quase que exclusivamente do respeito mútuo para ser estabelecida.

Luana Carla – Bela Urbana, analista corporal e comportamental. Minha paixão é poder contribuir para evolução da nossa espécie através do meu trabalho, sendo facilitadora do processo evolutivo interno, auxiliando pessoas a encontrarem soluções para seus conflitos de forma mais harmoniosa possível, respeitando seu funcionamento natural. E assim viverem em paz consigo e com o ambiente a sua volta.