Fiquei pensando sobre a vacina,
tão esperada, e o que isso representa.
Sim, com certeza é um avanço
incrível, uma grande conquista, e que vai mais além…
Esse movimento mundial representa
muito mais do que uma corrida por algo capaz de sanar um mal; na verdade, diz
respeito a como ainda existem pessoas que apostam na humanidade, que se
importam com a dor e o sofrimento do outro (além do seu) e que se preocupam com
o todo.
Por outro lado, assustadoramente
pudemos perceber como tem gente na contramão desse movimento coletivo. O
negacionismo, a luta vazia com uma inconstância de opiniões também refletiu o
lado sombrio de alguns pares. É claro que isso assusta, faz pensar, mas não
pode jamais nos atingir a ponto de esmoecermos.
Toda essa tragédia mundial é
dilacerante, mas é preciso perceber como trouxe à tona muita solidariedade,
empatia, busca, realizações, afetos, encontros, movimentos de diversos âmbitos,
com a certeza de que a distância física não é capaz de minar relações verdadeiras,
onde o amor e o carinho foram construídos ao longo do tempo. ISSO IMPORTA, E
MUITO!
Choramos pelas inúmeras mortes, e
desejamos força e coragem às famílias que perderam pessoas queridas. É uma
tragédia, uma dor imensurável, não tem volta!
Neste momento, o que fará a
diferença frente a tantas vidas que poderão ser salvas é podermos oficiar a
chegada da vacina. Ainda não será para todos agora, é um longo caminho a ser
percorrido, mas a expectativa da cura não está mais no vazio, vem se concretizando
a cada dia.
É a sensação de que o “bem pode vencer o mal”, numa torrente de energia capaz de transformar, de permitir que vidas tenham o seu real valor. E, de novo, ISSO IMPORTA, E MUITO!
Escrevo poesias no instagram e tenho vários seguidores que
também escrevem.
Outro dia, um seguidor que tinha uma imagem de flores no seu
perfil e postava mensagens motivacionais, me enviou um vídeo no particular. Ao
abrir, era um homem dançando com as calças abaixadas e o pênis ereto. Respondi
logo em seguida, indagando qual o sentido de ter me enviado aquilo e a resposta
foi: “ você não gostou? “. Respondi que não e que iria denunciar e bloquear e
foi o que fiz!
O mais assustador é que a pessoa se passa por alguém que escreve mensagens bacanas etc… e deve estar na internet com a intenção de assediar.
Sabe esses dias que sai
caminhando com as amigas numa praia da Bahia? O nome disso poderia ser saudade,
mas nesse caso é só pretexto para falar sobre o que já teve graça: o dia que um
pelado atrevido passou vexame na areia.
Início dos anos 90, energia e
liberdade a mil e bem pouca consciência.
Estávamos em Trancoso e não era
incomum cruzar com pessoas nuas nas praias quase desertas da região. A natureza
exuberante, o calor e a maresia inspiravam a intensidade dos dias vividos.
Nos afastamos da turma de amigos
que bebia num quiosque e fomos caminhar, de biquinis, antes do pôr do sol.
Três amigas na resenha. A
conversa estava boa e lá pelas tantas vimos que vinha em nossa direção um rapaz
nu. Previmos que ele não iria passar invisível e de alguma forma tentaria nos
impressionar. Foi a conclusão que chegamos com apenas um olhar entre nós.
Ninguém à nossa direita, nem à esquerda.
Ninguém atrás de nós e o bonitão à frente ajoelhou-se na areia, feito os
príncipes de contos de fadas, com os balangandãs soltos e bradou: “Só para
vocês!”
Renata, mais despachada das três,
sem consulta e nem hesitação, deu uma senhora enquadrada no brinquedo do moço e
soltou a pérola que nos fez rir pelo resto da temporada. Ela disse:
“Lamentável” – enquanto fazia um gesto que na época era o bordão do salário do
Professor Raimundo – personagem de Chico Anísio na tv.
As gargalhadas foram instantâneas
e ilimitadas. Eu passei mal de rir.
O coitado se levantou com sorriso
amarelo, desacreditado nos segundos infinitos de seu do mico particular.
Desapareceu. Acho que foi se vestir.
E assim, termina um episódio que
se fosse hoje, talvez fosse registrado pelo vídeo do celular e viralizasse nas
redes – um meme ou uma denúncia ou só uma trolagem mesmo.
Abro parênteses: no contexto, a
nudez era para parecer normal, mas os cosmopolitas que sonhavam em trabalhar
nos prédios da avenida Paulista, circulavam beira-mar com os olhos vidrados de
espanto ao ver os peitos de uma artista nacional que usava o maiô arriado na
altura do umbigo.
Entretanto, a mensagem daqueles
tempos era de que donos dos próprios corpos, a escolha era de quem quisesse se
expor, naturalmente. E os demais que fingissem costume e seguissem adiante. O
que conscientemente é o comportamento ideal – desde que o respeito seja o
limite inegociável. Ali, naquela praia, naquele dia, foi assim, por isso teve
graça.
Mas, como eu disse, faltava
consciência, ninguém falava sobre assédio e violência sexual era somente a penetração
forçada. O resto era só mal entendido e constrangimento.
Se a consequência do nosso
passeio fosse trágica, certamente, alguém diria que não deveríamos ter nos
afastado dos demais e que sozinhas procurávamos confusão e blablablabla.
Porque é assim que as histórias
são contadas, nos contrapés das vítimas o viés é sempre distorcido e a verdade
é julgada com suspeitas e dúvidas.
Portanto, não dá para dizer que
era melhor, sabendo que a tão querida liberdade ficava prejudicada pela
irresponsabilidade, pela inconsequência e pela noção machista de respeito.
Essa luta continua, mas, eu digo
que avançamos. Entendemos a distinção entre liberdade e abuso e, lentamente,
temos alcançado a percepção sobre os nossos direitos e a noção de limites tem
sido atualizada com a frequência necessária.
Que as próximas caminhadas nos permitam chegar a menos de dois passos do tal paraíso onde não faltará respeito, justiça e igualdade. Eu sonho com isso.
A pergunta pode soar estranha porque as pessoas não comentam
que isso acontece, mas isso acontece, e muito! Sábado de madrugada isso
aconteceu comigo.
Recebi dois vídeos, o primeiro era um vídeo pornô de um casal. O vídeo veio acompanhado da frase: “Meu pau é muito maior viu rs vou te mandar o vídeo pra provar tá rs”.
Eu não pedi para receber nenhum vídeo pornô e não queria
saber qual é o tamanho do pênis de quem me mandou a mensagem. Fiquei pensando,
o que passa na cabeça de um homem que aborda, que invade minha casa, meu
celular, meu sossego com um vídeo assim?
Fui responder, e antes de terminar minha resposta, recebi o
vídeo dele se masturbando.
É importante esclarecer que não tenho a mínima intimidade
com esse homem, é um colega e tenho seu contato por questões de trabalho.
Me senti como muitas outras vezes já me senti, quando
caminhando nas ruas, algum homem me mostrava seu pênis e se masturbava para que
eu olhasse. Eu sempre saía correndo.
Desta vez me senti igual, foi virtual, mas a invasão e o
assédio foram o mesmo.
Senti vergonha por ele, é um papel ridículo que se prestou.
Sexo, nudez, namoros virtuais podem ser legais quando a via é de mão-dupla,
quando a dupla está disposta a isso, mas no meu caso foi assédio, assédio
baixo, de alguém com um caráter bem duvidoso.
Digo que é duvidoso por várias questões. A primeira é que
não teve nenhum respeito por mim (ninguém deve chegar pelado e com convidados
pelados na casa de ninguém), não dei
nenhuma liberdade para receber esse tipo de vídeo. Segundo, pela sua própria
mulher. Sim, o sujeito é casado! Será que ela sabe que ele fica de madrugada
assediando outras mulheres?
Soube no domingo que já abordou outras amigas que temos em
comum, sempre com uma conotação sexual. A história vem de longe!
Quantas de nós nos calamos perante esses assédios para não
nos expormos? Quantas vezes nos calamos por medo de sermos julgadas? Quantas
vezes já ouvimos as vítimas serem culpabilizadas? Quantas de nós achamos melhor
deixar para lá, porque no fundo, nós mulheres de 50 anos crescemos em uma
sociedade machista, onde quem determina o querer e o poder é o homem, e quando
relativizamos isso, não percebemos o quanto esse tipo de comportamento se
fortifica?
Eu não vou me calar!
Hoje em dia sou muito mais consciente dessas agressões em forma de
assédios. Não aceito ficar quieta. Respondi para o sujeito que não pedi para receber
aquilo, que não queria receber vídeo dele gozando (ele queria ainda me mandar
outro), que não acho nada legal ele ser casado e na calada da noite abordar
mulheres mostrando seu “pau”, e, ainda por cima, queria saber minha opinião
sobre o digníssimo membro; não dei nenhuma opinião para ele, mas agora darei
uma opinião, não sobre o membro, mas sobre saúde.
Acredito que seria interessante procurar um psiquiatra ou
psicólogo, nitidamente é alguém que precisa de ajuda.
A minha denúncia hoje é em forma de texto, contando o que
aconteceu comigo para incentivar que mais mulheres também falem se sofrerem
qualquer tipo de assédio. Não podemos mais aceitar o que não queremos, pedimos
e desejamos.
São só pensamentos ou são tendências suicidas? São só brincadeiras ou talvez você pense em se matar? Quem sabe quanto tempo faz que você não chora?
A realidade sufoca, o corpo implora e alma não consegue respirar. Mais um gole, mais um trago, mais uma foda, mais um remédio, mas nada faz o vazio fechar.
Você reza em silêncio, mas deseja que os céus te ouçam, em desespero estende a mão até ao diabo se ele puder te acalmar. Às vezes parece que nem o inferno pode te salvar.
Eu? Eu também não sou a solução, minhas palavras vão de encontro ao teu coração? Então, me leia com atenção.
Todos nós estamos sós, todos nós somos filhos de deuses e demônios, somos feitos de luz, água e decepção. mas acredite em mim, não desista agora, o amanhã nos espera e é certeza que talvez sejamos um pouco mais que meros mortais.
Talvez você sorria para uma foto, chore com uma série, se frustre comigo, vai ficar tudo bem, desde que estejamos vivos para ver o crepúsculo dos medos morrer e o jardim dos sonhos e das ilusões florescer no amanhecer.
Quando falamos em dor pensamos em algo que machuca, mas a dor as vezes cura, fortalece e faz você perceber que aquilo que estava te trazendo tristeza pode ser o começo de uma mudança, pois aquilo mexe, bagunça e até dilacera dependendo da sua intensidade. Hoje foi o início de uma nova era, pois toda essa dor enraizada por um motivo que muitos tentam negar quando acontece, parece que dói na alma e que alguns deixam essa dor se transformar em doença, vou fazer todo esse mal virar amor, pois quem gosta cuida e não machuca.
Só tenho que dizer que é com seu desprezo que vou esquecer o que no fundo não teve significado nenhum para você.
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