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Alguém já entrou pelado na sua casa sem convite?

Alguém já entrou pelado na sua casa sem convite?

Achou estranha a pergunta?

A pergunta pode soar estranha porque as pessoas não comentam que isso acontece, mas isso acontece, e muito! Sábado de madrugada isso aconteceu comigo.

Recebi dois vídeos, o primeiro era um vídeo pornô de um casal. O vídeo veio acompanhado da frase: “Meu pau é muito maior viu rs vou te mandar o vídeo pra provar tá rs”.

Eu não pedi para receber nenhum vídeo pornô e não queria saber qual é o tamanho do pênis de quem me mandou a mensagem. Fiquei pensando, o que passa na cabeça de um homem que aborda, que invade minha casa, meu celular, meu sossego com um vídeo assim?

Fui responder, e antes de terminar minha resposta, recebi o vídeo dele se masturbando.

É importante esclarecer que não tenho a mínima intimidade com esse homem, é um colega e tenho seu contato por questões de trabalho.

Me senti como muitas outras vezes já me senti, quando caminhando nas ruas, algum homem me mostrava seu pênis e se masturbava para que eu olhasse. Eu sempre saía correndo.

Desta vez me senti igual, foi virtual, mas a invasão e o assédio foram o mesmo.

Senti vergonha por ele, é um papel ridículo que se prestou. Sexo, nudez, namoros virtuais podem ser legais quando a via é de mão-dupla, quando a dupla está disposta a isso, mas no meu caso foi assédio, assédio baixo, de alguém com um caráter bem duvidoso.

Digo que é duvidoso por várias questões. A primeira é que não teve nenhum respeito por mim (ninguém deve chegar pelado e com convidados pelados na casa de ninguém),  não dei nenhuma liberdade para receber esse tipo de vídeo. Segundo, pela sua própria mulher. Sim, o sujeito é casado! Será que ela sabe que ele fica de madrugada assediando outras mulheres?

Soube no domingo que já abordou outras amigas que temos em comum, sempre com uma conotação sexual. A história vem de longe!

Quantas de nós nos calamos perante esses assédios para não nos expormos? Quantas vezes nos calamos por medo de sermos julgadas? Quantas vezes já ouvimos as vítimas serem culpabilizadas? Quantas de nós achamos melhor deixar para lá, porque no fundo, nós mulheres de 50 anos crescemos em uma sociedade machista, onde quem determina o querer e o poder é o homem, e quando relativizamos isso, não percebemos o quanto esse tipo de comportamento se fortifica?

Eu não vou me calar!  Hoje em dia sou muito mais consciente dessas agressões em forma de assédios. Não aceito ficar quieta. Respondi para o sujeito que não pedi para receber aquilo, que não queria receber vídeo dele gozando (ele queria ainda me mandar outro), que não acho nada legal ele ser casado e na calada da noite abordar mulheres mostrando seu “pau”, e, ainda por cima, queria saber minha opinião sobre o digníssimo membro; não dei nenhuma opinião para ele, mas agora darei uma opinião, não sobre o membro, mas sobre saúde.

Acredito que seria interessante procurar um psiquiatra ou psicólogo, nitidamente é alguém que precisa de ajuda.

A minha denúncia hoje é em forma de texto, contando o que aconteceu comigo para incentivar que mais mulheres também falem se sofrerem qualquer tipo de assédio. Não podemos mais aceitar o que não queremos, pedimos e desejamos.

Não podemos mais nos calar. Assédio é crime!

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa. 

Foto Adriana: @gilguzzo @ofotografico