O sal na terra não aduba O sal na terra desidrata O sal na terra incomoda Faz a raiz ir além Faz a raiz ir a águas fundas Faz a raiz crescer Faz a planta crescer Faz a planta ir ao sol Faz a planta evoluir O sal da terra, a raiz crescer O sal da terra, a planta subir O sal da terra, sai da terra Faz ser maior, incomoda.
Caminhei olhando a rua e me peguei no tempo; Como em um sonho, as coisas ao meu redor pareciam andar mais devagar; Uma leve música cantarolava em meus pensamentos; Anti a rua, o tempo e o som lembrei do seu olhar;
Sua voz doce recitava uma poesia; Seu olhar demonstrava muita paixão; Pensei, lembrando, quem sabe um dia… Poderei conhecer seu coração!
Hoje conheceremos as minhas lembranças de um sonho bom; Onde, de mãos dadas, caminhava com você; Tinhas a rua, o som a brisa e o tempo, que ao seu lado, no meu sonho, parecia não correr;
Foi próximo ao lago, amparado pelo belo pôr do sol; Que segurei suas mãos levemente e, com os lábios trêmulos, beijei você! Foi um beijo leve como a brisa daquela tarde linda, sensível como uma poesiarecitada por você; E, ao final deste beijo, com um olhar um pouco sem jeito, descansou seu rosto no meu peito;
Peito este que tinha o coração palpitante de emoção, e em um turbilhão de pensamentos, não encontrei palavra nenhuma para dizer; Passei meu braço pela sua cintura, e como em um doce que chega ao fim, caminhamos sem falar, mas ficou escrito, isso nunca mais se apagará!
Somos nós que fazemos o mundo ao redor ser mais do que
qualquer um ou alguém.
Quer você por essa vida passar sem nada a acrescentar, não
entendeu nada de ser.
Não entendeu que para ser é preciso viver.
Viver não é uma arte. É mais complexo tanto quanto um
descarte.
Quando se descarta, se isola. Quando se isola, se faz uma
escolha.
E na escolha da vida, ah… as escolhas da vida…
Se o caminho que você traça não olhar ao redor, então você,
realmente, não aprendeu nada.
Submerso ficamos num rio que corre sem poucos enxergarem seu
verdadeiro destino. Ou sua verdadeira nascente. Se você for até a sua nascente,
saberá o caminho a percorrer. Pode até ter medo dos riscos a correr.
Desvios haverão de existir. Mas existe a possibilidade de
canalizar. Esvaziar um lado e abrir um outro. Menor, maior, fluído, que
abasteça. Que aconteça.
Se você não veio a esse mundo para abastecer vidas com o seu bem, então você, realmente, não entendeu nada. Nada de ser alguém.
Há alguns anos, comecei com uns calores horríveis, exames de rotina e POF: estava na “menopausa”, era o conhecido fogacho!
Mais exames, conversas com meu médico, leitura de artigos científicos sobre o tema, histórico materno de câncer de útero… algumas decisões a tomar…
Mas, pior do que a onda de calor, irritabilidade, às vezes, um cansaço absurdo e algumas paranóias que vão surgindo: “Será que vou perder o tesão?” Será que vou perder a lubrificação?” “Será que esse calor não vai passar nunca?” “Será que esse ressecamento dos pés, das mãos e da pele em geral vai ser sempre assim?” “Será? Será? Será?”
Na realidade, essa fase entre ser fértil e deixar de ser fértil é o climatério – definida como “fase crítica”, a menopausa é definida pela ciência como: “fim dos ciclos menstruais, fim da idade fértil, fim do ciclo reprodutivo, perda da atividade folicular.”
Os nomes e definições não ajudam a mente pensar positivo, tudo leva ao fim doloroso, vexatório… falta dignidade nesses termos e conceitos.
Mas todas as alterações hormonais, todas as possibilidades de mudanças neste período na vida e no corpo da mulher não se comparam ao fato, de ainda, em pleno 2021, nós, as próprias mulheres, termos o preconceito de falar que estamos na menopausa.
Frequentemente, sou repreendida por alguma amiga: “Adriana, para de falar que estamos na menopausa!” Como se fosse uma fase vergonhosa, a ser escondida, tanto de outras mulheres, quanto dos homens! Não é assunto recorrente nas mesas de bares somente com mulheres!
Entrar na menopausa ainda tem um marco forte de preconceitos contra a mulher, da mesma forma que assumir a idade… é como se fôssemos predestinadas a permanecermos eternamente na juventude! Entrar na menopausa de forma assumida é ter orgulho da nossa história percorrida, da nossa vida de menina que virou mulher com a primeira menstruação, das nossas experiências sexuais, do nosso prazer em transar, gozar sem travas, sem preconceitos, de assumirmos para nós mesmas e para a sociedade: estou na menopausa e tenho orgulho da trajetória da minha vida que me fez chegar até aqui!!!!
Aliás estou melhor com quase 50 anos do que estava ao fazer 40, e melhor ainda do que quando tinha 30 anos! A menopausa não é o fim: é o início de um momento em que nós, mulheres, poderemos ser tudo que queremos ser, podemos até não ter tanta certeza do que queremos, mas temos convicção do que não aceitamos! Então vamos nos libertar e viver sem amarras, sem preconceitos contra nós mesmas! Menopause-se!
Sou cartunista, mas não leio o futuro nas cartas. Desenho o presente com lápis e humor.
Minha formação acadêmica é em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda e já trabalhei na área. Depois, aliando o mundo business e o meu conhecimento fluente em alguns idiomas, passei a dar aulas. Também trabalho com construção civil, junto com a família.
Porém, a minha grande paixão é a arte! Já sofri muito pela falta de tempo de produzir o que minha mente criativa pedia. Cores, tintas, lápis, papéis, dá até água na boca de pensar.
Juntando a arte com a veia de humor, que sempre esteve presente em mim, nasceu a cartunista. Há alguns anos tomei coragem e inscrevi uma ou duas caricaturas em salões de humor, que foram selecionadas e eu passei a amar esse novo mundo que se abria. Com o passar do tempo, o vício foi dominando e, charges, cartuns, até tirinhas foram surgindo. O Brasil é uma terra rica em matéria-prima para essa arte, seja pela homenagem às nossas grandes figuras ou pela crítica à política do momento. E tem o mundo.
Nunca pensei ser a ‘mulher cartunista’, mas, aos poucos, acabei me tornando uma ativista cultural também. Fui percebendo a pouca representatividade feminina na área e procurei entender os motivos para isso, visto que o mundo do cartum é uma bolha masculina. Os grandes chargistas são majoritariamente homens – procure “cartunistas do Brasil” no Google – e nem mesmo eles parecem perceber esse círculo fechado em que vivem.
Sabemos que, há muitos séculos, existe um trabalho por parte de sociedades, principalmente as religiosas, para destruir a relevância do papel da mulher. O sexo frágil, a bela, que deve ser também recatada e do lar. No seu papel de procriadora, ela acabou sendo dominada e o seu conhecimento ancestral foi chamado de bruxaria e queimado nas fogueiras da inquisição e outras semelhantes.
Quando surgiu o movimento feminista, toda a luta foi desmerecida. O que se buscava era a igualdade de direitos, como poder votar, trabalhar, ter direito à herança, sair à rua desacompanhada e sem ouvir bobagens. Mas denunciar o machismo é coisa de “histérica”, ela é feia, tem sovaco cabeludo, não gosta de homem, mal-amada, não conseguiu segurar marido, a lista é longa… O humor que ela desenha é, também, desmerecido como arte inferior.
Uma vez, em uma feira de quadrinho, na Alemanha, Maurício de Sousa foi indagado sobre a falta de mulheres quadrinistas em sua comitiva. Ele respondeu que, no Brasil, “Mulher ainda não tem essa liberdade sem vergonha que homem tem, de trabalhar até tarde, tem que cuidar da casa, dos filhos, quadrinho exige muito tempo de dedicação”.
A mulher, como protagonista de seus próprios desenhos de humor precisava ser resgatada e furar a bolha.
Na procura por essas cartunistas, salões de humor, exclusivos para mulheres, surgiram, como é o caso do “Batom, Lápis & TPM”, que acontece todo mês de março, em Piracicaba e que reúne artistas, que, mesmo espalhadas pelo mundo, são muitas e seus desenhos e mensagens são impressionantes. Sororidade passou a ser um lema. Esse ano, 2021, houve a tentativa da secretaria de cultura de Piracicaba de cancelar o Salão. Quando tomei conhecimento de que não haveria uma edição inédita, entendi que era a hora de mobilizar os cartunistas e passei a enviar mensagens e e-mails mundo afora e, assim, conseguimos reverter a situação. Preciso dizer que também recebi algumas reações estranhas, de negação, como se o salão fosse realmente algo inferior e que não merecia atenção, por parte de pessoas que eu admiro. Não guardo rancores, mas guardo nomes…
Trata-se de um precedente perigoso. O primeiro corte é nas mulheres. Era preciso agir para que não houvesse corte (ou censura) a outras exposições de humor. O Salão de Humor de Piracicaba tem uma longa tradição de resistência política. Nasceu no auge da ditadura militar no Brasil e está em sua 48ª edição, em 2021. Todos os anos o Salão Batom, Lápis & TPM, abre a temporada, em março. Em seguida, sai o regulamento e as inscrições para o salão principal, que acontece em março. Muitas atividades são levadas às escolas da cidade, e existe o salãozinho, para crianças. Quem sabe o que mais pode ser cortado, alegando custos e organização, mas sabe-se que é política. E parece que a atual política é tendenciosa à censura do humor questionador.
Há 3 anos, eu fiz a curadoria da exposição “Humorosas”, que reuniu 20 artistas. A ideia original foi do amigo artista, o Robinson, para expor as mulheres artistas que fazem humor. Foi um sucesso, a abertura foi no MACC, Museu de Arte Contemporânea de Campinas, depois passou por mais 3 locais, antes de encerrar. Estamos programando uma nova edição de Humorosas para logo, pois temos um problema recorrente. Hoje, nas páginas das redes sociais, que anunciam festivais de humor, pouquíssimas mulheres são mencionadas. Quando uma de nós levanta a questão, denunciando o clube masculino, a recepção é sempre fria e negado o machismo. Acabo de ver um cartaz com “cartunistas do Brasil”, com umas 100 fotografias. Não cheguei a ver 3 mulheres entre os grandes.
O trabalho de charges, cartuns e caricaturas que realizo, estão muito ligados a essas situações, de sexismo e política, basicamente. Recebo prêmios e críticas pelo meu trabalho. Prêmios no Salão Internacional de Piracicaba e, ano passado, 2020, o “Prêmio Destaque Vladimir Herzog Continuado”, junto com 110 cartunistas (6 mulheres), por uma charge continuada, em apoio a um cartunista, ameaçado pela Lei de Segurança Nacional. Críticas vem nas formas mais variadas. Tem gente que acha que eu não devo criticar o governo, que acha que estou torcendo contra. Tem gente que pergunta se eu não tenho medo. Medo do quê, amigo?
Enquanto conto os números de mortos na pandemia, a cada charge ou texto que publico, nunca terei medo de expor as mazelas e irresponsabilidades de um governo genocida. Não é um prazer desenhar o terror que estamos vivendo e ainda tentar agregar humor. Para mim, é um dever. Estamos em março de 2021 e nadando a braçadas para os 300 mil mortos pela Covid-19.
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