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Parle-vous français?

Bom, mês de julho sempre foi o mês das férias, e dessa vez eu decidi que faria algo de produtivo!

Tentei não pensar em como eu estaria enganando a mim mesma pois nós todas já passamos pela mesma promessa em vazio: “estudarei mais”, “farei dieta e academia”, “não vou me importar com a opnião dos outros!” e muitas outras. Mas dessa vez eu estava determinada, comprometida!

Coloquei minha bandana e comecei a imaginar tudo que eu poderia fazer e quando eu falo tudo, eu quero dizer tudo mesmo! Desde aprender a cozinhar até escalar uma montanha! Decidi então diminuir a lista que ficou com tocar piano, fazer uma fantasia, terminar aquele videogame que está meses parado e fazer aula de francês, língua obrigatória para quem quer seguir no curso de diplomacia e relações internacionais como é meu sonho!

No primeiro dia de férias eu estava no pique! Comecei o curso de francês online, fiz até uma apresentação de powerpoint e já estava com ideias para a fantasia. Acontece que os dias foram passando e a única coisa que continuou foi a bendita aula de francês, e o negócio de fazer aula de idioma estrangeiro é que é difícil não desistir porque em todas as etapas, desde querer começar até começar de fato e continuar estudando, tem aquela vozinha traiçoeira falando pra gente dormir e esquecer das responsabilidades. Não é fácil não!

No começo, eu acertava duas palavras pra errar dez. Ouvia uma, duas, três, cinco vezes os vídeos de cada aula e ainda não entendia – as frustrações eram grandes. Mas com ajuda de minha família que sempre estava do meu lado, eu não desisti e mantive em média quatro aulas por dia, cinco dias por semana.

E não é que o tempo passou?

E agora na última semana de férias, eu consigo ler, ouvir e até falar um pouco do bendito idioma!

E pensando nesse progresso eu percebi que ele foi resultado de todos os dias que eu acordava às oito da manhã e encarava o dia e seus desafios não como um fardo, mas sim, como uma oportunidade de fazer, tentar e imaginar.

Lembrei de meu coordenador da escola sempre falava sobre “a felicidade de um dever cumprido”, e eu como todos os meus colegas achava que isso era só papo de professor querendo que aluno estude. Mas com tempo passando eu refleti mais nessa frase e seus significados, pensei em todas as vezes que eu estudei até tarde pra depois tirar aquela nota dez almejada por todos, ou quando mesmo que você passe o dia inteiro ocupada, na cama, você pensa em tudo de produtivo que fez, todos os problemas que resolveu, todas as oportunidades que você tomou.  Vai me dizer que não é uma sensação maravilhosa?

Por isso eu não poderia estar mais feliz comigo mesma de ter continuado e não desistido.

Hoje foi a aula de francês, amanhã pode ser aquela amizade cultivada há anos, aquele pulo de confiança que você deu lá atrás, ou até mesmo aquela vez que você não ficou com medo e pediu desculpas para quem você ama. Isso sim que faz a vida valer a pena de viver!

N’abandonne jamais te rêves!

Karen Rosas – Bela Urbana, garota estudante do ensino médio, 15 anos, simpática e curiosa, que adora uma boa discussão, expressar suas ideias e se envolver com o mundo e sua sociedade. Ama uma boa competição e jogar videogame, mas além de tudo cuidar de quem ama.
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O Rei

Quando vem o sol…

Vem o dia.

Vem uma nova chance de fazer algo de bom. 

Ele chega e clareia tudo ao seu redor… até mesmo os pensamentos. 

Ajuda nas decisões.

Repõe as energias e mostra saídas. 

O sol é o REI.

Sou grata a ele. 

Aquece, cuida, salva vidas. 

O sol vira energia e é a sobrevivência humana.

Ele cura.

Fonte de vida.

Mas ele também é o símbolo da oportunidade.

Da nova chance. Do novo dia pra viver. 

Ah sol….Você é REI mas anjo também. 

Vera Lígia Bellinazzi Peres – Bela Urbana, casada, mãe da Bruna e do Matheus e avó do Léo, pedagoga, professora aposentada pela Prefeitura Municipal de Campinas, atualmente diretora da creche:  Centro Educacional e de Assistência Social, ” Coração de Maria “
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O romper da linha

O romper da linha de nylon que segura as miçangas causa de repente uma tremenda dor,
O barulho desumano de cada miçanga que cai no chão rasga meu coração, faz tremer meus sentidos,
Mesmo distante e sem ação pude sentir, ouvir e não acreditar no que estava acontecendo,
Sem entender pude tremer na responsabilidade do branco que pesa um tanto com o passar do tempo.

Ainda atordoado pude ouvir de longe a voz que me disse “o Recado Esta Dado”;
Ponderei acreditando fazer tudo correto, é fato que eu estava enganado.;
Olhei para luz acesa que fazia chorar a parafina que descia lentamente como minhas lágrimas;
Meu coração em pedaços, agora envolto ao pano branco me fez sentir ainda mais só;

Ao questionar minha dúvida, de dor, rancor, fraqueza e falta de entendimento, ouvi a voz suave que me disse de um recomeço;
Diante de tantos que já passei na minha vida, me pergunto se está é minha sina, sempre ter que recomeçar;
Perdido, distante, triste e quase invisível, estou novamente na beira da estrada que me consome e que não some, só consome cada pedaço meu;
Não estou só porque tenho uma multidão comigo, mas envergonhado, porque tenho uma multidão comigo;

Caíram junto com as miçangas, minha dignidade, parte do meu coração;
Tenho medo de que caia também minha coragem e eu desista dessa emoção;
Já sem esperança do amor, se perder este pedaço de fé, o que será de mim?;
Se perder o que me resta, não me resta mais nada além de tentar recomeçar, de novo.

Se no que digo sou sincero, se busco sempre a razão, se repudio a mentira, como consigo ser tão distante da verdade em meu coração?
A razão insiste em seguir em frente, movendo a mente, tentando ser o que não é.
A emoção me mostra que tão distante está o meu coração, que o que amo jamais poderá ser o que se quer;
Se insistir no coração vou destruir a razão, me perder na solidão e esquecer todo caminho do meu ser.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração. 46 anos de idade, com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo.
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Devaneios pandêmicos

Já escrevo para o blog há um tempo, mas ultimamente ando meio sumida…

Minha cabeça anda a mil, meu corpo em velocidade negativa…pelo menos é assim que me sinto.

Todos os dias levanto com um monte de ideias, mas o foco, cadê?

Não é assim como se eu não estivesse sendo produtiva… faço todos meus deveres normalmente, não estou deixando de entregar nada daquilo que é necessário, mas é isso, o necessário e pronto.

Parece que entrei no modo sobrevivência e não consigo sair dele.

Está estranho, desconfortável e ao mesmo tempo como se não fosse eu… parece que estou vivendo num tempo apartado do tempo… Será que dá para entender?

Minhas emoções andam à flor da pele.

A paciência… ah, a paciência se esvaiu pelos dedos.

Ando travando uma guerra nem tão santa entre a vontade de tacar um foda-se e a consciência de que todos, ou quase, estão vivendo no limite e por tanto é necessário segurar minha onda.

Não sei você, caro leitor, mas tenho tido muito mais oscilações de humor que o normal… quero muito acreditar que vamos tirar uma lição disso tudo, mas no momento tá bem difícil.

O que me resta é viver um dia de cada vez na esperança que a tempestade que se fez dentro de mim passe e dê lugar a um belo arco-íris.

Adriana Rebouças – Bela Urbana, formada em Publicidade. Cursou gastronomia no IGA – São José dos Campos. Publicitária de formação e Chef por paixão. Sócia do restaurante EnRaizAr em São José do Campos – SP.

Foto Adriana: Taine Cardoso Fotografia
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ANIVERSÁRIO

Encarei o calendário. Ele me olhou de volta. 12 de março. É só mais um dia, nada mudou de ontem para hoje, mas não me sinto feliz. E algo me diz que a culpa é dele. Não, hoje não é uma data feliz. Vou te contar que aniversário comemoramos hoje.

Doze meses atrás, eu fui mandada embora para casa. Posso me lembrar como se fosse ontem. A incerteza. A ansiedade. Na minha memória, uma névoa paira no ar, como em um sonho ruim em que não se deseja ver os detalhes, ou até em uma lembrança modificada, em que se colocou a névoa para que os piores detalhes não possam ser recordados. Me vejo olhando para a tela do meu celular, como provavelmente já havia feito centenas de vezes naquele dia, talvez milhares. Era uma sexta-feira e eu queria que o tempo passasse. Como eu me arrependo disso! Como podia querer que aquela magia se apressasse! Aquela magia da vida! De ver e tocar os amigos. Principalmente, de não sentir medo. De não usar essa droga de máscara. De chegar perto, de rir na cara um do outro. De andar por aquele campus maravilhoso. Comer o almoço na rua.

Era um dia feliz, tão lindo, parecia que toda a natureza sabia que seria o último, estava se despedindo de nós. Só a gente não sabia. Quem será que esqueceu de nos contar? Por que não nos mandaram aproveitar mais? O que custava nos dizer: “Não se preocupem, só por hoje. Sejam crianças e brinquem na rua. Matem aula! Ou vão para a sala, e aproveitem até o último segundo. Perguntem tudo o que puderem ao professor de vocês! Esgotem-no! Não será o mesmo por muito tempo. Abracem os amigos! Toquem em tudo o que puderem, sem medo. Tirem fotos em suas mentes de cada canto que puderem salvar. Guardem, nessas imagens, as pessoas também. Demorará tanto para esses corredores serem alegres de novo! Dividam os lanches! Beijem na boca! Vocês são tão jovens, pelo amor de Deus! Vocês não merecem nada menos do que isso, todos os dias! Respirem o ar, profundamente. Mesmo com o suor, a aglomeração. Principalmente com suor e aglomeração. Aproveitem o barulho. Não sofram. A vida já vai doer demais daqui para a frente. Deixem isso de lado, só por hoje. Finjam que nada importa. Como se o futuro não fosse ser”. Porque, até aquele momento, ele realmente ainda não havia sido.

Ainda ecoa a voz do meu professor perguntando se todos haviam visto suas caixas de correio eletrônico, dizendo que seria o último dia de aulas. Pensávamos que seria por 2 semanas, no máximo! Na realidade, tínhamos certeza disso. Olha aí você de novo, calendário! Por que nos enganou tão descaradamente?! Nem estávamos tão tristes quanto deveríamos. Talvez tenha sido até para melhor. De qualquer maneira, com certeza nunca me esquecerei do que esse professor disse a seguir: “Bem, vou dispensar vocês. Não há por que ter mais 2 horas de aula para não voltar mais pelas 2 próximas semanas”. Que erro fatal! Que tristeza pensar nisso agora! Se eu pudesse ter aproveitado mais 2 horas de liberdade… 2 segundos até… o que eu não daria! O que não daria para olhar para esse maldito calendário e constatar que tempo algum se passou! Eu faria qualquer coisa, nesse ponto, para viver mais um pouco antes de tudo que veio. Antes de me arrepender de tudo que poderia ter aproveitado mais.

Fomos todos embora, fazer o que. Pelo menos, ainda fomos juntos. Rostos livres. Levemente sorridentes com empolgação por parecer que fazíamos parte de um filme ou um livro que apenas se lê e imagina, já que nunca se pensa que se poderia viver algo remotamente parecido. Felizes como adolescentes que tiveram luz verde para matar aula. Por que eu queria estar longe daquele lugar, hoje não posso explicar.

Ele estava correto, é claro. Não fazia sentido esperar mais, aglomerados ainda. Nem se tinha álcool gel para passar incessantemente nas mãos, como se faz hoje em dia. Não é como se o vírus fosse nos dar um tempo para ir para casa em segurança mais tarde. Ou como se fosse acordar apenas no sábado, permitindo que aproveitássemos a sexta. Não sabia e nem acreditaria se me contassem, naquele dia, que não veria aquelas pessoas ou aquele lugar de novo nem 365 dias depois. Mesmo que eu vá lá, não é o mesmo lugar. Um lugar só é tão bom quanto as pessoas que o frequentam. E agora, vendo aquela faculdade fantasma, cheia de vazio, apenas preenchida por ecos do passado, meu coração dói. Não é o mesmo lugar. E não será por muito tempo.

E a culpa é toda sua. Por que diabos nos foi dada a opção de escolher onde nos encontramos, mas não quando? Todos os lugares hoje são ruins, mas esse lugar um ano atrás era feliz. Era bom. É tudo o que posso pedir agora. Se eu não pudesse voltar para aquele dia, eu iria para o dia 12 de março de 2022. Quem sabe ele não é melhor? Ou pelo menos quem sabe não seja parecido com aquele dia de 2020, mas ainda mais mágico, porque dessa vez eu vou saber. Vou saber olhar. Vou saber guardar. Eu aprendi a minha lição, eu juro. Calendário, por favor. Por favor, pule para frente e me deixe aproveitar cada segundo, como deveria ter feito naquele dia.

Giulia Giacomello Pompilio – Bela Urbana, estudante de engenharia mecânica da UNICAMP, participa de grupos ativistas e feministas da faculdade, como o Engenheiras que Resistem. Fluente em 4 idiomas. Gosta de escrever poemas, contos e textos curtos, jogar tênis, aprender novos instrumentos e dançar sapateado. Foi premiada em olimpíadas e concursos nacionais e internacionais de matemática, programação, astronomia e física, além de ter um prêmio em uma simulação oficial da ONU
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A lição do feijão

As coisas do dia a dia estão sempre mudando, as vezes mudam gradualmente e mal percebemos, mas as vezes mudam de repente.

Nos dias de hoje, eu trabalho home office quase que totalmente, as exceções são quando participo de produções de filmes ou fotos, até as reuniões viraram virtuais.

Há quase um ano e meio assim, percebo que trabalho mais do que antes e que faço um esforço danado para não perder o foco do que estou fazendo, porque faço muitas funções ao mesmo tempo. Sempre fiz, mas agora além das do trabalho, faço funções da casa juntamente. Entre um texto, uma aprovação, a roupa para a máquina, o cachorro para passear, a arte para aprovar, o briefing para levantar, o vídeo para postar, o feijão para cozinhar…

E é justamente o feijão que hoje me deu um presta atenção. Quase coloquei fogo no meu apartamento. Deixei três panelas cozinhando, uma delas, a panela de pressão com o feijão. Eu trabalho na sala de jantar e comecei a sentir um cheiro de queimado, na hora senti o cheiro e fiquei com raiva de mim que foquei nos afazeres do trabalho. Pensei que deixei o feijão queimar, mas quando chego na cozinha é um pano de prato que está em chamas. Joguei água correndo apaguei o fogo, mas o pano se foi por inteiro, mais um pouco e começaria um incêndio, até um pedaço do fogão pegou fogo.

Essa mania que nós mulheres temos de fazer várias coisas ao mesmo tempo… primeiramente eu sentia orgulho, é uma boa capacidade, mas será que é mesmo? Hoje muitas vezes me pego assistindo séries e fazendo coisas mais burocráticas de trabalho ao mesmo tempo. Hoje mesmo fiz isso vendo um documentário que um amigo me indicou ontem e me disse que eu choraria muito no final. Não chorei, mas acho que não chorei (sou emotiva vendo filmes, séries e documentários), mas acho que não chorei porque não estava ali por inteiro, vou até assistir de novo, só olhando para a tela e nada mais.

Semana passada viajei, quatro deliciosos dias em Minas, em Gonçalves com a família, sem muita conexão com a internet, mas conectada com a natureza, com novos lugares, com o campo. Viajar é preciso, desacelerar pode ser o recurso que precisamos para focar de fato e ser mais produtiva e assertiva. Fazer tudo ao mesmo tempo sem perceber gera uma ansiedade enorme. Tenho conversado com muitos amigos nessa mesma condição de ansiedade, mas não conseguia ter clareza de onde estava vindo isso, mas hoje, o feijão me deu a lição.

Por sinal ele ficou saboroso e delicioso e graças a Deus e ao meu anjo da guarda, foi só o pano de prato que virou cinzas. O que tenho que aprender com tudo isso? Que posso ser mais cuidadosa comigo mesmo fazendo uma coisa por vez e que não sou nenhuma mulher maravilha e nem a Oma (entendedores entenderão).

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa. 
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O dia da verdadeira vacina

Anteciparam! É, anteciparam!! E eu esperei muito esse dia, sabe? Porque fazem meses que a minha vida e a de muitos brasileiros está em suspenso, sem muita expectativa e, a vacina contra a Covid19 é um sopro de esperança para que menos mortes ocorram e a vida de quem sobrevive possa tomar algum rumo.

E minha primeira dose aconteceu no mesmo dia da segunda dose da minha mãe. Por coincidência, tomamos no mesmo posto de saúde em que sempre tomei minhas vacinas quando criança, levado por ela. E percebi um fenômeno interessante nesse dia.

Como estamos sendo vacinados pela escala da idade, somado ao fato de estar no posto em que ia quando era criança, pude encontra pessoas que, com a mesma idade que eu, talvez tenham sido vacinados nas mesmas campanhas de outrora, porém, com um espírito bem distinto. Naquele tempo, fugíamos da agulha. Hoje, abraçamos a tão temida injeção.

E o mais engraçado é poder sentir o clima no posto. Com certo esforço de distanciamento, buscando evitar que o viés de confirmação tomasse de assalto minha percepção, pude perceber que as pessoas ali estavam num clima de certa esperança. Como se, após esse dia, a vida passasse a ter mais domínio, tranquilidade e rumo. Esse clima foi uma vacina a mais, uma vacina verdadeira para seguir a vida de forma plena, dando rumo a tudo que está errado ao nosso redor.

Rumo é o que precisamos. Pense, você liga o noticiário e, ou há um clima entorpecido de que tudo está sob controle de quem governa, ou um clima lúgubre de que nada está sob controle. Não há uma visão ponderada que ultrapasse um palmo de nossa própria mão, o que é pouco num mundo tão complexo e conectado.

Passei meses com um sentimento de incerteza paralisante. Por mais que nada de mal tenha acontecido nesse meio tempo, o sentimento é que, a qualquer momento, alguma coisa ruim poderia acontecer. De repente, um simples gesto de cuidado, dado por um agente de saúde do SUS me trouxe uma inversão de polo. Alias, a notícia do dia exato em que essa vacina chegaria a mim pode me dar a expectativa de um tempo de esperança.

Infelizmente, não posso descuidar do resto. Ainda tenho a máscara no rosto, ainda tenho trabalho remoto, ainda tenho a empresa sugando meu lar, meus recursos e espaço pessoal e os parâmetros do que é trabalho e do que é descanso. São outras lutas, como a de querer um estado justo, bem governado e um povo unido. E lutar por tudo isso com a expectativa de que tenho chances de viver com mais saúde, é muito mais fortalecedor.

Certa vez, ouvi uma história de que um rabino americano havia pedido U$ 10.000 para fazer uma palestra. Os organizadores estranharam a exigência, mas conseguiram a verba. Ao final de sua fala, o rabino devolveu o dinheiro dizendo algo como: “Um homem com dez mil dólares no bolso faz qualquer trabalho com muito mais segurança, peguem de volta, pois o dinheiro já me serviu para o que ele se presta”.

Alguém sem recursos sente medo e não desempenha. Pense em um povo sofrendo sem dinheiro e sem saber se vai sobreviver a uma doença invisível e com pouca informação clara de como evitar? Agora pense nesse medo instrumentalizado pela política e pelos políticos eleitos? Pense como seria bom nos libertarmos dessa realidade? Essa é uma outra luta.

Meu salário diminuiu. Meus bens foram vendidos para pagar contas e minha saúde ficou à mercê das fake News. Nunca senti tanta insegurança na vida quanto nesses tempos pandêmicos. Mas de fato, essa vacina foi como ter U$ 10.000 no bolso para dar uma palestra gratuita. Me deu segurança para agir.

A luta agora é que todos tenham seus “U$ 10.000” metafóricos de saúde, de segurança alimentar, de educação, de esperança e de união. E essa luta deve ser encampada por todos que, com sabedoria, fogem das lógicas dos algoritmos e se conectam a sua realidade verdadeira, à realidade dos que estão ao redor e que abandona o entretenimento baseado no ódio ao outro, para adotar o amor ao próximo como ferramenta de transformação nos pequenos atos do dia.

Se Deus preferiu estar no meio de nós ao invés de estar acima de todos, é porque somos muito mais interessantes do que dois polos políticos podem narrar. Então ame, pois foi a única coisa que Ele pediu de fato. Amemos, no axé e no namastê que cremos e pudermos executar de forma compartilhada, indiscriminada, para que possamos alcançar o bem coletivo. Essa cura é a verdadeira do país.

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.
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Conselhos da Madame Zoraide – 25 – Pasta de dente

Olá Consulentes!

Tenho um caso de amor com minha pasta de dente, é um amor efêmero, mas verdadeiro nos nossos momentos. Quero falar para vocês sobre esse amor.

Seu conteúdo me faz bem, uso e abuso. Não, abuso é brincadeira. Uso nos momentos certos, mas esse usar é uma troca, afinal a pasta é feita para ser usada. Seu gosto tem que ser gostoso, afinal, sem querer posso engolir, ulalá.

Não ligo como aperto seu conteúdo. Tem gente que fica totalmente irritada a essa questão. Eu não ligo, aperto sem pensar e me delício. Sem preconceitos e sem problemas. Criar problemas por causa da embalagem da pasta de dente é o Ó. Pare de criar problemas onde não existem. Terapia já se esse é seu caso.

Quando a pasta termina, agradeço nossas trocas, ela deu o seu melhor e eu aproveitei como tinha que ser. Depois coloco sua embalagem para reciclagem… agora se será mesmo reciclada eu não sei dizer, mas faço minha parte.

Depois, compro outra, nem sempre do mesma marca ou sabor, mas tenho minha preferida, porém para valorizá-lá prefiro ir alternando para a saudades se fazer presente.

Vocês não entenderam como isso é um caso de amor?

Me poupem Consulentes, as vezes vocês são difíceis demais… façam então o seguinte, passem um dia inteiro sem usar uma pasta de dente, só um diazinho e depois me digam.

Até a próxima, com os dentes escovadinhos…. e amando, é claro 😉

Madame Zoraide – Bela Urbana, nascida no início da década de 80, vinda de Vênus. Começou  atendendo pelo telefone, atingiu o sucesso absoluto, mas foi reprimida por forças maiores, tempos depois começou a fazer mapas astrais e estudar signos e numerologias, sempre soube tudo do presente, do passado, do futuro e dos cantos de qualquer lugar. É irônica, é sabida e é loira. Seu slogan é: ” Madame Zoraide sabe tudo”. Atende pela sua página no facebook @madamezoraide. Se é um personagem? Só a criadora sabe 

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Olá meu amor, tudo bem?

Você já parou pra conversar com você hoje?

Bem, se não, tire um momento para isso!

Já parou para pensar em ti alguns anos atrás? Os seus sonhos, seus anseios?

Reparou que você se tornou aquilo que queria, ou a vida te levou algum outro lugar?

Não ganhamos manual de instrução para ser adulto, mas tua criança interior está contente com o adulto de hoje? Você já abraçou essa criança e permitiu que ela sorrisse? Ou chorasse mesmo?

Talvez não nos damos conta de quanto somos fascinantes, pois estamos tão preocupados vivendo nossas vidas que não acreditamos na capacidade que temos.

Se você também se sente assim, pare, pense um pouco, você é incrível só por estar vivo nesse 2021, não se cobre tanto, permita-se, porque no fim é só o que importa.

E aí você é feliz?

Ana Luíza Machado – Bela Urbana. Designer de formação, criativa na alma, guiada pela alegria, cidadã de mundo bonito.
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Últimos Tempos

Passei os últimos tempos, dito aqui como “últimos” propositadamente, dedicado tão somente às coisas. Prateleiras novas para grãos que sempre adio com delivery e autossabotagem, cafeteiras novas para aquele café que nem amo, quadros novos emoldurando antigas lembranças, e muitas mudanças embaladas pelo som do interfone. Andei assim, sem sair do lugar. Reparando o terraço para visitas que não chamo, em vez de reparar em mim e nas saudades que aqui residem comigo… Fui esse desvio todo. Alimentando o cachorro com ainda mais brinquedos e um amor culpado, recentemente invocado na terapia, sem que eu entendesse a urgência de também me alimentar, junto, de amor próprio um tanto esvaziado… Deixei me deixar de lado. Abastecendo os vazios pela casa na mira do lar que nem sei ainda qual é, e que talvez já até pudesse ser, meu, perfeito, se meus olhos se permitissem buscar contato com meus desejos tão negligenciados pelo hábito. Desconexão voluntária, acho. Das defesas que a gente arma sem nem perceber. Fato é que segui assim, fugindo dos confrontos com a dureza do espelho, enquanto recauchutava o que via pela frente de material, com a eterealidade suspensa nessa clara fuga suspeita. Hoje clara, digo. Vista. Deflagrada. Mas chega de fingir e fugir, é hora de realmente dar sentido às mudanças. De sentir as mudanças… Abandonar os “últimos” tempos, em que eu não me dava voz nem vez, e abraçar meus defeitos. Dizer meus nãos, desagradar se for o caso, mas me escolher dessa vez. Se não houver o sorriso perfeito, equilibrado na boca e no peito, vou sem ele mesmo, mas vou. A casa tá direita.. As culpas assumiram o foco da reforma. E talvez eu até me faça um café. No espelho, dado a cruas reflexões, finalmente consigo ver esse outro cara.. Acho até que temos, nessa nova dedicação, boas chances de gostar do que vamos ver daqui pra frente.
Novos tempos aí vou eu.

Bernardo Fernandes – Belo Urbano. Um gêmio canceriano, e um ingênuo de 35 anos, nesse contínuo processo insano de se descobrir. Achou na Comunicação uma paixão e uma labuta, e vive nessa luta de existir além do resistir, fazendo diferente e diferença… Ser feliz de propósito, sabe? Sem se distrair desse propósito. E vai assim, escrevendo o que a alma escolhe dizer, tocando o que a viola resolve contar, fazendo festas com cachorros e amigos perdidos, e brincando de volei, de pique, e de ser feliz na aventura da sua viagem. Vai uma carona?