Posted on Leave a comment

Capa de proteção

– Meu pai é o homem mais forte do mundo?

Na minha cabeça eu já tinha a resposta e era SIM, mas a resposta que veio foi NÃO. Inconformada voltei com outra pergunta: – E como ele vai nos proteger dos ladrões?

Não me lembro com exatidão da resposta, mas lembro que minha mãe me disse que não era para eu me preocupar, mas a pequena Adriana, na sua primeira infância, já era alguém preocupada. Preocupações exageradas para uma menininha, mas cada um é o que é desde sempre.

E somos, todos nós, uma construção de todos que vieram antes de nós, de todos que conviveram conosco, de tudo que vimos, sentimos, vivemos e percebemos… assim somos feitos.

Meu pai tem um grande papel na pessoa que sou, além da parte genética, sempre me disseram que sou a cara dele, o que me gerava muito choro, porque eu achava que me achavam “cara de homem”, eu chorava e rebatia que eu era a cara da minha mãe.

Tenho lembranças muito doces, outras engraçadas, outras tristes, outras alegres. Lembranças com todos os sentimentos do mundo. Tenho certeza que fez o seu melhor como meu pai.

Quando ele ficou doente, teve um câncer muito agressivo e já sem cura quando descobrimos, foram três doloridos meses. Algumas pessoas me falavam que era um tempo para se despedir… sinceramente que bobagem falar isso para alguém que está com o pai visivelmente morrendo… não existem palavras para se dizer nessa hora, é só viver e sem pensar que é uma despedida, mesmo sabendo que é.

Meu pai morreu em casa, na frente de sua família, já não falava nas últimas semanas e nem se comunicava de outras formas. Um pouco antes dele morrer, eu estava com ele sozinha no seu quarto e naquele momento eu contei algo que nunca tinha dito e que até hoje guardo no meu coração. Contei que amava quando era pequena e ele me fazia dormir no sofá da sala, depois do almoço, antes de voltar para o trabalho. Eu acho que ele ouviu e me entendeu.

Ali eu me sentia protegida e amada. Essa sensação é uma capa de proteção que levo comigo. Uma lembrança linda…. de todas, é a minha preferida. E ter dito, foi um dos momentos mais especiais da minha vida.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa. 

Posted on Leave a comment

Os nossos super-heróis

Ontem, fui.

Amanhã, serei.

Mas quem eu sou?

Bom…. essa é a grande pergunta, aquele tipo que é impossível de responder, mas um bom lugar para começar é refletirmos em “como me tornei quem eu sou?” e assim entendendo a vida que vivemos até chegar aqui.

Nas amizades que formamos.

Nas escolhas que tomamos.

E acima de tudo, nas pessoas que estiveram do nosso lado desde o começo.

Nossos pais.

O ser extraordinário e único que nos esculpiu. Que nos dá a mão quando caímos e nos ensina a viver, amar, sonhar e acima de tudo a entender o mundo em nossa volta e tomar as escolhas certas no caminho duro e belo que é a vida.

É ele que nos vê nos altos e baixos, nas frustrações e satisfações, nas conquistas e derrotas.

Quando eu era menor, sempre pensava no meu pai como o melhor do mundo, o inalcançável e inatingível. Mas ao crescer, entendi que as coisas não são tão preto e branco como pareciam.

Agora eu percebi que quem eu via como super-humano é na verdade só humano, que acerta e erra, assim aprendendo com os erros. Mas o maior super poder do mundo não é estar acima nunca errando, mas sim ao lado, apoiando quando puder, corrigindo quando necessário e ajudando no possível e impossível. Nunca desistindo de você, mesmo quando até você desiste de si próprio. Isso sim é o o que faz pai ser pai.

Aquele que atende e ensina. E mesmo depois das brigas, das discussões, aceita as desculpas, as diferenças e singularidades e aceita enfrentar o mundo por você, com você.

O dia dos pais, não é um dia para um único tipo de pai, mas sim para todos que batalham duro para dar um futuro as suas crianças, os que estão ao lado, os que partiram, as mães que são pais, os pais que são mães pois todos nos fizeram ser como nós somos.

Assim eu respondo minha pergunta, descobrindo que eu me tornei quem sou pelo meu pai que me ensinou a me aceitar e aceitar o próximo, a expressar minhas ideias e a traçar meu próprio caminho para o destino de um sonho grande que é viver a vida!

Karen Rosas – Bela Urbana, garota estudante do ensino médio, 15 anos, simpática e curiosa, que adora uma boa discussão, expressar suas ideias e se envolver com o mundo e sua sociedade. Ama uma boa competição e jogar videogame, mas além de tudo cuidar de quem ama.
Posted on Leave a comment

Vejo muito de você em mim

Sobre as letras e os Livros, sobre a religião com uma forma muito peculiar de ser;
Nunca fomos muito amigos, tivemos nossas dificuldades em nos entender;
Mas quando olho no espelho, vejo muito de você em mim;
Talvez isso me alegre, afinal, será que aprendi alguma coisa?

São frequentes os críticos pensamentos para com você;
Em muitos momentos, entendi que talvez fosse melhor não ter;
Mas pensamentos não são definidos por nós, eles tendem a acontecer;
São muitas recordações, algumas boas outras ruins, complicado de se escolher;

Sempre vi você ali, talvez mais perto ou mais longe do que queria;
Estava lá, com Livros e Religião, um distúrbio, uma criança tentando acertar;
Nunca ri direito das suas piadas, nunca conseguimos harmonizar nossas conversas;
Ou eu me adequo, ou tudo se encerra.

Mas de um tempo para cá algo mudou, senti uma certa necessidade de me aproximar;
De ser um pouco mais tolerante, de talvez o aceitar ou me aceitar;
Ainda não somos melhores amigos, mas ainda acredito que isso irá mudar;
Já olho para você com outros olhos, sem me preocupar em enfrentar;

O tempo passou e me pego nos livros que vi você ler;
Nossas religiões são diferentes, mas da para comparar;
Somos mesmo pai e filho, isso não dá para negar;
Talvez um pouco na aparência ou na forma de falar;

Em fim, esta chegando o seu dia, dia de comemorar, dia dos pais, dia para se pensar;
Espero neste tempo de vida, que passei ao seu lado a caminhar, que tenha sentido orgulho de mim, isso faria eu me orgulhar;
Sei que não fui o melhor filho, mas nunca tentei me afastar;
Se brigamos algumas vezes, é porque sempre estou a me importar;

Pai espero que desculpe a minha forma grosseira de falar;
Te amo e desejo um lindo dia, destes para se lembrar;
Feliz dia dos pais meu velho, meu companheiro;
Espero ter conseguido te Honrar.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração. 46 anos de idade, com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo.
Posted on Leave a comment

ERA UMA VEZ MEU PAI…

Uma história passa a ser um conto, quando se encontra repleta de causos constantes na vida de uma família, seja ela de qualquer tempo de vida.
Quando nascemos, já viramos a história da família que nos comporta. Então, lá vamos nós como uma máquina agindo naquele tempo.
Tempo leia-se Vida!
Meu pai João Firmino Neves nasceu em 1901, em 19 de outubro… e viajou para a Lua, assim como disse para a querida vizinha Clementina, antes de seu falecimento, de que só morreria pós a Chegada do Homem na Lua (acontecida em 20 julho 1969) … E meu pai, viu o Homem pisar na Lua… e no dia seguinte 21 julho 1969, faleceu! A conversa com Deus, foi positiva!
E a amiga dona Clementina, avó de minha afilhada Paulinha nos contou a prosa dele com ela no dia anterior. Um “causo” assim o declamo, esses causos ficam para um sempre!
Lembranças de meu Herói João Neves, assim foi conhecido…
Foi durante muitos anos Caminhoneiro, Benzedor/Rezador, Policial Civil (Investigador 1ªDelegacia Campinas/SP/Brasil).

CURIOSIDADES:
EDUCAÇÃO E CULTURA
Poliglota na percepção do entender e da fala – Inglês, francês, japonês, italiano, espanhol, um pouco de alemão e árabe, e o que mais orgulho tinha um PORTUGUÊS impecável.
Como? Sentia pela Vida o maior enlaço, e ele abraçava os seus AGORAS, e sempre dizia, que o aprender Joaninha (apelido carinhoso que ele me deu) só tem lógica, quando somos capacitados para vivenciá-la. E sendo meu Pai um Caminhoneiro viajou o Brasil todo, e foi aprendendo a se comunicar com as pessoas que tinha contato, para se entender e ser entendido. Eu o considerava um ABUSO! Ele se lambuzava em suas estradas pessoais e interpessoais! Gostava muito de ler… e me estimulava demais à leitura, e a compreensão de metáforas! Estudava muito sobre o Comportamento dos seres vivos, o que ajudou muito a ser um Investigador de Excelência.

AMIZADES

Foi muito querido pelas crianças e adultos, vizinhos ou não, e sempre era uma festa encontrá-lo!
Como fui filha única, meu pai abriu a nossa casa para primos e primas de longe, afim de morar em casa, para fazer-me companhia tendo uma vivência normal de estudo.
A Joaninha não podia crescer sem ter ninguém ao lado… Ele proferia:
– Nenhum homem é uma ilha.
Para ele meu pai, o mimo fazia mal e solidão também.
Ele tinha tantos amigos, que nem que pensem como isso se dava, não entenderão… As noites de final de semana, na casa da Vila Nova/Rua Carolina Florence/ o caminho para Barão Geraldo, nós éramos embalados pelo som de Guarânias, Amigos paraguaios, que até o instrumento Harpa levavam… Não jogávamos água não… saíamos de dentro da casa e ficávamos no jardim (Guarânia é um estilo musical de origem paraguaia, em andamento lento, geralmente em tom menor. Foi criada em Assunção pelo músico José Asunción Flores, em 1925).

SENSIBILIDADE E PERCEPÇÃO
De notável diferença a sua percepção da vida, dentro de si mesmo e ao arredor. Me confiava de que um Ser Humano precisa se acertar, antes de proclamar ser o Mestre Salvador da Pátria!
Me treinava com seu olhar, e podem começar a dar risada, eu sou ele…
Um adendo:
A minha mãe toda social, tímida, preocupada com o que somos e o que vêm, ficava uma fera quando saíamos juntos… Pois, eu e meu pai ríamos alto e sem parar, diante de qualquer coisinha, mesmo nossas, aliás eu aprendi com ele a rir de mim. A maior herança que me deixou foi o BOM HUMOR!
Ele amava carros antigos, quando faleceu tínhamos um modelo Oldsmobile (Oldsmobile foi uma marca de veículos descontinuada pela General Motors em 2004).
Ele usava chapéu “Panamá” e ternos de linho, gravatas e sapatos notadamente engraxados, pelos engraxates da cidade.
Ele nos levava, eu e mamãe ao Restaurante Rosário, toda semana.
E toda semana, eu e minha mãe esperávamos a sua volta do trabalho, que era árduo como Investigador da Polícia Civil, com sanduiches dos bares Giovannetti ou do Eden Bar.
Ele me presenteou com o Livro O Diário de Anne Frank/1958 quando me formei no primário e tinha 09 anos, para que eu conhecesse o’utro lado do meu mundo!
Vocês entendem o valor disso na educação?
Um detalhe, aos meus 06 anos de idade estava no primeiro ano do grupo escolar “Dona Castorina Cavalheiro” (morava na Rua Barata Ribeiro) quando a Diretora chamou meus pais logo na segunda semana de aulas.
Foi um ohhhhh!
Em casa, e meu pai disse:
-Joaninha o que está acontecendo?
E lá foram conversar, e eles ficaram exultantes, a filha pequenina deles, estava atrapalhando a sala, já estava alfabetizada, e não poderia ficar mais na sala. Meu pai teve um infarto…
Mentira… Estavam lá para credibilizar a minha ida direta ao segundo ano!
Meu pai disse, ao sairmos para a minha mãe:
-Zilda, não estamos errando.
Uma das metáforas mais importantes que ele me ensinou:
Joaninha, a Oportunidade só tem cabelo na frente, atrás ela é careca!
Nunca duvidei disso, pois hoje aos 7.3 anos de vivências, sei e sou muito ainda de meu Pai João Neves.
Viveu durante quase 68 anos… nasceu em 1901/outubro/19 e faleceu 1969/julho/21.
Eu tinha 21 anos de idade!
E EU ESTOU FELIZ PARA SEMPRE!
FIM

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
Posted on Leave a comment

Ser pai

Sempre ouvi durante minha vida, que ser pai era uma experiência transformadora, única e que a vida nunca mais seria a mesma. Todas essas palavras ao invés de me incentivar, acabaram me assustando.

Não queria toda essa responsabilidade nos meus ombros. Seria uma vida dependendo totalmente de mim. Queria viajar, sair, me divertir e não abrir mão da minha liberdade. E fiz isso. Viajei muito, aproveitei bastante os eventos, shows, festas e me diverti como nunca.

Então a pandemia chegou e nos deixou presos. Tivemos prioridades mudadas, insegurança sendo geradas e incertezas sobre o que aconteceria. Um momento que tirei para reflexões e uma delas foi sobre a paternidade. Apesar de toda a vontade de não perder minha liberdade, eu tinha curiosidade de saber como seria ter um filho nos meus braços. Eu amava estar com meus sobrinhos, brincar com eles, cuidar deles, por que seria diferente com um filho? Resolvi encarar o desafio.

Me preparei psicologicamente durante a gestação, busquei informações, curti a gravidez ao máximo e no dia do nascimento, dentro daquela sala de parto, algo mágico aconteceu. Um serzinho, com pouco mais de 45 centímetros, virou meu mundo de cabeça para baixo. Eu chorava junto com ele. Foi algo surreal. Senti uma conexão imediata com meu filho. Cortei umbigo, levei para pesar, fiquei com a marca do pé dele no meu braço, observei os exames e o trouxe para mamar pela primeira vez.

Hoje com 3 meses, participo de praticamente tudo no seu dia a dia. Vibro com cada som emitido quando converso com ele. Quase choro com cada sorriso e me apaixono cada vez mais quando ele me olha. Não imagino minha vida sem meu filho e não quero nada diferente para mim.

Bem, acho que hoje posso dizer que amo ser pai! Papai te ama, Benjamin. 

Rodrigo Gianni – Belo urbano, webdesigner e empreendedor. Viciado em videogame, jogos de tabuleiro, no Flamengo e na Disney. Pai do Benjamin, marido da Naila e dono do Bruce e do Bart.
Posted on Leave a comment

MEU PAI

Não posso dizer nada diferente do que se resume meu pai: AMOR, com tudo que de verdade isso significa, na sua amplitude, além de lhe atribuir todos os adjetivos incríveis que um ser humano pode carregar.

Quanto a nós…

Nossos momentos são únicos, nosso amor é só nosso, e até o nosso silêncio se completa. E assim seguimos, juntos, do nosso jeito, tomando nosso café da tarde, assistindo um filme, lendo um bom livro, trocando informações, conhecimentos, aprendizagens. Eu o levo ao médico, depois é a vez dele me levar; na cozinha, que ele comanda como ninguém, fico só admirando sua sagacidade ao elaborar alguma nova receita; nas obras aqui em casa, sempre juntos nos aventurando; em Assis e Alfenas, e outros tantos lugares, quantos momentos especiais!

O cuidado que sempre teve comigo é ímpar, e espero estar retribuindo da melhor maneira, mas acredito que temos essa troca, e quero seguir assim, de mãos dadas, com essa energia e força.

E ainda dizem que somos parecidos… Ah, que honra!

E quando imaginei ter desfrutado totalmente desse amor, especial em sua essência, eis que ele transbordou, e meu pai se tornou o melhor avô, provando ser capaz de ir além em sua entrega. Como é lindo vê-lo exercer esse papel!

O tempo passa e a gratidão é o que habita em mim numa crescente, por tê-lo junto comigo, com a nossa família, e ser esse exemplo de dignidade, honestidade, altruísmo, amor…

Que orgulho poder chamá-lo de MEU PAI!

Simara Bussiol Manfrinatti Bittar – Bela Urbana, pedagoga, revisora, escritora e conselheira de direitos humanos. Ama o universo da leitura e escrita. Comida japonesa faz parte dos seus melhores momentos gastronômicos. Aventuras nas alturas são as suas preferidas, mas o melhor são as boas risadas com os filhos, família e amigos.
Posted on Leave a comment

Dia da Visita

Eu vou louvar a vida de meu pai,
Numa canção assim bonita,
E tenho certeza que ela vai,
Trazer ao mundo mais amor.

Quando teve terra, era roceiro.
Foi jardineiro, beato e pedreiro
Ele já foi gerente sábio, padeiro,
Balconista, caixa e cacheiro.

Já alugou casa, vendeu carro,
Vendia Dollar, se virou investidor.
Patrão ou empregado assalariado,
Sem passar, fome sempre trabalhou.

Foi Motorista, camelô
Faxineiro e doutor
E agora aos setenta
Aposenta, por favor!

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.