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Aquele buraco… um relato real

Eu me calei por quase 1 dia inteiro, não poderia acreditar no que estava acontecendo, tinha chegado no limite de não ser mais necessário.
Olhei para cocaína que estava na minha mão, quase 50 gramas, lembrei das lágrimas da minha mãe, a única que se importava, respirei fundo e tomei a decisão.
Já não tinha mais nenhum sentido eu continuar vivo, todos os que estavam ao meu redor só olhavam para mim e viam problemas, eu só olhava para mim e via problemas.
Não conseguia, de forma nenhuma entender como alguém só conseguia errar, tudo estava em destroços pelo chão, minha vida, minhas esperanças, meus amores, era um espectro social.

Me lembrei claramente do Devair, que havia há poucos dias, dado um tiro na própria cabeça, ele já era passado, as pessoas foram ao velório dele, se reuniram e falaram que ele era um rapaz legal, mas no meu velório, com certeza não iriam, fazer o que no velório alguém com tão pouca expressão.
Tinha nesta época, uma paixão, risos, tive muitas durante a minha vida, mas neste momento parecia muito mais forte, ela parecia, por algum motivo que não consigo explicar, ela parecia mesmo me ver.
Sentei na calçada com ela, Cibele, olhos claros, um sorriso meigo, cabelos encaracolados, dourados que refletiam a armação do óculos dela, dentes completamente perfeitos, um sorriso de parar coração de cardíaco, sentado com ela na calçada, ele me disse, não sei se por piedade ou carinho que havia esperança, que eu não deveria desistir de tudo.

Sorri para ela pelo canto da boca, e disse que era melhor não nos vermos mais, não a queria junto de alguém como eu, destrutivo, complicado, o pior que se pode ter.
Ainda com o pó no bolso, retornei para casa, andando e pensando como seria deixar todos para trás, encontrei, como que no filme alguns personagens no meio da rua, continuei caminhando e fui para casa, lá, sem ninguém ver, peguei o que precisava para fazer o que queria, fui me esconder em uma construção, aonde, novamente, cheirei sozinho toda aquela cocaína, mas não era bom em concluir tarefas, obviamente, não tive a overdose que queria e tive que encarar o mundo novamente, novamente invisível, novamente sozinho, novamente perdido.

Este relato é real, vivido por mim, cada detalhe, hoje, quase 30 anos depois, não uso mais drogas e tenho meu caminho muito bem definido, mas os pensamentos sobre suicídio eram muito comuns na minha cabeça, por varias e varias vezes senti que não era visto, não era escutado e não era percebido.

O suicida tem uma visão um pouco diferente das outras pessoas, ele sente uma solidão tamanha que não consegue controlar, e por isso, segue em direção a caminhos como as drogas, álcool ou o atentado a própria vida.

Existem muitos recursos para mudar isso, a religião, o estudo, o trabalho, mas ele não pode perceber isso sozinho, é muito importante estar atento as pessoas que estão ao seu redor, perceber se eles estão se sentindo parte das coisas, fazer com que elas sejam e estejam junto com as pessoas, mostrar para elas a importância da existência delas.

Depois de quase 3 décadas, 1 Graduação, 2 MBA’s, uma carreira sólida, percebo que ainda tenho muito a viver, que tenho muito a aprender, mas aquele buraco, que me consumia, ainda esta aqui, todo dia jogo terra nela, todo dia procuro novos motivos para viver.

Por isso, preste muita atenção nas pessoas que estão ao seu redor, elas precisam que vocês as vejam.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração. 46 anos de idade, com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo.
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“SOSetembro Amarelo”

O Amarelo supõe explosão de VIDA!

O Amarelo exalta o poder da LUZ!

O Amarelo revela a PROSPERIDADE!

“SOSetembro Amar (sem) elo”

O elo supõe engajar VIDAS!

O elo exalta o poder da UNIÃO!

O elo revela uma SOMATÓRIA!

Belas Urbanas um grupo tão engajado sobre o social, e um grande facilitador para ilustrar pensares sobre SERES VIVOS – HUMANOS- principalmente.

Sentir o Setembro iniciando seu #fluxo2021 e, nos programando para observar as “DÁLIAS” (expressão) conectadas com a simbologia da cor amarelo como SOSurgente.

Senti nesse iniciar de Setembrar 2021 logo pela manhã, o desenrolar de um ato contra a própria VIDA (leia-se SUICÍDIO)… Cruel demais e a primeira vista FORA do contexto. E quando essa VIDA está na ADOLESCÊNCIA, e você reconhece que como VIZINHA esteve mais de 45 anos vivendo e vibrando a plenitude da família crescendo em ELOS com a sua, é estarrecedor!

Senti com esse Setembrar a evasão de capítulos dessas “HISTÓRIAS” e, a invasão do THE END dessa mesma HISTÓRIA, que em segundos se torna um “CAUSO” contado em convívios fechados e ou abertos e, em becos nada programados.

Senti o Setembrar como um abscesso, que irá expurgar dentro da família conectada de forma visceral em ELOS quebrados, assim como os caquinhos de um espelho de cristal, ou o espalhar esmiuçado do idro Nadir Figueiredo.

Sentir o Setembrar como VIZINHA e AMIGA de longa data e, diante desse impensável EVENTO, fez-me pensar no tocante à EMPATIA na acepção literal da palavra, e sobretudo me colocar como a “MÃE” nessa situação horrorosa que nos dias desses “HOJEVIVENDIS” se reverbera e maltrata a SOCIEDADE como um todo.

Porém, sentir o Setembrar e me colocando nesse desmonte FAMILIAR à olho nu, NÃO consigo me alinhar no DENTRO dessa “MÃE” pois essa DOR é inatingível, inviolável e, eu só tenho força para dar-me ao RESPEITO, do VALOR da FÉ, COLO, OMBRO e, do SILÊNCIO!

“SOSetembro Amarelo”

A palavra é: OBSERVAR.

Mas, sem se deixar cair na frase:

HOJE É ASSIM.

Que eu Joana dArc Neves de Paula discordo literalmente em gênero, número e grau.

HOJE ESTÁ ASSIM.

Fico por aqui e completo:

“EU DEFENDO A CRIANÇA ATÉ O ÚLTIMO GOLE DE LEITE MATERNO”

(e não é loucura da 🐞)

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
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Setembro é Amarelo

Este é o mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Este mês deveria também ser o período de reflexão sobre os comportamentos que abreviam a vida de muitas pessoas. E algumas partidas poderiam ter sido evitadas, principalmente, se homens pudessem olhar um pouco mais para si e para os seus próximos. O amarelo é um sinal de atenção. Olhar com mais cuidado, mais profundo. O patriarcado vem impactando o número de suicídios masculinos porque causa uma cegueira emocional.

Se o suicídio é um assunto complexo, a construção da identidade masculina também acompanha esta mesma complexidade. O patriarcado cria um véu que encobre os sinais precoces de que alguma coisa não vai bem. Quando meu irmão mais novo, começou a dar os primeiros sinais, acreditava que ele iria superar, porque como homem, forte e saudável, como alguma coisa poderia abalar a sua vida.

Acostumado a suportar pressões, cobranças e pesos, homens não podem fraquejar ou desistir. Nunca e jamais iria pensar que o sofrimento interno pudesse ser tão escondido. Jovem com tantos privilégios, sucesso, e prestígio, dificilmente estava preparado para encarar que meu irmão estava em sofrimento. Homem não pode chorar. Não pode demonstrar sentimentos, não pode se aproximar porque o feminino significa fraqueza. Homens são treinados a praticar e sofrer assédios, domesticados a atacar e ser atacado, ferir e ser ferido. Enfim, a construção da masculinidade é a distorção do masculino, refletindo nos homens, comportamentos distorcidos, capaz de torná-los vítimas de si mesmo.

Se a pressão foi sobre ele, na verdade também a pressão foi sobre mim, por não ter entendido mais profundamente, como a banalização pode causar cegueiras e silêncios. Em uma sociedade patriarcal, costumamos seguir regras e comportamentos comuns a maioria dos homens. Esquecemos das individualidades, das subjetividades e infelizmente optamos por um comportamento de rebanho.

As masculinidades e suas relações tóxicas surgem dentro de uma descontinuidade. Dentro de uma ruptura com a realidade projetando como reais as ilusões assumidas na vida de cada homem. A descontinuidade é um processo de rompimento consigo e com os demais que estão a sua volta. Bloqueio de emoções e de palavras. Império tirânico do silêncio e do vazio preenchedor das necessidades masculinas. Meu irmão não tinha tempo para nada, mas eu também deixei de ter tempo para ele. Porque agendas não batiam. Compromissos disfarçados como fugas. A falta da vontade do encontro. Um hábito se torna uma regra de conduta, quando essa regra passa a ser seguida e obedecida cegamente. Sem questionamentos. É isso que as relações tóxicas fazem nas masculinidades. Assumimos um processo de generalização, de padronização e de naturalização. Ahhhh, homens são todos assim, calados, fechados e não se abrem com ninguém. É necessário vencer esta força com muito carinho e afeto. Gostar de si mesmo é o primeiro passo a aprender a ouvir a angústia do outro.

O alerta amarelo deve ser dados a todos os homens. Quebrar com o código das masculinidades tóxicas porque em seu ciclo vem aumentando a situação de suicídios. Quero deixar um claro aviso, que homens possam cuidar de si, que homens possam cuidar de outros homens, com exemplos de vida. A vida é muito mais forte que padrões que inibem os sentimentos. Acolher, escutar, abraçar pode fazer a diferença.

Aprender significa estar num fluxo contínuo de olhar a si mesmo para ver o outro. Porque aprender é um processo corretivo de nossas percepções. Aprender é possibilitar a continuidade da vida dentro de nossos corações.

Sergio Barbosa – Belo Urbano. Professor de Filosofia. Co fundador da Campanha Laco Branco. Gestor de projetos voltados para homens autores de violência contra a mulher. Pai de três pessoas maravilhosas. Adora plantas e verde.

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Depois de várias tentativas…

** Por favor, não leia isto se for sensível a tópicos fortes!**

Setembro é o mês de prevenção ao suicídio.

Isto é difícil de partilhar mas pensei nisso durante muito tempo e acredito que partilhar pode ajudar alguém na mesma situação que já estive.

Minha mãe sofria de depressão crônica por anos. Houve álcool e abuso de drogas, mas eles não foram o principal problema. Esta era uma forma de ela se automedicar para lidar com problemas muito mais profundos.

Isto foi difícil, muito difícil, quando adolescente não tinha como lidar com questões tão complexas. Meu conhecimento foi limitado e todas as minhas tentativas de ajudar falharam. É muito comum que pessoas que sofrem de depressão afastem a ajuda. O abuso de substâncias que às vezes vem com ela, torna-a ainda mais difícil à medida que o comportamento deles se torna mais bizarro à medida que a doença progride.

Depois de várias tentativas minha mãe tirou a própria vida com sucesso em 2012.

Só posso falar através da minha experiência… esta é a parte que não vejo muitas pessoas a falar…

Não sei como é estar cronicamente deprimido, mas sei como é estar próximo de alguém severamente deprimido e/ou que se suicidou.

Houve uma pressão enorme de todos para sermos responsáveis pela vida da minha mãe. Ouvi tantas vezes ′′ela é tua mãe e tu precisas de cuidar dela “. Pouco eles sabiam o fardo que era carregar tamanha responsabilidade quando eu mesma estava a tornar-me adulta.

Isso afeta-te massivamente, faz-te sentir sem esperança. Você está em constante estado de ansiedade e se preocupa com ′′quando eles vão tentar suicídio novamente “. Isso faz você se sentir muito culpado. Culpado por não poder ajudar, culpado porque quer ser feliz e viver a sua vida.

Não sei quem precisa ouvir isto, mas se vives numa situação parecida, a culpa não é tua! A depressão é uma doença muito complexa e grave, e requer profissionais altamente qualificados para ajudar.

Amo minha mãe e tudo que eu queria é que ela fosse feliz e saudável. Infelizmente não há nada que eu pudesse ter feito diferente para mudar o curso da vida da minha mãe. Demorei anos de terapia para perceber isto.

Então, isto é para qualquer pessoa numa situação semelhante há que eu já estive… a culpa não é tua, não podes curá-los e está tudo bem que sejas feliz! Você não precisa sacrificar sua felicidade, ela não mudará nada.

Conselho deste velho macaco…

′′Aceite o que é e deixe questões complexas aos especialistas e tente não julgar (se há uma coisa que eu teria feito de forma diferente seria esta).

Ps: Não há problema em se afastar quando a sua própria saúde mental está em risco.

Letícia Chebabi – Bela Urbana. Mora na Austrália – Gold Coast por 13 anos aonde se tornou cidadã. Junto com seu marido tem uma clínica de fisioterapia e trabalham juntos, ele como físio e ela na área da administração. Ama o que faz, principalmente a área de educação física e acredita que exercícios de força são essenciais para uma vida saudável. O primeiro filho Ethan está com 6 meses e traz infinita alegria.

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Onde tudo começou – Setembro Amarelo

O suicídio é um fenômeno complexo, multidimensionado, abarcando desde fatores genéticos hereditários, como vemos na Depressão Endógena, sendo que os acontecimentos proximais ao fato constituem o chamado gatilhos.

Atravès da etimologia da palavra podemos perceber o quanto nos mobiliza afetivamente. Sui em latim significa si mesmo, próprio, e Cidius propõe exterminar, extirpar.

A partir desta definição vemos, como pontua Aaron Beck, Pai da Terapia Cognitiva e precursor dos atuais Centros de Valorização as Vida, que o intuito do suicida é se desfazer de um sofrimento intenso e interminável, que ele cunhou com o termo Psychache, dor emocional.

O potencial suicida apresenta um estreitamento cognitivo que propicia o que denominamos de visão em túnel. Esta distorção cognitiva faz com que ele não perceba outras possibilidades de resolução do conflito, reforçando o pensamento dicotômico, também chamado Tudo ou Nada. Nos relacionamentos abusivos, tóxicos vemos esta dinâmica quando a parte preterida impõe como condição da manutenção da vida, o retorno do amado.

A inspiração para a Campanha Setembro Amarelo, exemplifica muito bem esta dinâmica. Em 1994, Nick Mene, então com 17 anos de idade se mata dentro de seu Mustang Amarelo que havia reformado, após uma desilusão amorosa. Os pais Dale e Dalare Mene, no dia de seu funeral, distribuem cartões orientando acerca do ocorrido e expressando suas angústias. Junto ao cartão constava uma fita amarela como reconhecimento pela paixão do filho.

As relatar sobre este fato não tem como não me lembrar sobre o suicídio anômico, definido por Emile Durkheim, em 1896, no livro Suicídio, um estudo Sociologico, obra fundadora da Sociologia. Nel Durkheim que a perda dos vínculos sociais, de não se sentir pertencente a um grupo, na medida que as referencias impostas pela Familia, Estado e Igreja perderam o sentido, com o advento da Revolução Industrial, há o surgimento de um sentimento de vacuidade, podendo constituir gatilho ao ato suicida.

Com base no exposto acima, somado a idiossincrasia, a individualidade, precisamos desenvolver políticas públicas que despertem e atualizem o potencial dos cidadãos contribuindo assim para uma sociedade mais humana e igualitária.

E no tocante ao processo suicida, precisamos estar atentos a maneira como a pessoa se comporta e organiza seu dia a dia.

Levando-se em consideração que mais de 90% dos casos seriam evitáveis e são frutos de transtornos mentais, abordá-los, encaminhando-os a serviços especializados, não somente os evitaria como os ajudaria a dar um sentido a sua existência.

Assim, ao percebermos mudanças abruptas, com presença de labilidade do humor, irritabilidade mais acentuada e constante, desleixo no autocuidado, consumo mais excessivo de álcool e outras drogas, entre outros comportamentos discrepantes na maneira padrão de agir, faz-se necessário conversar orientando-lhe a partir de uma escuta empática e ativa, sem julgamentos, ofertar ajuda. Caso aceite, precisamos conduzi-la a um serviço especializado e não deixar que vá sozinha, pois nessa situação há uma ambivalência, existe uma grande possibilidade de não ir caso deixemos que vá por conta própria. E caso não aceite, recorrer a um aparelho da Saúde Mental como o CAPS, Centro de Atendimento Psicossocial, um espaço multidisciplinar para receber a orientação necessária e procurar estabelecer uma estratégia de resgate a esta pessoa comprometida mentalmente.

Estes procedimentos não são garantia de que a pessoa não execute o ato, mas são possibilidade para uma mudança.

José Eduardo Bertazzoli – Belo Urbano. Psicólogo Clínico, especialista em Dependência Química e Psicopatologia, atualmente trabalhando no Centro de Atenção Psicossocial, CAPS Álcool e Droga Reviver, do Serviço de Saúde Mental Dr. Cândido Ferreira. Amante de leitura, mitologia, poesia e esporte.. acredita na realização do potencial humano.
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O contrário de machismo é femismo e não feminismo

Muitas guerras começam por erros de comunicação. Fala-se uma coisa, mas o interlocutor entende outra e a guerra começa, mas em muitos casos por não saber o real significado das palavras.

A palavra feminismo causa isso, já senti muita vergonha alheia por várias pessoas aparentemente informadas e com boa cultura se posicionarem falando as maiores besteiras em relação ao significado.

Também já fui aconselhada a não me posicionar como feminista porque isso poderia atrapalhar meus projetos com boicote de clientes e anunciantes. Seria engraçado se fosse uma piada, mas isso é real, é o reflexo da falta de saber o sentido da palavra e por isso de uma mediocridade gigante. Toda vez que acontece isso, eu respiro fundo e explico, a maioria entende, se liberta do preconceito e muitos dizem “sou feminista”.

Então, vou fazer o mesmo aqui e explicar. Deixo claro que sou feminista sim e espero que você leitor(a) também seja, ou pelo menos passe a ser após entender a definição correta caso ainda não saiba. Homens podem ser feministas? Sim, porque ser feminista é algo independente do seu gênero, é uma causa que você abraça.

Feminismo é um movimento político, filosófico e social que defende a igualdade de direitos  e condições entre mulheres e homens, e luta contra a violência de gênero. Surgiu após a Revolução Francesa  que tinha como lema a “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, se fortaleceu na Inglaterra, durante o século XIX, e depois nos Estados Unidos, no começo do século XX.

Já a definição de machismo no dicionário é: opinião ou atitudes que discriminam ou recusam a ideia de igualdade dos direitos entre homens e mulheres. Característica, comportamento ou particularidade de macho; macheza. Demonstração exagerada de valentia. Excesso de orgulho do masculino; expressão intensa de virilidade; macheza.

A realidade é que uma pessoa machista (uma mulher também pode ser machista), é uma opressora que acredita que a mulher não deve ter os mesmos direitos de um homem ou ainda enxerga a mulher de forma inferior em diversos aspectos, ou seja, é um preconceito. O homem domina e a mulher é dominada.

Existe também o femismo, que poucos conhecem e por isso a confusão com a palavra feminismo. O femismo nada mais é do que o contrário do machismo. O femismo prega a superioridade da mulher sobre os homem. Pessoas femistas tem geralmente atitudes agressivas em relação aos homens, com constantes comentários que os desavorizam ou humilham. É preconceito também.

Bom, meu caro leitor, eu luto contra o machismo no meu dia a dia, não sou femista, sou feminista e acredito no lema da Revolução Francesa, Igualdade, Liberdade e Fraternidade como o único caminho que podemos trilhar para uma verdadeira revolução e evolução em nossas sociedades.

Faz sentido para você? Se sim, me de sua mão e vem comigo nessa jornada.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, fundadora do Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

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A SOCIEDADE E A BELEZA FEMININA

A história da humanidade não é algo único, cada região do planeta tem sua própria, e com isso seus próprios costumes e cultura, e essa diversidade cultural também vem com uma diversidade de o que é correto, bonito e aceitável socialmente. Com a evolução da história humana, vieram as mudanças nesses comportamentos morais de cada sociedade, assim, o que antes poderia ser aceito agora não é mais e vice-versa. A definição do que é belo e agradável aos olhos também mudou ao longo dos séculos, como o padrão de beleza feminina, que já sofreu muitas alterações desde a antiguidade com suas esculturas do corpo robusto com curvas, até a contemporaneidade, em que a magreza tomou conta dos discursos de beleza.

Mas quem define o belo? Pelos milhares de anos da história, o que sempre se manteve constante foi o conceito de apropriação do corpo feminino, de modo que qualquer pessoa se sente no direito de opinar e decidir o que a mulher deve fazer com o próprio corpo. Por isso que as mulheres são as que mais sofrem com o padrão de beleza, sendo mais cobradas de como seu corpo deveria ser para agradar outros ao seu redor. Assim, tem-se mais um exemplo de como a mulher ainda é vista como algo que serve para ser bonito, um objeto para a satisfação dos outros e que deve seguir os padrões impostos pelos homens, que hoje em dia focam em querer mulheres mais submissas, menores, e, como consequência, mais magras.

Esse glamour da magreza governou em revistas, filmes e nos últimos anos nas redes sociais, essas que são acessíveis por praticamente todo o planeta. Com o crescimento dessas mídias, veio o surgimento dos influenciadores, que são pessoas que utilizam de sua fama nas redes como um instrumento de persuasão das milhões de pessoas. Diversos influenciadores utilizam essa influência para alimentar mais os padrões de beleza sociais, muitos fazendo até propagandas diretas de cirurgias plásticas para encontrar o corpo perfeito. Essas ideias infectam a mente de muitas adolescentes e crianças que agora serão obcecadas para serem aceitas nos padrões de corpo, podendo levar à depressão, distúrbios alimentares e até suicídio.

Mesmo com a concepção de um corpo feminino perfeito hoje em dia sendo algo extremamente absurdo e inalcançável, a procura de se encaixar socialmente é mais forte e o desespero acaba por tomar a mente de quem não consegue esse feito. Nessa angústia, as cirurgias plásticas radicais e a depressão entre jovens estão cada vez mais fortes. As mulheres ainda têm um longo caminho para viver em uma sociedade livre de preconceito, mas precisa-se de uma união de todas e todos para continuar essa transformação.

Karen Rosas – Bela Urbana, garota estudante do ensino médio, 15 anos, simpática e curiosa, que adora uma boa discussão, expressar suas ideias e se envolver com o mundo e sua sociedade. Ama uma boa competição e jogar videogame, mas além de tudo cuidar de quem ama.
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A pornografia contemporânea como instrumento do machismo

A importância da sexualidade e do erotismo na civilização humana tem registros milenares. A sala secreta com os achados de Pompéia no museu arqueológico de Nápoles guarda obras eróticas da época de Cristo que a igreja do século XVIII tentou esconder. Mas essas obras em nada se assemelham aos conteúdos pornográficos contemporâneos.

A milionária indústria pornográfica contemporânea é centrada e feita para os homens.

É absolutamente válido quando o casal, consensualmente deseja fazer um sexo pornográfico. Existem momentos para tudo. Mas há que se dizer que a mulher também quer gozar olhando nos olhos. A mulher gosta de aconchego, de carinho e de suavidade.

Será que os homens já se viram engasgados com um pênis, tossindo, lacrimejando e quase vomitando? Será que se sentiriam excitados com essa cena?

A idade média em que o jovem começa a ter contato com a pornografia na internet é de 11 anos (Dr. Gail Dines, “How Porn has hijacked our sexuality”. Boston. Beacon Press, 2010). É quando a idéia da submissão do feminino começa a ser implantada e quando o futuro machista começa a ser criado.

E esse prejuízo é vasto. Criam-se mulheres oprimidas e homens apavorados com a possibilidade de brochar. Mulheres lutando para achar seu lugar na sociedade e homens frustrados por nunca encontrar a mulher ideal, aquela que se subjuga e realiza todos os seus desejos, como as encantadoras e exuberantes mulheres dos filmes pornográficos. Tão felizes em ser subjugadas, violentadas e humilhadas.

Quem ganha com isso?

Noemia Watanabe – Bela Urbana, mãe da Larissa e química por formação. Há tempos não trabalha mais com química e hoje começa aos poucos se encantar com a alquimia da culinária. Dedica-se às relações comerciais em meios empresariais, mas sonha um dia atuar diretamente com público. Não é escritora nem filósofa. Apenas gosta de contemplar os surpreendentes caminhos da vida.
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A indústria pornô do lado de fora

Uma vez eu li sobre atrizes pornô que relataram uma série de cenas lamentáveis que passavam por de trás das câmeras nos filmes que atuavam. Não estou falando de clichê Emanuelle, estou falando desses filmes que você vê até o que não precisa. A indústria pornô tem crescido em  disparada pós pandemia. As pessoas buscam os sites de forma ativa e por isso eles têm crescido de forma gritante ao ponto de mudarem a forma de um ser humano se relacionar com o outro.

Ao longo de anos a busca por mulheres submissas é algo que predomina nas plataformas. A galera da ala masculina se interessa muito em saber o quanto você mulher aguenta para satisfazer ele, macho. Não é a toa que a maioria dos jovens transam e se decepcionam pois acham que vão encontrar a Mia Khalifa e se deparam com a Sandy. (brincadeiras à parte), atrizes como essa que citei no começo, são só algumas que tem tido a coragem de se expor e escancarar os bastidores. 

Não há tesão. Há dinheiro, há muitos hematomas e nada, nada mesmo de glamour. Mesmo assim o público sádico e masculino que alimenta essas empresas são os mesmos que riem de uma atriz quando ela está vestida e relatando algo sério. 

Lembram da vez em que a própria Mia disse ter gravado cenas em que precisava de muito preparo físico pois antes da transa fake já havia sentido muita dor para conseguir levar o take até o fim? Isso já foi o suficiente para ela ser alvo de chacota entre homens, porém para uma mulher isso é assustador pois se assemelha ao estupro. Isso é real e muito sério.

Mas vejo uma ponta de luz em um futuro melhor ao saber que essas mesmas mulheres inspiram e dão forças para que outras se levantem e se mostrem mulheres comuns e normais também. É preciso força, apoio e paciência. O movimento é lento mas nunca ineficaz. Parece que estamos no caminho.

Gi Gonçalves – Bela Urbana, mãe, mulher e profissional. Acredita na igualdade social e luta por um mundo onde as mulheres conheçam o seu próprio valor. 
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É preciso ser AntiMachista

Segue abaixo trecho extraído do Livro “Pombagira, A deusa – Mulher Igual a Você”. do autor Alexandre Cumino.

Em uma sociedade Machista, não basta não ser machista, é preciso ser AntiMachista”
(Frase adapitada da frase de Angela Davis, segue frase original
‘Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’).

Hoje não damos conta do que é o machismo, pelo fato de que já estamos muito acostumados com a visão distorcida sobre a Mulher. A mulher não é frágil, a sociedade a torna assim para ela não ter força diante do homem, cozinha e lavanderia são lugares de homens e mulheres; cuidar dos filhos é responsabilidade do pai e da mãe, se uma mulher é livre afetivamente, ela tem o mesmo valor de outra que escolhe a castidade; virgindade não é sinônimo de caráter, muito menos de dignidade ou qualquer outro valor. O rito do casamento é um ritual de posse em que, no modelo tradicional católico, o pai, proprietario, da filha, a entrega para o noivo, seu novo proprietario, e a partir daí a sociedade considera que ambos têm obrigações um para com o outro, de casal.

Na memória da sociedade, a mulher continua tendo a carga maior de obrigações, e pesa sobre ela o olhar do falso moralismo e hipocresia social. Se essa mulher escolhe uma vida de solteira, é dito “ficou para titia”.

Todos já ouviram as frases e expressões: loira burra, mulher é falsa, mulher não tem amiga, tem mulher que dá motivo para apanhar, se acabou depois dos filhos, já sabe cozinhar já pode casar, trocou uma de 40 por duas de 20, mulher que bebe não presta, só engravida quem quer. E também adjetivos do mundo animal: ESSA MULHER É UMA VACA, GALINHA, POTRANCA, CAVALA, CADELA ETC.

Precisa dizer mais? Feminismo é a consciência de todos esses machismos, de origem patriarcal, chamados de sexismo. Quando não temos a percepção somos machistas, mesmo passivos.

Agredir fisicamente é um extremo, há sutilezas perversas na sociedade, que passam despercebidas principalmente para quem não é mulher, gay, lesbica, trans, negro, indio ou nordestino na região Sul do Pais.


Meus comentários: Entender o universo feminino é entender a si mesmo, indiferente o Gênero, não observar as pequenas sutilezas de maldade já inseridas no contexto social é também fazer parte desta maldade.
Precisamos mudar os pequenos hábitos para ter grandes resultados, nenhum tipo de segregação, seja por qual motivo for pode ser considerada positiva, nossa obrigação social é educar nosso filho e reaprender veementemente os membros de nossa sociedade que praticam tais atos.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração. 46 anos de idade, com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo.