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Linguagens do amor

Sendo a linguagem a capacidade de comunicarmos nossos estados emocionais e a maneira como percebemos e vivenciamos a realidade, quando mencionamos a questão da linguagem do amor estamos nos referindo a forma como o casal se interage entre si, lembrando que tal linguagem não se restringe somente a questão dos relacionamentos afetivos eróticos.

Tal proposta encontra-se no belo livro As cinco linguagens do Amor, de Gary Chapman. Nele encontramos descrito as cinco linguagens que são: palavras de afirmação, formas de servir, qualidade do tempo, toque físico, dar presentes.

No tocante a linguagem palavras de afirmação, temos uma forma de comunicação onde o amado profere não somente palavras e frases concernentes a aparencia física da pessoa, como também, principalmente a algo que ela faz, reforçando e ajundando-a a se perceber no seu funcionamento. “Voce esta de parabéns pela maneira como lidou com esta situação, tenho muito orgulho de Ti”, por exemplo.

Na linguagem que se caracteriza como modo de servir, estamos no terrritório do fazer, propriamente dito, como por exemplo, arrumar algo na casa, no sentido do conserto, lavar uma louça, dentre outros afazares.

No modo dar presente, como o termo sugere, não se limita a questão do valor, mas sim da postura que denota um se lembrar da pessoa e presenteá-la, expressando sua ternura e afeto.

No tocante ao toque físico, estamos perante a alguém que se sente amada e valorizada com beijos, abraços, que se sente acolhida quando caminham de mãos juntas, por exemplo.

Quando mencionamos sobre qualidade do tempo, estamos diante de alguém que prima pela qualidade em que se passa com o companheiro/a quando estão juntos, prestando atenção no movimento do parceiro/a como subsídio ao diálogo.

Assim, conhecer a linguagem do Amor, que se da pelo autoconhecimento e pelo conhecimento do outro, na vivência e no diálogo, não somente facilita a interação, como também propicia o surgimento de novas experiências, mais gratificantes e enriquecedoras.

Quando a pessoa não se percebe na sua linguagem e por extensão a linguagem do companheiro, a maneira como manifesta a sua queixa, pode ser indicativo do que lhe apraz.

Isto fica evidente quando o companheiro/a queixa-se da falta de amor do parceiro/a quando este lhe da presentes ao invés de lhe abraçar e beijar como desejaria.

Em suma, ter conhecimento das cinco linguagens e exercitá-las, além da que lhe é predominante, não somente facilita as relações, como também fortalece a pessoa internamente ao deixá-la mais flexível.

José Eduardo Bertazzoli – Belo Urbano. Psicólogo Clínico, especialista em Dependência Química e Psicopatologia, atualmente trabalhando no Centro de Atenção Psicossocial, CAPS Álcool e Droga Reviver, do Serviço de Saúde Mental Dr. Cândido Ferreira. Amante de leitura, mitologia, poesia e esporte.. acredita na realização do potencial humano.
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Abrir a embalagem

Relacionar é uma interação comportamental. E, ao me dar esse presente posso abrir a embalagem, como dizia meus pai, ou seguir adiante “alone” completamente só.

Relacionamento uma palavra subjetiva, tendo claramente a sua objetividade. É bem por aí!

Como qualquer palavra, esse evento vem baseado em algo que sempre irá nos transformar! Tudo em nossa vivencia é e tem relação com algo e ou alguém.

Pensem sobre…

A base do amor é a amizade.

E a base da amizade é o companheirismo.

E estar relacionado é acompanhar a situação, vivenciar um único verso.

Que revela e nada resvala…

Que semeia com uma insistência perceptível…

Que norteia os batimentos cardíacos…

Que umidece para ungir os porso e alimentar a’lma…

Que resguarda sem sofrimento a espera da esperança…

Que salta aos olhos e imprime o silenciar da mente…

Que nada generaliza e impõe sofrimentos…

Que sem barulho impregna e solidifica o sentimento…

Que nada tem com o sofrer e sofrer e tudo bem com o viver!

A base do amor é:

“A AMIZADE PROFUNDA”…

Aquela que nos leva ao companheirismo!

Por isso, depende somente de nós uma relação em gênero, número e grau

Eu pergunto: Como vai indo a sua relação com você mesmo?

Qual é a base sustentável que te alimenta os poros com arrepios uiiiiiii!

(e não e loucura da 🐞).

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza a redor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
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RelacioLamentos X Relacionamentos

Uma simples letra muda tudo e traz o trocadilho com a palavra “relacionamento” que se trocar o N pelo L vira “relacioLAMENTO”.

Comecei a pensar nessa palavra há uns 15 anos. Ela vinha na minha mente por uma questão de trabalho. Trabalhava com algumas células de equipes para um grande cliente, mas essas células reclamavam muito umas das outras e eu tinha que ouvir, resolver, enfim, era algo chato e cansativo demais, mas como a responsável pela conta, o problema final era meu… percebia que muitos dos problemas eram criados por coisas insignificantes que não eram problemas reais, ou por egos inflamados, e poderiam muito ser resolvidos se os envolvidos tivessem boa vontade para tanto. Porém, reclamar era mais fácil e conveniente.

Cheguei a escrever em um jornal interno, que tínhamos na agência, sobre esses “relacioLamentos“. Me lembro de muitos comentários das pessoas que não tinham entendido. Será que a maioria das pessoas entende somente o que lhe convém? Será que é muito difícil refletir, olhar o todo e achar soluções?

Acredito que vivemos muita superficialidade, muitas relações líquidas, muitos “eu te amo” vazio, muitos egos inflados e inflamados e por isso o que deveria ser positivo vira um poço de lamentos em busca do culpado, onde existe um “coitadismo” exacerbado e mãos repletas de estilingues.

Nas relações de trabalho, fica bem claro dois perfis bem distintos de profissionais. A primeira é a turma da mão na massa. Aquela que faz, que busca saídas, que entrega soluções, que realiza ações, que mesmo quando erra, tenta novamente consertar o que deu errado. A outra turma é a que fala, aponta problemas, mas não sabe resolvê-los. Muitos falam bem e até se vendem melhor do que a turma do que faz. Apontar o que pode ser melhorado é muito fácil, difícil é ir lá e criar processos, quebrar paradigmas, mudar posturas, achar novos caminhos e caminhar.

Então, hoje em dia, seja na vida pessoal ou na vida profissional, eu tenho muito respeito por quem, que quando aponta algo errado ou que pode ser melhorado, tem a humildade de se colocar no problema e buscar a solução em conjunto e realmente trabalhar para isso colocando a mão na massa e não só a voz no trombone.

RelacioLamentos não levam a nada positivo e ficam nessa esfera da lamentação. Lugar chato e sem saída. Já relacioNamentos são o caminho escolhido pela a turma que além de apontar os problemas, vão lá e fazem algo. Aliás, são os que fazem a diferença para melhor nesse mundão.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

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A vida de uma menina-mulher-senhora

Era 1979, logo após a anistia. A menina, com seus 20 anos, estava cansada daquilo tudo, daquela cidade de pedra. Junto da sua amiga, resolveram partir para viver uma vida livre e cheia de sonhos. Foram para o sul do país, num estado cheio de praias e natureza.

Lá trabalharam de tudo um pouco. Comércio, serviços gerais, indústria. O que desse algum dinheiro e tempo para viver era suficiente. A menina estudava bastante, principalmente a natureza. Estudava, lia, cantava e vivia livre, sem ter que se preocupar com todo o caos social em que o país vivia, em meio a uma ditadura irresponsável.

Nesse meio tempo, conheceu um homem trabalhando em uma editora. Ele era mais velho, maduro e estruturado. Vinha toda segunda de sua cidade natal e sexta ao final do dia para lá retornava. Ele também sonhava e queria viver de forma livre o mundo e a natureza. Era um par perfeito, se amavam e se completavam. A menina estava plena: tinha um par romântico perfeito, uma amiga inseparável, estava no local que sempre sonhou viver… o que esperar mais da vida?

Foram meses de muita alegria e completude. Conheceram toda região, frequentaram shows, liam e cantavam juntos. Era um sonho. Mas o sonho tinha prazo de validade e ele expirou quando a menina soube que ele era casado. A decepção juvenil não permitiu que as possibilidades fossem pensadas e a coragem necessária tivesse espaço. O rompimento dramático, bem típico daquela juventude veio e ela decidiu voltar a sua cidade de pedra com sua amiga fiel. Abandonaram o sonho para viver a realidade dura.

Logo conheceu um garoto e, para esquecer do homem que a machucou, decidiu seguir com ele a vida morna. Logo se casaram para provar que eram capazes, logo vieram os filhos para provar que são capazes, logo vieram as responsabilidades e dificuldades que provaram sua capacidade de deixar de ser menina e passar a ser mulher. E sendo mulher, não arredou pé de arcar com as agruras e usufruir das poucas alegrias que vinham. 

Mas o garoto não virou homem e logo vieram as traições, a violência psicológica, os abusos. Ela, mulher firme, aguentou tudo pelos filhos. Não era totalmente infeliz. Além dos filhos, tinha uma família maravilhosa e sempre que podia (e que o garoto não estava por perto), vivia essas alegrias plenamente, nunca sem esquecer do que poderia ter sido se aquela decisão precipitada de abandonar o paraíso no Sul e seu amor proibido tivesse dado certo.

Em meio a tudo isso, fez uma promessa a si mesma: assim que os filhos saíssem de casa, largaria tudo e faria como aos 20 anos. Partiria para o paraíso que conhecera e retomaria a vida de onde parou, de preferência, encontrando aquele amor pelo e impossível. A pergunta que não calava: será que consigo?

A filha se casou, o filho casou e lhe deu uma neta. Era hora de criar coragem e, mais uma vez, correr ao encontro da felicidade. Pela internet iniciou uma busca por aquele homem de outrora. Agarrou sua amiga inseparável e, escondido daquele garoto (que, apesar das rugas, mantinha a postura infantil e insegura de um menino), iniciou sua vida novamente.

Enfim, encontrou o homem do passado, que agora era um senhor. Juntou coragem e entrou em contato com ele. Surpresos, reviveram ao telefone os sonhos de outrora. Juntos, planejaram esse reencontro e a mudança daquela senhora-menina para o lugar em que a história avia abruptamente parado. Ela pediu divórcio, juntou as poucas coisas e partiu. Ele não poderia fazer o mesmo. Cuidava de uma esposa doente. Mas isso não seria impeditivo para viverem novamente uma história impossível.

Ela foi viver dos mesmos trabalhos que lhe dessem o sustento e o tempo necessário para ser feliz. Trabalhava com a natureza que havia estudado e voltou a ler e ouvir tudo que o garoto não permitia. E agora, nos poucos momentos possíveis, ao lado de seu grande amor. Mas também, a vida não seria um morango. Ela adoeceria e, pouco mais de três anos após sua libertação, viria a falecer devido a complicações de uma doença que surgira nos anos de estresse e infelicidade viveu na selva de pedras.

Poderia encerrar aqui a história de forma pessimista, já que todo leitor que se prese, espera um final feliz. O Senhor ficou triste com a partida da menina, os filhos dela também. Sua amiga inseparável também ficou inconsolável. Eu mesmo que escrevo essas linhas, no pouco tempo que a conheci, fiquei indignado com a vida ao saber de sua passagem.

Mas paremos para refletir: seria uma vida digna se ela tivesse fincado sua vida junto a moral e bons costumes, mantido um casamento infeliz, sofrente ao lado daquele velho garoto até a morte? Ou seria feliz uma vida pela metade, sustentando uma relação paralela desde a juventude com o homem que amava, mas que já tinha esposa e filhos?

Nunca saberemos. O que sabemos mesmo é que a maturidade trouxe a coragem necessária para que a vida possível fosse vivida e a sabedoria necessária para conviver com as incompletudes e impossibilidades. E tudo que foi possível viver em cada momento foi vivido de forma plena, porque a postura que aquela menina, que virou mulher e que se tornou uma sabia senhora nunca deixou de acreditar que a felicidade era possível, que os relacionamentos não são coisa perfeitas e imaculadas como nos romances hollyudeanos, e que a moral, a expectativa alheia ou mesmo as inseguranças e medos de dentro não são capazes de barrar uma alma livre, cheia de vontade de viver um amor possível, porém verdadeiro.

Esse conto é uma homenagem a uma vida que viveu e amou da forma que, não o que eu desejava escrever e nem o que desejávamos ler. Se você se identifica com a menina, com o homem, com o garoto, com a amiga inseparável, com os filhos da mulher ou mesmo com esse que vos escreve, se pergunte: que coragem me falta para viver a vida e o amor que mereço, mesmo com suas imperfeições? O que me falta fazer para ser feliz? O que preciso ser, independente da expectativa de quem lê minha vida de fora? O que me falta para ser livre?

Pense nisso.

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.

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Não confunda C* com B#. Lembra dessa frase?

Se parar para analisá-la, é a mais pura verdade. Relacionamentos são iguais. Sempre há confusão, troca de opiniões e aquela outra frase “Pimenta no C# do outro é refresco” surge para encerrar nossa primeira reflexão.

Empatia não é quase amor.*

Estou meio cansada das palavras resiliência e empatia. Você tem um poder enorme de mudar, de se adaptar e empatia a ponto de enlouquecer pelo outro. Mas, afinal, o que estamos fazendo para nos relacionarmos em épocas de tamanho egoísmo e egocentrismo? Não vou falar aqui de relacionamentos amorosos, com o mundo, pós pandemia etc. Estou cansada e achando até que “emburrecendo”.  Demoro para raciocinar, colocar as mensagens em dia. Fujo de chamadas, penso em várias coisas, escrevo mil outras e fico me questionando qual o sentindo daquilo tudo. Ou normal ou doida mesmo. Nossa, as coisas estão confusas, difíceis. Pessoas passando por tanto caos… e daí vem a empatia.

Sim, devemos ter empatia, mas se ainda não entendermos o quão importante é primeiro se colocar no seu próprio lugar, não poderemos nos colocar no lugar do outro.

Vejo o movimento da empatia meio desgovernado. Para a existência humana em sociedade, para um mundo melhor e outras mil coisas importantes sim, é preciso nos apoiarmos, sermos parceiros, lutarmos, mas existe um limite chamado Exaustão da Empatia. Sei lá se existe mesmo esse termo ou acabei de inventar. Mas é meu ponto de vista e somente ele.

Temos lido muito, ultimamente, sobre esse excesso de positividade. Nossa, quanta gente feliz em lugares lindos, distribuindo sorrisos, cenários maravilhosos, leveza, amor e paz! Dá até uma ponta de inveja… somos humanos, afinal.

Mas o excesso de empatia tem gerado altas discussões nas rodinhas que frequento e nas redes sociais de pessoas que conheço ou simplesmente sigo. Qual o problema disso? Se colocar no lugar do outro e tentar apoiá-lo é fundamental para construírmos ambientes melhores, contextos melhores. Mas tentar solucionar problemas de acordo com sua opinião e personalidade, é aí que mora o perigo. Muitas vezes, nossa ânsia de ajudar acaba tornando as relações impossíveis. Ninguém vivencia, de fato, o interior do outro. O excesso de opinião acaba gerando um peso, porque você acaba querendo organizar tudo e tentando resolver da melhor forma e as vezes, se perde no que é “de fato o seu pacote” e como resolvê-lo ou “o pacote do outro foi resolvido assim, então farei igual”. Daí, lascou! Exemplos são importantes guias, porém podem não ser exatamente os passos que deve seguir.

Ter empatia não é resolver pelo outro e sim ajudá-lo a encontrar soluções dentro do contexto que ele vive, do seu ambiente, da sua situação emocional e por aí vai.

Preste atenção antes de levantar bandeiras. Não se fruste e tão pouco diga “eu te avisei”. É a pior coisa que se fala à alguém que tenta se resolver e ainda fica perdido nas suas próprias escolhas.

Por fim, seja gentil. Tenha compaixão, mas reconheça seu limite e respeite o tempo do outro. É uma troca de saberes. De vivências. Assim, todos daremos as mãos e conseguiremos unir forças para aquele mundo melhor, mesmo que este seja com aqueles que vivem entre alguns metros quadrados ao seu redor.

Excesso de empatia é de “Cair o C*da B#! Um beijo e seguimos…

*O título desse texto lembra o nome de um bloco de rua carioca, o Simpatia é Quase Amor! Ô saudade de um tudo junto e misturado suado e no puro glitter. Em breve voltaremos com tudo isso. Que assim seja!

Dani Fantini – Bela Urbana, Relações Públicas de formação. Se jogando na escrita de coração!
Mãe da Marina, filha super companheira! Cuida da casa, trabalha com gente, ama animais, plantas, é cercada de bons amigos e leva a vida com humor! Pode-se dizer que é completa, mesmo faltando algumas peças nesse enorme quebra-cabeças que é viver!


Foto Dani: @solange.portes
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Apartamento vazio

Eu vi claramente o que você queria me dizer, rosto serio, frio, eu já devia saber.
Não tinha como você me perdoar, era impossível você entender, arrumando suas coisas sequer olhou para mim.
Procurou por um par de brincos, que estava na comoda ao lado da cama e você não viu.
Perguntou, séria e brava, aonde estava, e eu não quis dizer, como se aquele par de brincos conseguissem te deter.

Saiu silenciosa até o carro, com uma sacola na mão e os sonhos, todos eles, derramados pelo chão.
Retornou para pegar o restante das coisas, abriu a carteira, onde repousava uma fota minha e sua, colocou na mesa e saiu.
Eu, silencioso, sentado no sofá não pude acreditar no que estava acontecendo, a ficha ainda não caiu. De repente meu mundo escureceu, as fotos nas paredes não tinha mais sentidos, você simplesmente desapareceu.

Pensei no que falamos, sei que foi erro meu, mas não fui inconsequente, não sai, perdi você, mas você também perdeu.
Poderia ter questionado, entendido, mas preferiu ir e eu fiquei, um apartamento vazio, sem você, não havia mais ninguém.

Ainda calado, busquei a toalha e fui tomar um banho, para ver se conseguiria entender.
Liguei o chuveiro, no silencio, no escuro, burro!, me julguei. Vá atrás dela! comigo falei. Não Adianta. Respondi. Ela se foi, eu perdi.
Sequei-me lentamente, coloquei uma roupa e sai, não tinha como ficar ali, teria que vender o apartamento, as coisas, eu não queria mais existir.
Parei no mercado, comprei um vinho, que sempre gostei de tomar, abrir na rua mesmo, em copo plástico, algo que repudio veementemente, menti para mim mesmo, vai ficar tudo bem, ela se foi, mas vou ainda encontrar alguém.

Dentro do carro, com copo na mão, som desligado, ouvi uma mensagem no celular: “Burro, eu sempre te amei, tudo que eu queria era o seu amor, nunca existiu mais ninguém”.
Ali, naquele momento, pude perceber, meu ciúmes me fez perder você, nó na garganta e amargurado, não pude entender, porque não vi isso antes, porque tinha tanto ciúmes de você.
Sai do carro lentamente, calado, inconsequente, sem pensar em nada que iria acontecer, peguei um cigarro, ascendi, fechei meus olhos e só via você.
Olhei o viaduto, abaixo a rodovia, que viva, grunhia, seus caminhões e carros sem parar, subi no parapeito, cigarro na mão, garrafa no peito, dei um gole no vinho e consegui entender, o que tinha que fazer para nunca mais sofrer.

Adeus

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo

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Desafeto

Não existe familiaridade entre nós

Nem amizade

Nem camaradagem

Coleguismo não há

Não temos compadrio

Companherismo não temos

Nem convivência

Nem convívio

Cordialidade não há

Não existe estreiteza entre nós

Não temos ligação

Intimidade não temos

Em nosso trato não há espaço

Nem tempo

Pra relação de qualquer natureza

Fernando Farah – Belo Urbano, graduado em Direito e Antropologia. Advogado apaixonado por todas as artes!
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Conselhos da Madame Zoraide – 27 – debaixo do tapete

Olá Consulentes!

Feliz 2022! Esse é meu primeiro conselho do ano aqui no Belas Urbanas e serei bem direta como gosto de ser.

Sujeiras devem ser limpas. Não é só passar um pano, é limpar mesmo, passar detergente, água sanitária, sabão….. e varrer, mas nunca, nunca mesmo, para debaixo do tapete.

Os tapetes em geral são depósitos de sujeiras, que muitas vezes ficam lá esquecidas, mas não sumidas. Estão lá mesmo quando aparentemente você não vê, porém sente. A questão da sujeira é entre você e ela, não importa o que as visitas irão pensar. Só parecer limpo é uma tremenda burrice, tem que estar.

Chega um dia que é tanta poeira que você começa a espirrar sem parar. A garganta precisa respirar e você grita. Berra. Sua pressão sobe…. mas você, meu caro Consulente, não precisa chegar até esse ponto, é só limpar sempre, não deixe acumular, não varra para debaixo do tapete.

Entendeu? Se não entendeu, faça o seguinte, compre tapetes voadores, assim não corre risco de acumular nada e aproveita e voa com ele.

Se insisitir com isso, vou entender que é doido, doido que foi varrido para baixo do tapete e nunca mais saiu de lá…. é isso que quer para sua vida?

CORAGEM PARA VOAR.

Até a próxima.

Madame Zoraide – Bela Urbana, nascida no início da década de 80, vinda de Vênus. Começou  atendendo pelo telefone, atingiu o sucesso absoluto, mas foi reprimida por forças maiores, tempos depois começou a fazer mapas astrais e estudar signos e numerologias, sempre soube tudo do presente, do passado, do futuro e dos cantos de qualquer lugar. É irônica, é sabida e é loira. Seu slogan é: ” Madame Zoraide sabe tudo”. Atende pela sua página no facebook @madamezoraide. Se é um personagem? Só a criadora sabe 

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Jeito de ser

Morrer, todo mundo irá morrer, isso é certo.
Não falo da morte morrida,
Falo da morte em vida.

Em vida morro quando em função do outro… deixo de ser eu.
Pelo jeito do outro,  deixo de lado o meu jeito.
E aos poucos, perco o meu jeito de ser e… vivo morto.

Eu não quero a morte, quero  a vida!
Eu quero ser eu, viver o meu jeito de ser.
Basta…. é preciso morrer!
Morrer o jeito do outro para o meu jeito viver.

Para isso, não preciso aprender, eu já vivi.
Toda vez que segui no amor, tive o prazer do viver.
Do viver a vida em vida, no meu jeito de ser.

Não sigo mais pelo jeito do outro, não mais me engano,

Vida é amor e no amor não mando.
No amor tenho vida e no amor é o meu jeito.
Sigo no amor, pois este é o jeito.
Meu jeito de ser, o meu jeito de viver.
Um viva à vida!

Wlamir Stervid ou Boy, para aqueles que o conhecem pelo apelido. Belo urbano, apaixonado pela sua família, por gente e natureza. Sua chácara é seu recanto. Devido ao seu processo de transformação, trabalha com desenvolvimento humano, é Coach Ontológico e idealizador do Homens de Propósito, um movimento entre homens para o autodesenvolvimento e transformação do masculino.
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AQUELA ESTRADA – CAPÍTULO 7 – final

Deitou-se na cama. O sol teimava entrar no quarto se esgueirando pela janela e cortinas fechadas. Mesmo assim encontrava uma brecha e iluminava levemente o ambiente. Com os olhos fixados nos seus pensamentos, olhava o ventilador de teto que fazia girar a sua história. Tocou em seus dedos e a marca do anel estava mais fraca. Pensou: “um pouco de sol e a marca desaparece…assim como minhas memórias”.

Saiu do quarto, do hotel, da cidade. De novo na estrada. Resolveu abrir o teto solar. Precisava do sol para queimar a marca do anel. O sol estava forte, mas era compensado pelo vento no rosto. Sentia-se sozinha e livre na estrada.

Sem saber direito o porquê, lembrou do filme Telma e Louise. Um filme antigo que agora, em sua lembrança, a fazia sentir um frio gostoso na barriga. Acelerou fundo. Estava indo para algum lugar que não sabia ao certo qual era. Sem destino, sem ninguém. Foi em frente. “Para onde vou?”. Perguntou a si mesma. Soltou um leve sorriso. Para onde ia pouco importava. Mas o filme Telma e Louise não saía da sua cabeça.

Gil Guzzo –Belo Urbano, é artista, professor e vive carregando água na peneira. É um flaneur catador de latinhas. Faz da rua, das pessoas e da vida nas grandes cidades sua maior inspiração. Trabalha com fotografia de arte, documental e fotojornalismo. É fundador do [O]FOTOGRÁFICO PRESS (Agência de imagens) e professor universitário. Adora cozinhar e ficar olhando distraidamente o mar. É alguém que não se resta a menor dúvida…só não se sabe do que….