Posted on Leave a comment

Fragmentos de um diário – 34 – Super vivendo

Esse foi um desses anos SUPER, muita coisa aconteceu, de tudo um pouco e mais um pouco. Faculdade, namoro, namoros, trampos, gente nova de todos os lados, cursos, peças, shows, praias e mais, teatro, desfiles, paixões, festas, provas, briga, choro, riso, amigos, esse ano eu posso dizer que “SUPER VIVI”. O mundo da mil voltas e acaba no mesmo ponto? Não sei se é bem assim, mas que essa vida é muito engraçada isso é. Tô super feliz, em dúvidas, mas feliz!

Amo poder estar viva e poder ser eu e ter tudo que tenho, e ser o que sou. Não vou esperar nada do ano novo, vou fazer, tudo que poder fazer da melhor maneira possível não sei aonde vou parar, aliás não quero nunca parar, tenho certeza que vou fazer tudo pra continuar a ser feliz e SUPER VIVENDO TUDO!

Obrigada!

Giza Luiza – 20 anos – 31 de dezembro

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa . 

A personagem Giza Luiza do “Fragmentos de um diário” é uma homenagem a suas duas avós – Giselda e Ana Luiza
Posted on Leave a comment

Amor

Há momentos em que, num compasso mais lento do meu caminhar, me pego olhando para os lados e a procura.

Eu procuro amor.

Amor nos olhos das pessoas.

Amor nos gestos, nos toques.

Amor nos abraços.

Amor nos sorrisos.

Me surpreendo ao querer ouvir o Amor nas palavras das pessoas.

Na delicadeza das palavras docemente escolhidas e pronunciadas.

O amor que nos faz e nos leva além. Nos dá segurança e suporte.

Nos permite criar raízes ao passo que nos mantém livres, nos transporta.

Há quem não acredite. Quem duvide.

Quanto a mim, sou movida por Amor.

Quero ser Amor por onde eu for.

E transbordar.

Amor.

Angela Oliveira – Bela Urbana, campinense de criação, Psicóloga, mãe de Angelina e Lavínia, uma curiosa em constante aprendizado, evolução, que arrisca algumas linhas para falar da vida, para falar de amor. Amante de leitura, música, boas conversas e café.

Posted on Leave a comment

Desesperada procura

Todas janelas se fecharam, desesperada procura na amplidão, em aclives e declives da cidade adormecida.

Pássaros mecânicos arrastam-se em idas e vindas enquanto o negro asfalto crepita sob passos angustiantes entre timbres e ressonâncias de algazarras distantes.

Mariposa entre os pássaros, voo ricocheteando nas vidraças, nenhuma flor onde pousar, encontro.

As luzes atraem, mas estão longe como as estrelas.

Só o alvoroço move o mundo.

Cristina Bonetti –  Bela urbana, piracaiense, amante da literatura e de música clássica desde a infância. Filha e neta de escultores. Fã de Manoel Bandeira, Fernando Pessoa, Paulo Coelho e Pablo Neruda. Poetisa, artista plástica e publicitária. Co-autoria de Paulo Monteiro.

Posted on Leave a comment

Como?

“Me conta agora como hei de partir…” e seguir em frente, a começar uma nova etapa, a realizar, sozinha, um sonho que era nosso.

Como não ter mais você para me dizer “calma, a gente resolve”?

Como gargalhar?

Como falar sobre os livros que líamos?

Como planejar as férias na praia sem você?

Como ver filmes em silêncio?

Como repartir a dor que hoje eu sinto?

Os medos que reluto em enfrentar?

As verdades que não me atrevo a dizer ?

Os sonhos que não tenho com quem compartilhar?

Como?

Você se foi sem me ensinar…..

Ruth Leekning – Bela Urbana, enfermeira alegremente aposentada, apaixonada por sons e sensações que dão paz e que ama cozinhar.  Acredita que amor e física quântica combinados são a resposta para a vida plena.
Posted on Leave a comment

O tempo que transforma

Sobre o tempo que transforma e o brilho inesperado de alguém que já caminhou;
Seus gestos e sua maturidade encanta quem ainda está no início do caminho;
O brilho que envolve, a educação que fala mais que qualquer carinho;
Olhar para todas estas formas nos fazem pensar em “por que não?”;

De sua parte, ele vê, a juventude que brilha em um pulsar que não pode ser contido;
O sorriso e o brilho no olhar de alguém que está repleto de esperança, sem medo das derrotas do caminho;
Entendendo que se tomar esta juventude ele tenha até condições de se sentir mais jovem, e se entrega a este sentimento.

Ambos se esqueceram que o tempo não perdoa, que ele continuará seu caminho e ela também;
Que ele sentirá, com passar do tempo, maior cansaço que ela, e ela por sua vez, se sentirá mais jovem do que nunca e eles sentirão que estão em momentos diferentes;
Entregues ainda pelo carinho inicial, tentarão, em vão, ignorar a força do tempo, mas logo ele se sentará para olhar o brilho de sua jovem seguir em frente.

Distante, ainda com dor no coração, ela irá entender que o melhor é caminhar ao lado e não à frente.
O coração se alegrará em encontrar alguém que esteja em seu mesmo tempo e construirá novas recordações.
Ele irá sorrir com suas memórias, e entenderá que foi bom, que realmente não era possível.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo.

Posted on 1 Comment

O retorno de JP

Foi no caixa do banco que o vi pela primeira vez. Eu bancária, ele cliente. Bem vestido, muito bonito e sorridente.

Sempre com elogios e brincadeiras. Eu apenas sorria mas desconfiava do assédio, até porque ele movimentava muito dinheiro e eu caixa de banco.

Um dia me deu um cheque para depósito e o preenchimento do valor era um convite para um chopp após o expediente. Fiquei muito surpresa e aceitei de pronto…

Poucos restaurantes próximos e ele escolheu o mais sofisticado e me levou para a parte de cima, mais reservada. Ali teve início uma torta história de amor.

Eram sempre almoços intermináveis ou happy hours, esquecíamos de tudo. Ele um cara culto, falando poesia, cantando bossa nova. Era pura diversão.

Dele sabia que morava no Rio e trabalhava em Niterói, sócio de uma Empresa de seguranca. Eu, morava com uma colega de trabalho e tinha uma vida bem animada. Todos os finais de semana ia pra Búzios onde alugava casa com amigos.

Os nossos encontros eram em motéis e eu não estava muito interessada em mudar nada.

Em um final de semana eu em Búzios, na praia, recebo sua visita inesperada. Sábado de manhã, ele de roupa social, sapatos em plena geriba me procurando, detalhe, não lhe dei endereçoo. Entendi como uma prova de paixão. Fomos pra casa, nos misturamos entre areia, sal, suor e tesão. Almoçamos e ele foi embora. Simples assim. Eu apaixonada, me sentindo especial.

O tempo foi mostrando o quanto era sedutor. Rosas, livros, discos. Me enchia de mimos e de paixão. Até que um dia ele me comunica que vivia uma história verdadeira e por força das circunstâncias, estava prestes a se casar. Sábado seguinte.

Me senti rejeitada, tola, ingênua. Passei o dia inteiro chorando. Ele se casou com namorada da vida toda, filha do dono da empresa. Ele manteria a sua posição social e seguia a vida.

Como pouco tínhamos, pouco ficou. Levei bastante tempo para me reerguer, mas tinha Búzios , era só agito, foi mais fácil seguir o caminho.

Estranhei quando se passaram um, dois, três meses e nunca mais o vi. A conta permanecia lá e eu achava que ele sempre iria entrar pela porta com aquele lindo sorriso que já tanto me fazia falta.

O reencontro se deu em uma rua próxima ao banco e veio junto um grande susto. Ele com o rosto deformado. Me contou que sofrera um grave acidente e ficara um mês em coma. E tinha mais uma novidade, iria ser papai. A vida seguiu, ele não fazia mais parte de mim.

Casei, tive filhos, me separei, casei de novo, filho de novo. Divórcio de novo. Agora sozinha vida reconstruída, bela casa em um lindo lugar um pouco distante do centro urbano. Em algum momento entrei no Facebook para acompanhar a vida da filha que se mudara para a Europa. E assim foi.

Em uma noite recebi uma solicitação de amizade e lá estava ele. JP, trinta anos depois. Morava na França e estava vindo ao Brasil em breve, queria me ver. Comecamos a trocar e-mails infinitos, divertidos. Toda noite era a hora de ficar no computador e esquecer da vida. Meus filhos desconfiaram dessa mudanca, mas ficaram felizes em me ver mantendo amizade com alguém, já que vivia exclusivamente para eles.

JP me chamava atenção para minha escrita, falou que eu escrevia bem e que deveria me empenhar nisso. Eu estava satisfeita, escrevia pra mim. Procurei saber mais de sua vida e soube que já se casara nove vezes, sim, nove vezes. Fazia doutorado na França, já morava há quase dez anos e se aposentara por invalidez após um acidente doméstico. Tinha pouco e vivia bem, diferente do menino rico que conheci.

Fomos nos contactando até o nosso possível encontro que se deu três meses após nosso primeiro contato. Veio a minha casa. Rosto envelhecido e ainda muito bonito. Chegou me chamou no portão e quando entrou eu fui rápido para abraçá-lo, ele estranho, frio, sem jeito não correspondeu. Essa atitude me colocou os pés no chão, era o que tinha.

Saímos para almocar na praia e retornamos a casa. Ali a seu lado não sabia mais quem ele era. Meus filhos tinham saído e ofereci que ficasse, tinha quarto sobrando. E assim foi. Eu realmente esperava uma explosão no reencontro: beijos calientes, transas saudosas. Nada disso. Estranho, foi dormir. Cada um no seu quarto e mais tarde ele bate a minha porta, diz não ter sono, se pode ficar. Puxou uma cadeira, colocou ao lado da cama e ficou fazendo carinho em meus cabelos e eu dormi.

Já não sabia mais quem ele era. Foi embora, disse que voltaria. Eu realmente achava que tinha algo a mais. Depois percebi que talvez estivesse velha na visão dele. Ele acabara de se separar de uma mulher da idade de minha filha. Era isso. Já não interessava mais.

Continuamos nos falando até uns dias antes do seu retorno a França. Eu Andava as voltas com crises de pânico, ansiedade que me assolavam em plena menopausa. Mesmo assim enfrentei ônibus, barca, ônibus de novo e fui ao Rio encontrá-lo.

Casa bonita, bela cozinha e ele fazendo um ótimo Jantar para me receber. Tarde da noite e a cena se repetiu; eu deitada no sofá, ele puxou uma cadeira e fez carinho nos meus cabelos. Dormimos lado a lado, eu com vontade de socar ele… o que era aquilo?

Pela manhã, outro cenário, nos deitamos lado a Lldo num quarto escritório e ali o seduzi. Foi intenso, inesquecivel enquanto era ali. Resolvi voltar pra casa, ele se ofereceu para me levar e ficou, um, dois, três dias. No terceiro dia eu me preparando para dormir pedi um beijo de boa noite, apaixonada que estava, meio carente. Ele se levantou, surtou, disse tinha feito tudo por mim e ia embora porque eu estava cobrando algo a ele.

Foi a minha hora de surtar. Ele havia comentado a respeito de sequelas do acidente. Tomava remédios, não bebia.
Eu presenciei o descompasso e aceitei. É isso. Vá, boa noite, boa viagem. Antes de ir ele me disse que não se via morando ali naquela casa, naquele lugar, com aquela vida. Talvez tivesse lido os meus pensamentos.

JP voltou e era o mesmo de trinta anos atrás, agora com sequelas. E a vida seguiu.

Viajei, conheci outros paises, morei em outros lugares, mas nunca perdemos contato. Numa dessas viagens, me chamou para conhecer Toulouse onde morava e passar uma semana com ele. Gostei do convite pois nada conhecia da França. Lá fui eu. Ele morava num quarto e sala num ótimo lugar. Foi me buscar no aeroporto e foi muito afetuoso. Preparou o jantar, comprou cerveja para mim, me deu seu quarto para dormir.

Passeamos bastante, me levou a lugares incriveis. Nossa relação agora era de amigos. Não mais romances. Em um desses passeios, na volta deixamos o carro longe e eu reclamei que iríamos andar muito. Ele surtou de novo, começou a falar alto dizendo que tinha me levado a ótimos lugares e eu só reclamava. Eu tentava entender aonde tinha errado e me desculpava o tempo todo. Me dei conta que estava pelas belas ruas de uma linda cidade francesa discutindo nem sabia por que. Estava triste. Nada entendi.

Quis ir embora na hora, faltavam dois dias ainda. Ele pegou a bike e seguiu caminho de casa, eu resolvi sentar em uma linda praça e olhar a vida. Nada me importava, ninguém iria tirar a minha paz. Ali fiquei, comprei uma cerveja sentei num banco e só. Pensei, tenho apenas a mala no apartamento. Na bolsa dinheiro e documentos, dane-se vou dormir em qualquer lugar.

Vinte minutos depois, volta ele de bike: – Senta aqui mulher. Não, obrigada. Vamos embora! Me esforçei para ser adulta, sentei na bike e fui. Voltei para o apartamento que tinha arrumado, cuidado para nós e dormi.

No dia seguinte resolvi andar sozinha pela cidade enfrentar o medo de não falar francês e consegui, comprar presente para a neta, trocar dinheiro, livre. Voltei para o apartamento e nada tinha acontecido. O meu louco, amado e velho amigo ali estava de camiseta velha e cueca velha, detalhe, comprei uma cueca nova e lhe dei de presente.

Dia seguinte me levou ao aeroporto nos despedimos em um forte abraço. Hoje falamos pouco, mas temos muito amor um pelo outro. Ele se tornou um velho príncipe solitário e eu continuo aquela menina do caixa do banco esperando receber outro convite em um cheque!

Maria Nazareth Dias Coelho – Bela Urbana. Jornalista de formação. Mãe e avó. É chef de cozinha e faz diários, escreve crônicas. Divide seu tempo morando um pouco no Brasil e na Escócia. Viaja pra outros lugares quando consigo e sempre com pouca grana e caminhar e limpar os lugares e uma das suas missões.

Posted on Leave a comment

Caixa de surpresa

A vida é uma caixa de surpresas. 

Aquela caixa que se abre a cada amanhecer,

Que nos assombra e nos alegra.

Aquela caixa que quando aberta nos dá 24h de vida. Nova vida.

A caixa é aberta, as horas e os segundos obedecem. Nada escapa e as ordens dadas serão obedecidas. 

Uma notícia boa, um acidente, um presente, um nascimento, uma morte, uma visita, um telefonema, uma conquista, uma despedida. Está tudo lá…

Ela também é capaz de não mudar nossa rotina…

Ou mudar tudo na nossa vida. Em um segundo. 

A caixa será aberta, pra você e pra mim. 

Não há como não ser assim. 

Ela se abre até de madrugada. Com uma doença que não se espera ou uma notícia que nunca quer ouvir…

A vida vem com essa caixa que pode ser confundida com o dia/data ou com o tempo. Mas na verdade ela é uma surpresa.

 A surpresa que nunca ninguém jamais poderá prever com o certo absoluto.

Ela tem dentro dela o destino. Ela tem a carta da nossa vida. 

A surpresa diária. 

A caixa de surpresas.

Vera Lígia Bellinazzi Peres – Bela Urbana, casada, mãe da Bruna e do Matheus e avó do Léo, pedagoga, professora aposentada pela Prefeitura Municipal de Campinas, atualmente diretora da creche:  Centro Educacional e de Assistência Social, ” Coração de Maria “