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Mães e suas histórias

Tinha tantas histórias pra relatar aqui sobre mãe e filho. Sobre Bel e Gui. E se tem algo que gosto é ouvir e contar histórias. Brinco que nasci mulher, normalmente com um dom para a oratória, e ainda escolhi o jornalismo como profissão. Portanto, sentem que lá vem história! Brincadeira. Essa é curtinha, gostosa, ilustra a ingenuidade das crianças que a cada nova descoberta, frase, comentário deixam nós mães ainda mais apaixonadas.

Bom, estava uma tarde sentada na sala escrevendo algo no computador, concentrada no que estava fazendo, ele com seus 7 pra 8 anos, no quarto brincando, televisão ligada em algum desenho animado, aliás, daqueles bem animados, podia ouvir a barulheira da sala. Ele chegou abruptamente, atenção ao gesto, isso faz toda a diferença no drama, com as mãos na cintura, semblante tenso, e me perguntou: “Por quê você e o papai não transaram mais que uma vez? “

Gente do céu! Não tive tempo sequer de responder, de processar em tempo rápido aquela pergunta tão inesperada e totalmente fora de contexto, chegou a explicação.
Mais inusitada ainda.
“Porque queria tanto um irmão!”

Meu Deus! Precisei só de alguns segundos para cair em uma das minhas gargalhadas mais gostosas da vida e entender tamanha indignação. Ele ficou em pé ao meu lado sem entender nada, procurando a graça da situação. Levantei correndo, dei um abraço ainda morrendo de rir.

Bom, os anos passaram, a ingenuidade deu lugar a descobertas maravilhosas. Tento não esquecer que já tive essa idade. A tal temida adolescência chegou. E as perguntas continuam aos 15 anos. Cada uma que nem ouso publicar aqui. Tenho muitos erros como mãe, que a cada semana procuro melhorar, mas tem um ponto que me deixa orgulhosa, o diálogo que mantemos desde sempre. Por aqui nunca houve pergunta sem resposta. Qualquer que fosse. Claro, tudo de acordo com a idade. Assim mantemos até hoje. E assim espero pra todo sempre. Que quando estiver casado, com problemas no trabalho, venha compartilhar os medos, tristezas, alegrias com a mamãe. Será que estou sonhando acordada? Acho que não. Só mais um desejo doido de mãe.

Isabel Oberg – Bela Urbana. É jornalista, Jornalista. Apresentadora, repórter, mestre de cerimônias e locutora. É muito alegre, de família isso. Tirando graça das situações mais difíceis, mas muito chorona. E ficando cada vez mais. Tem uma frase que a define: “Vivo com o chora na porta, mas com o riso na janela”
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Mãe na Rave

Eu já passara dos cinquenta e me via empenhada em organizar a vida monetária da filha que iria se mudar para a Europa.

Eu a primeira na fila da empolgação por essa mudança. Pai pouco presente e zero comprometido com as escolhas da filha. Eu sonhava alto, minha filha não era daqui, precisava conquistar o mundo.

Formada em moda ia pra Londres fazer um curso de especialização. Aqui no Brasil já fazia trabalhos de customização de roupas e acessórios em uma época em que poucos faziam. Eu era sua fã, participava com ela de feiras na Lapa no Rio de Janeiro, ajudava como podia: montava barraca, passava o dia em sobrados com calor e barulho ensurdecedor. Ia feliz, tinha ela ao meu lado.

Nesse caminho em busca de dinheiro, nos deparamos com uma situação dúbia; ela tinha feira em um sábado e uma festa rave, na sexta. Pensei, faço a festa e vou dormir. Ela trabalha no sábado inteiro.

E lá fui eu, o trabalho era vender tickets em uma bilheteria improvisada com mais três pessoas. Comecei a me dar conta na roubada que vinha pela frente. Me assustava a quantidade de bebida, bebados, dinheiro, sujeira, loucuras juvenis. Demais para os olhos? Não, tristeza talvez.

Não tinha tempo de beber, comer, xixi… o cansaço, o barulho, a fumaça era tudo demais para ver e sentir, mas sabia que dali iria sair com o dinheiro, pouco talvez, mas era para ela. Faria de novo e de novo.

Noite foi virando madrugada que virou manhã e chegou a hora de ir. Peguei um ônibus que me deixou uns vinte minutos de casa. Fui caminhando morta de cansada e ainda atordoada com o barulho. Mal me dei conta de um carro passando com bêbados gritando e para fechar a noite, me atiraram uma lata de cerveja nas costas.

Como mãe, fiz tudo pelo seu sonho. Foi, não volta mais. Saudade e todo dia lembranças, as melhores.

Voou pra longe do ninho como deve ser.

Maria Nazareth Dias Coelho – Bela Urbana. Jornalista de formação. Mãe e avó. É chef de cozinha e faz diários, escreve crônicas. Divide seu tempo morando um pouco no Brasil e na Escócia. Viaja pra outros lugares quando consigo e sempre com pouca grana e caminhar e limpar os lugares e uma das suas missões.
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SER mãe e TER mãe!

Eu tenho 51 e sou mãe de dois filhos e ambos na faculdade. Até ai…. só quem é mãe sabe o que
já passamos… mas, o que importa é que agora resolvi olhar pra trás e pra frente: (Ah, importante dizer que estas conclusões ou “momentos” de lucidez, são graças à terapia).

PARA TRÁS (Eu como mãe até hoje):
Foi me pedido durante o processo da terapia que eu escrevesse o que é ser mãe pra mim.
Muito animada, lá fui eu colocando tudo o que eu achava…
Ser cuidadosa, estar disponível, gostar de cozinhar, contar histórias, cuidar da saúde dos filhos, estar presente constantemente, ser carinhosa, amorosa, meiga, gentil, doce, ter paciência,passear com os filhos, ensinar a rezar, a ser ético…nossa, coloquei tanta coisa e quando eu fui ler…arregalei os olhos e achei que era o perfil de algo que nem existia…um super herói? E ainda coloquei DUAS VEZES saber cozinhar! Fechei os olhos e tornei a ler… bom, foi o suficiente para eu repensar…

PARA FRENTE (eu como filha, olhando para minha mãe):
Antes de começar, as lágrimas já estão descendo pelo meu rosto…
Hoje, ela está com 84 anos. O Alzheimer começa a dar seus primeiros sinais mais fortes. Troca de remédios, esquecimentos de documentos, tombos, repetições nas histórias, desorientação…
Mas, que mãe ela foi? O que aprendi com ela? Se ela se for?
Um dia a Monja Cohen disse em uma palestra. Sua mãe NUNCA MORRE. Todos ficaram curiosos e foi ai que ela explicou. Vou explicar como se fosse comigo para facilitar.
Se eu vejo alguém atravessando a rua, é como se eu ouvisse minha mãe dizendo pra ajudar… aí eu vou!
Se estou fazendo comida e bato com a colher na beirada da panela, eu a ouço dizer… cuidado, vai amassar!
Se tenho preguiça de rezar, ouço ela me dizendo… preguiça para ir a uma festa você não tem!
E por ai vai…

Bom, não sejamos perfeitas, cuidemos de nós e saibamos que nunca morreremos para nossos filhos!
Feliz dia das mães!

Roberta Corsi – Bela Urbana, coordenadora do Movimento Gentileza Sim que tem como objetivo “unir pessoas que acreditam na gentileza” e incansavelmente positiva, para conhecer o movimento acesse https://www.facebook.com/movimentogentilezasim 
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Fizemos um acordo

Brasil
Terça Feira 3 de Maio de 2022.

Hoje foi mais uma terça daquelas que meu pequeno tenta me convencer de que está com febre, fome, sono e outras mil histórias que conhecemos bem para não ir à escola. A manipulação vem e o corte certeiro volta.

Hoje foi mais uma terça mas com um toque diferente, meu filho estava choroso e querendo abraços. Me disse que não ia conseguir ficar longe, pois teve um pesadelo e me pediu “Mamãe por favor não morra!”. Como ouvir algo assim sem tremer toda minha musculatura? O que eu poderia dizer? Não poderia prometer mas o coração de mãe não se engana, e disso eu sabia.

Fizemos um acordo, “meu amor você está em meu coração e eu preciso estar sempre no seu coração também, quando não pudermos nos ver por seja por dias ou por uma eternidade você vai sentir a brisa do vento em sua face e lá serei eu à te tocar, quando olhar para os dias ensolarados serão os dias que eu mais te amarei e quando forem os dias de chuva, saiba que ali é meu amor transbordando de todo meu coração e nunca mais estaremos longe um do outro”.

Ele me abraçou, chorou e eu perguntei porque estava escorrendo aquelas lágrimas no seu rostinho, ele me olhou e disse “meu amor está transbordando neste momento mamãe, vou para escola porque sei que vai estar comigo sempre que eu ver o sol, a chuva ou o vento”.

A maternidade é isso, não dá pra explicar. Você só saberá sentir.

Quero dedicar este texto a meu filho, o meu grande companheiro e amor da minha vida.

Bebessauro

Gi Gonçalves – Bela Urbana, mãe, mulher e profissional. Acredita na igualdade social e luta por um mundo onde as mulheres conheçam o seu próprio valor. 

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A busca

Busco ser compreensivo, entender o inexplicável, sorrir do meu choro, aceitar o inaceitável;
Busco ser tranquilo no meio da gritaria, calar a agressividade, falar auto com euforia, nos cantos da cidade;
Busco ser amante das artes, sorrir para belas esculturas, fazer cara de paisagem.
Busco ser colecionador de verdades que nunca poderão ser provadas, certezas incertas sonhadas na alvorada;

Há sim, eu busco não ser o homem, que não entende nada, que não lê nada, que não ouve nada;
Busco ser a bússola mesmo sem saber o caminho, a resposta para perguntas que não sei interpretar, a calma para quem deseja amar;
Busco ser senso, bom senso, incenso, nervoso, poluído e denso, temperado, insosso, sonolento, sóbrio, embriagado, pulguento;
Busco ser rotina sem limitação, controle de expressão, ontologia, serenidade vazia, muitas vezes solidão;

Busco ser o sorriso de quem chorou, o abraço de quem partiu, a tristeza de quem ficou;
Dentro ou fora eu busco me encontrar, me entender, me interpretar, busco saber para depois falar;
Mas agora eu busco não chorar, ser forte, aceitar, busco compreender que eu não consigo mudar;
Estou buscando existir, ser, permanecer e depois tranquilamente desaparecer.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo