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A CASA DOS HOMENS

Em uma reflexão muito rápida sobre os três finalistas do programa de TV que se encerra proximamente, não poderia ficar calado. Esta reflexão veio carregada dos estudos que já realizo há muitos anos. A presença de homens sempre esteve em destaque em vários espaços sociais. Na cozinha é o “chefe”. No serviço de restaurante é o “maitre”. Nos serviços de hospedaria, a autoridade geralmente é um “concierge” e assim em diversos segmentos. Na moda é o “estilista”. Não é de se espantar que a eliminação dos participantes indica o grau de gradualmente preconceito enraizado na sociedade brasileira. Sabemos quem está na frente da maioria das casas brasileiras.

A casa vazia de sentimentos, de coração e de emoções.

Coberta de estratégias, de ciladas e de pseudo razões.

Encobre as desigualdades e as diferenças de oportunidades.

Vibram os ganhadores honestos e certos de suas verdades.

A pseudo natureza superior dos homens, estampada no programa de grande audiência, remete à dominação masculina como o modelo de honestidade, de irmandade entre os homens, ao sexismo porque fizeram um pacto, uma aliança vingativa e eletiva e às fronteiras rígidas de um machismo velado, que por ser velado é cruel trançando os intransponíveis limites entre os gêneros masculino e feminino.

Triste é a casa sem voz.

Espelho da mesma farsa.

Onde o domínio é sempre feroz.

Lugar da mentira comparsa.

Quando o reinado do machismo encerrar, iremos olhar para trás e sentir vergonha porque por milhares de anos sustentamos uma sociedade assim. Dividida. Isolada. Apartada entre masculino e feminino. Porque esta sociedade tem medo de se integrar. Feminino e masculino na pessoa humana. Isso gera tanta violência. Gera conflitos em vez de paz. A violência contra a mulher precisa acabar. Homens precisam parar de ter medo do feminino. Podem aprender mais a solucionar seus conflitos com a diferença. Homens que estão começando a perder a cabeça pelo fim do relacionamento, por uma traição, por uma guarda de filho não alcançada, por um patrimônio dividido, podem virar a chave e mudar a sua própria história.

Que as novas moradas

possam ostentar novas fotos coladas.

Cantos de abril.

Sergio Barbosa – Belo Urbano. Professor de Filosofia. Co fundador da Campanha Laco Branco. Gestor de projetos voltados para homens autores de violência contra a mulher. Pai de três pessoas maravilhosas. Adora plantas e verde.
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