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A Fome não é sonho!

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A fome me bate às 5 e 30 da manhã…
Toma água que passa! Tomo mas não passa….
Então a porta se abre e entram bandejas de comida, pão, café com leite, geleias, frios, mel, waffles, frutas, seguidas por ninfas flutuantes cantando “J’ai faim” ao som de harpas…
– Sshhhhh – digo num sussurro, – vocês vão acordar meu marido…
Em câmara lenta todos se voltam para mim e param, pairam no ar.
Os bandejeiros se curvam diante de mim com uma pirueta em câmera lenta.
Decido que é melhor levantar e gesticulo para que todos me sigam. Assim que fecho a porta do quarto os trompetes tocam.
Resolvida a desfrutar desse desjejum, dirijo-me à cozinha, sento à mesa e imediatamente, sentam- se nas 3 outras cadeiras, Luis Fenando Veríssimo, Coco Chanel e Pablito Picasso, cada um me perguntando, em seu idioma e ao mesmo tempo: você tem fome de quê?

Entre um gole e outro de café:
– De humor inteligente – digo ao Veríssimo que também toma um gole de café enquanto dá uma olhada no jornal que entra voando na cozinha, em busca de informação.
– da coragem de ir à luta com elegância, uma bela urbana – digo a Chanel, que pega a tesoura e corta meu cabelo chanel para parar de cair na salada de frutas.
– arte sempre! – respondo a um Picasso que está montando uma obra no prato de waffles com os frios, a geleia e finalizando com uvas…
– Sabe, na verdade, a lista é bem mais extensa, mas a mesa só tem quatro lugares – A algazarra de ninfas e trompetes quase ensurdecedora.

Chanel se levanta e começa a sair dizendo – Não abrace a fome do mundo, faça o que está a seu alcance que as peças do dominó passam a se ajeitar, uma dando um um empurrãozinho à próxima…

Pablo está na sala admirando uma reprodução de um de seus quadros – As cores do mundo existem, mesmo que alguns dias estejam em preto, branco e cinza como Guernica…

Luis Fernando Veríssimo não diz nada, pois sei que posso recorrer a seus textos atualizados quase que diariamente quando achar necessário.

A fome desiste de me bater por ora, termino meu café e o dia começa!

FOTO PERFIL Synnove

Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCCAMP. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês, com ênfase em Negócios. Nascida na Finlândia, mora no Brasil desde os 7 anos e vive atualmente em Campinas com o marido, com quem tem uma empresa de construção civil. Tem 3 filhos e 2 netas. Desde 2011 dedica-se às artes e afins em tempo quase integral – pois é preciso trabalhar para pagar as custas de ser artista – participando de exposições individuais e coletivas, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros.É do signo de Touro e no horóscopo chinês é do signo do Coelho. Contribui para o Belas Urbanas com suas experiências de vida.

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