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LULUZICES

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Não quero causar impacto, nem tampouco sensação! Mas nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.

Que bom que tudo muda o tempo todo no mundo!

Nós somos medo e desejo! É natural que seja assim, tanto pra você quanto pra mim…

A vida é mesmo assim: dia e noite, não e sim… Pode ser que o barco vire, mas também pode ser que não! Só que dessa história ninguém sabe o fim! E continuamos num indo e vindo infinito…

Mas enquanto isso, não nos custa insistir na questão de não deixar o desejo se extinguir!!

Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo. Acho que é bobagem a mania de fingir negando a intenção.

 

Pra que tanta complicação se é tão fácil de entender! Me dê a mão e vem ser a minha estrela!

Eu me recuso a admitir que amar é sofrer.

Me dá um beijo então, e veja que a vida passa lentamente, e a gente vai tão de repente que não sente saudades do que já passou…

Tolice é viver a vida assim, sem aventura… se é loucura, então melhor não ter razão…

 

Eu gosto tanto de você!

Já que consideramos justa toda forma de amor, quando um certo alguém desperta o sentimento é melhor não resistir e se entregar!

Pode estar certo que eu não vou me dar ao luxo de te perder! Porque o teu amor me cura de uma loucura qualquer. Deixo assim ficar subentendido… Eu quero crer no amor numa boa!

Isso é só uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor obrigação de acontecer!

Só vamos então deixar combinado: aqui é a vida real! É muito mais do que um sonho…

Todo mundo sonha em ter uma vida boa! Há tanta vida lá fora…

Se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer! Por que tudo passa, tudo sempre passará…

Não me faça esperar, há uma certa urgência…

Hoje o tempo voa, escorre pelas mãos! E como não há tempo que volte, vamos viver tudo que há pra viver! Vamos nos permitir…

Só ouço o som da minha própria voz a repetir: SOS, solidão!

Use a sua habilidade pra dizer mais sim do que não… Tudo o que cala fala mais alto ao coração.

Já que estou em tuas mãos, faz como entenderes. Mas eu não vou me dar ao luxo de te perder!

Eu não sei viver sem ter carinho, eu não sei viver triste e sozinho, eu não sei viver preso ou fugindo, é minha (única) condição (para ser feliz!). Se isso for algum defeito, por mim tudo bem!

Tem certas coisas que eu não sei dizer…Silenciosamente eu te falo com paixão…

Assim caminha a humanidade! Voltemos à estaca zero. Fica tudo igual… Normal!

Meu coração canta feliz!

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Denise Alcântara -Socióloga e professora, pessoa livre nas ideias, no pensamento e nas atitudes. Minhas inquietações me mobilizam e motivam o meu aprendizado constante.

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Renato Russo

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Renato Russo faria 55 anos dia 27 desse mês, ainda seria “jovem”, mas já se faz quase 19 anos que ele morreu. Muito jovem, por sinal.

Suas músicas embalaram minha adolescência. Na minha época de adolescente, ensino médio se chamava colegial e nossas agendas eram diários que marcavam não só as provas e aulas do dia, mas eram repletas de espaços musicais, onde escrevíamos pedaços de letras de músicas, “quem me dera ao menos uma vez acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes” ou então, “mas nos deram espelhos e vimos o mundo doente” ou ainda, ”será só imaginação? será que nada vai acontecer? será que é tudo isso em vão? será que vamos conseguir vencer?”, as letras do Legião estavam sempre impressas na minha agenda e das minhas amigas.

Renato Russo e sua Legião não embalaram só minha adolescência, mas todos os anos seguintes “sentia mesmo que era mesmo diferente, sentia que aquilo ali não era o seu lugar, ele queria sair para ver o mar…” já me senti assim também, quem não?  Até hoje as músicas do Legião tocam na minha trilha de preferidas “quem inventou o amor, me diga por favor”.

“Que pais é esse?” virou um clássico regravado por muitos, está na trilha sonora de novelas atuais e infelizmente atual mesmo depois de algumas décadas da sua composição, isso nos faz mais do que nunca pensar “que pais é esse?”, e Geração Coca-Cola “suas crianças derrubando reis, fazer comédia no cinema com as suas leis”, familiar não?

Será que Renato Russo estava tão à frente do seu tempo ou as coisas não mudaram muito desde então? A pergunta não quer calar.

O fato que é Renato Russo nos deixou um acervo rico, músicas que continuam a tocar, que falam de amor, da sociedade, que fazem críticas e que nos tocam.

Minha dica para a semana é ouvir Legião Urbana DOIS. Escolho uma música desse disco para compartilhar com vocês no meu “espaço musical” hoje virtual,  um trecho de  Daniel na Cova dos Leões onde ele fala de amor de uma forma nada óbvia.

“Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco”.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Adora ouvir e cantar as músicas do Legião Urbana 🙂

 

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A viola emudeceu

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No Dia da Mulher, a viola emudeceu!
Aos 90 anos, morreu a cantora, pesquisadora, compositora, violeira e apresentadora de TV Inezita Barroso.
Inezita viu tudo. Era um livro de história viva, daqueles com notas de rodapé e trilha sonora. A última testemunha ocular a ter caminhado sobre a própria linha do tempo da música sertaneja. Soube o que queria ser bem cedo, com 7 anos. Ou antes. O fato é que, enquanto saía do ventre de sua mãe, em pleno domingo de carnaval, na casa da Rua Conselheiro Brotero, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, passava em frente o Cordão Carnavalesco Camisa Verde, futura escola de samba com o mesmo nome.
As seis cordas não agradaram a mãe, que preferia ver a filha casada com um advogado ou farmacêutico, mas a música não parava de chamá-la. Quando ia passar férias em uma das fazendas da família, deixava as primas na casa grande, pulava a janela e ia ver os colonos tocando viola. No dia em que um violão caiu em suas mãos, ela atacou de Boi Amarelinho. E teve caboclo marmanjo chorando baixinho.
Quando chegou a década de 1960, Inezita já tinha ímpetos de pesquisadora. O mundo sertanejo era maior que o interior de São Paulo. Sertanejo não, ela não suportava essa nomenclatura por uma questão geográfica. “Sertanejo existe onde tem sertão. Aqui em São Paulo é música caipira. Por acaso, você já foi ao sertão de Jundiaí?”
Decidida a desbravar as profundezas do Brasil, conseguiu um Jipe e dirigiu até a Paraíba, onde iria gravar um filme sobre a Guerra do Paraguai. Foram dois meses de viagem, anotando literalmente todas as notas musicais que encontrava pelo caminho. Como não tinha gravador, escrevia uma a uma do que ouvia das culturas locais em folhas com pentagramas musicais.
Sua aventura rendeu história. Quando chegou a Salvador, testou as trações nas quatro rodas subindo de Jipe as escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.
Mais à frente, no interior da Bahia, ficou encantada por um cantador e passou a anotar rapidamente o que ele cantava, até que um caminhoneiro parou a seu lado ouvindo em alto volume a Rádio Nacional.
“Não consegui ouvir mais nada. Perdi o que aquele homem cantava.” Em outra cidade, resolveu testar sua mira. Apontou a espingarda que levava consigo para um objeto voador e atirou: “Caiu um urubu do meu lado, que horrível aquilo. Nunca mais dei um tiro”.
Sua derrota, uma das poucas da trajetória, se daria na volta. Inezita queria que alguma emissora de rádio ou de TV exibisse sua pesquisa.
Depois de levar o oitavo não, ela quebrou o violão, fez uma fogueira e jogou nas chamas todo o material recolhido pelo Brasil. Um jogo perdido dentre vitórias inquestionáveis, como os seus mais de 80 discos lançados, quase dez filmes e a conquista de uma autonomia artística em um programa de televisão na Cultura(Viola, Minha Viola), com 35 anos de duração, mostrando apenas a legítima música do Brasil.
Pensando bem, aquela fogueira não queimou nada. Tudo o que Inezita Barroso viu pelo País afora ficou bem guardado, fortalecendo a maior defensora das tradições culturais que o Brasil já teve.
Descanse em paz Inezita, e obrigado por tudo!

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Wilson Santiago – Brasileiro, natural de Potunduva SP, união estável, engenheiro de produção, pesquisador, corintiano, espiritualista, musico, poeta, produtor musical e do signo de áries.
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Você já apanhou? Gostou?

Eu sou de 1971, 43 anos, como muitos da minha geração, eu apanhei da minha mãe diversas vezes e também do meu pai (raras vezes), não me considero traumatizada por isso, ao contrário, por tudo o que minha mãe conta, se eu não tivesse apanhado talvez hoje fosse uma drogada, bandida ou uma vagabunda qualquer, perdida na vida, pois segundo ela eu era uma criança de temperamento difícil, muito questionadora, porém depois de já ser uma criança grande, a fera dentro de mim já domada, eu nunca questionei a minha mãe sobre se apanhar era certo ou errado, eu aceitava isso como verdade absoluta e inclusive tive muitas conversas com amigos e conhecidos e os relatos eram bem parecidos, comentários bem comuns e repetitivos sobre serem travessos e terem levado vários corretivos dos pais, ou seja, é mais comum essa situação, do quê ouvir alguém dizer: eu nunca apanhei dos meus pais, isso para mim significava: ou essa pessoa é uma santa, uma mosca morta ou os pais são santos ou não se preocupavam com a educação dessa pessoa, essa era minha crença até a bem pouco tempo atrás, eu nunca concebi a idéia de que alguém pudesse ser educado sem ter apanhado, eu sempre acreditei que eu mereci apanhar e que minha mãe me amou o suficiente para me bater e quando me dei conta do meu equívoco foi quando tive filhas e pela primeira vez li “Educar sem violência – Criando filhos sem palmadas” de Ligia Moreiras Sena e Andréia C.K. Mortensen, sobre esse não entrarei em detalhes mas foi crucial para que eu tivesse noção do quê não fazer com minhas filhas, esse me levou a outro livro maravilhoso e é dele que falarei agora, dito isso, vamos ao assunto.

“Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar” de Adele Faber e Elaine Mazlish, já me animou desde o princípio pois foi escrito por duas psicólogas com filhos e que trabalharam com  muitas famílias, elas tinham experiências positivas em como educar crianças e os comentários que encontrei eram todos excelentes.

 

Razões para lê-lo:

1- Se tem filhos e questionamentos sobre como educá-los.

2 – Se é professor ou avô ou avó.

3 – Se acredita que bater é somente para quem não tem argumentos adequados.

4 – Se quer educar seu filho de uma maneira amorosa, justa e mais tranquila dentro do possível.

5 – Se cansou de ler que criança tem que ter limites mas ninguém explica como dar os limites de uma maneira fácil, prática  e que funcione (eu já li vários livros sobre esse tema, inclusive Içami Tiba), mas nunca encontrei algo tão simples e com exemplos relevantes como nesse livro.

6 – Se você quer respeitar e ajudar seu filho a entender seus próprios sentimentos.

7 – Se alguma vez na vida já passou pela sua cabeça que todos deveriam ter um treinamento formal em Educação Infantil antes de serem pais ou mães.

 

Quero deixar alguns exemplos para que tenham um gostinho de como o livro é, mas somente do que eu já experimentei com minhas filhas ( 7 e 5 anos) e que funcionou:

Situação: Sapatos espalhados em lugares indevidos.

Eu costumava dizer (já em tom de irritação): Por favor recolham esses sapatos e ponham no lugar que vocês já sabem, será possível que eu tenho que falar isso quantas vezes???

Reação das crianças: Ás vezes elas iam no mesmo momento, mas muitas vezes elas ficavam fingindo que não era com elas, ou demoravam para recolher os sapatos, isso me deixava muito irritada e eu queria obediência no mesmo minuto e isso não acontecia, eu ficava uma pilha de nervos.

Agora eu apenas descrevo o que vejo (uma das habilidades que aprendi com o livro), eu digo com a voz mais calma que eu consigo (venho praticando muito para ter nervos de aço) eu digo tranquilamente: vejo sapatos fora do lugar e um milagre acontece no mesmo momento: elas não reclamam e vão retirar os sapatos e colocá-los no lugar correto, quando tentei isso pela primeira vez e funcionou eu nem acreditei, comecei a fazer isso com tudo o que posso, a luz está acesa, eu digo: luz acesa no banheiro, pronto, resolvido, no mesmo momento alguém apaga ou diz que não foi ela e a outra corre lá e apaga, criança não gosta de sermão e nem de tom de crítica o tempo todo, aliás ninguém gosta, o problema é que os pais perdem a paciência e com crianças é necessário ter paciência ilimitada.

Outra habilidade que o livro ensina é ajudar o filho a reconhecer os sentimentos dele, e com isso acalmar diversas situações que podem gerar uma birra ou fazer o pai perder a paciência, por exemplo: De manhã seu filho fica pouco colaborativo para se arrumar para ir a escola e diz não para tudo o que você quer que ele faça de boa vontade, você começa a ficar estressado porque sente que vai se atrasar, antes eu ficava muito irritada e

começava dizer que nos iríamos nos atrasar por culpa delas, etc, agora eu digo para elas com a voz calma: sei que estão com muito sono, eu também estou e é difícil fazer tudo isso com sono, mas sei que vocês querem ir para a escola (elas gostam mesmo de ir para a escola) então nós vamos conseguir e agora elas colaboram de verdade.

Mas de todas as situações positivas que já aconteceram até agora foi quando nós três, eu e minhas duas filhas resolvemos uma situação de conflito juntas, não fui eu quem ditou todas as regras, elas colaboraram e agora tudo melhorou.

Situação: como elas têm idades próximas as roupas não tinham dona pois os tamanhos são similares e eu utilizava as roupas da maneira que eu quisesse, mas conforme cresceram, elas começaram a reclamar e tive muitas discussões sobre isso antes de sair para um passeio, por exemplo, uma não queria emprestar para a outra a roupa que ganhou de aniversário mas nem iria usar, enfim, vários cenários de conflito em relação as roupas, recentemente apliquei a técnica que o livro ensina, nos sentamos com papel e caneta e a mais velha de 7 anos escrevia tudo o que pensávamos que poderia resolver as disputas, cada uma falava sua sugestão e no final escolhemos as melhores idéias e descartamos o que era inviável, o mais importante era ouvir tudo e anotar sem preconceitos, mesmo que fosse o mais absurdo que se possa imaginar,  as regras foram escritas e penduradas na geladeira, eu quase chorei de emoção, agora quando se inicia uma discussão sobre isso eu só falo para elas lerem o que está escrito no papel e imediatamente as coisas se ajeitam entre elas.

Enfim, ainda não consegui aplicar tudo o que li nesse livro maravilhoso, mas dentre todos o que li até agora, esse foi o que me deu mais ferramentas de ação com minhas filhas e resultados positivos, recomendo para todos os pais que como eu amam intensamente seus filhos e que não compram mais a idéia de que para educar uma criança é necessário a punição física, mas que sim acreditam em limites e em formar pessoas que respeitam os limites alheios e que também não acreditarão na violência como forma de educar seus próprios filhos.

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Eliane Ibrahim – Mãe de duas meninas de 7 e 5 anos, apanhou quando criança e não gostou, acredita que deve quebrar o ciclo de violência, já bateu em suas filhas e não gostou, também não funcionou, outras abordagens funcionaram melhor.
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“Niquelando Maçanetas”: Além do termo: “Animação”

Este texto não cumpre a função de resenhar um filme em específico. Na verdade, este texto irá cumprir uma tarefa que, na maioria das vezes, é extremamente difícil e fatigante: defender as chamadas “animações”.

Dentro da universidade, já me peguei discutindo muitas vezes acerca do local que a Psicologia abrigaria dentro da genealogia dos cursos. As engenharias estão de um lado, as humanas de outra, também existem as biológicas, as artísticas… Mas onde está a Psicologia? Depois de muito discutir, cheguei à conclusão de que o curso mais próximo à Psicologia é o Cinema. Cinema podendo ser inclusive utilizado aqui com o significado original da palavra: local de entretenimento, onde as pessoas se reúnem para experimentar as mais diversas emoções assistindo a filmes de ação, comédia, drama e… Animação.

Os filmes, apesar de ficcionais, são criados por pessoas reais e que viveram em contextos reais. Se o grande objetivo da Psicologia é entender a mente humana, então ela vem aqui ser uma ciência auxiliar na busca da compreensão do que há verdadeiramente por trás dos chamados “filmes de animação”. Ou seja: o que os criadores do filme querem realmente dizer ao colocarem esse filme nos cinemas e quais os valores que eles querem passar ao público.

É aqui que começa a tão falada “defesa da animação”. Em primeiro lugar, “animação” é um termo genérico que define TODAS as animações. Porém, existem animações de todos os tipos: comédia, drama, ação, aventura… O próprio termo contribui para certo preconceito para com as animações de maneira geral. Realmente, a maioria das animações envolve três gêneros principais: a comédia, a aventura e o drama. E é por abrigarem esses três gêneros que a grande maioria das animações faz as pessoas experimentarem um misto de emoções diferente do que elas sentem em outros filmes. Em um mesmo filme a pessoa ri, chora, fica tensa com o destino que um dos personagens terá, torce pelo herói. Torcemos por personagens que nem ao menos existem.

Mas então, onde fica a “defesa da animação”? Ora, o preconceito com a animação vem desde cedo, visto que junto da definição de “animação” vem também “isso é coisa de criança”, “já passei da idade”, “isso é muito infantil”. Então vamos a alguns fatos:

            – “O Rei Leão” arrecadou quase um bilhão de dólares nos cinemas mundiais, contando a história de um pequeno príncipe leão que teve o pai assassinado pelo próprio tio e teve de fugir do reino para não ser culpado pelo assassinato do próprio pai.

            – “Procurando Nemo” é um filme sobre um pai que tem a esposa e todos os filhos mortos por um serial killer, menos um: o próprio Nemo, que nasce deficiente e é seqüestrado. Seu pai então decide viajar pelo oceano em busca do próprio filho.

            – “Detona Ralph” é um filme no qual podemos ver a segregação contra aqueles que são considerados “vilões”. Temos a história de Ralph que, ao sentir-se desprezado por todos sai em busca do seu sonho, que na verdade sempre foi o sonho de ser reconhecido como alguém especial.      

            – “Wall-E” traz reflexões incríveis sobre como estamos agindo com relação à nossa verdadeira casa – o Planeta Terra – pela perspectiva de um pequeno robô, que parece ser o mais humano dos personagens presentes no filme.

E estes são só alguns exemplos de filmes – todos da Walt Disney – que mostram que os motes desses tão “infantis” filmes de animação, não são tão infantis assim. Isso porque as crianças não vão sozinhas ao cinema: os produtores dos filmes precisam fazer com que eles sejam atrativos para adultos também. E é aqui que as animações deixam de ser apenas “infantis” para tornarem-se filmes que podem ser apreciados igualmente por todas as idades. Elas trazem valores carismáticos enraizados na história de personagens irreais, mas que parecem tão humanos quanto ou mais do que os próprios humanos. Os valores podem ser absorvidos facilmente pelas crianças, enquanto uma análise mais profunda fica no papel dos próprios adultos.

Para falar de um exemplo meu: até os meus 17 anos eu também tinha um enorme preconceito para com qualquer filme de animação. Isso é decorrente da adolescência: a fase da vida em que as pessoas não gostam de ser chamadas de “crianças”, valorizam a “ordem social” imposta nos grupos da escola ou do condomínio e relevam, muitas vezes, as ordens dos pais ou de superiores. Isso é próprio da adolescência. Mas o que seria um adolescente senão uma criança tentando adormecer-se?

Foi apenas quando eu entrei para a faculdade e comecei a estudar e a entender as animações a fundo que eu descobri o quão belas elas podem ser. Quando se entende o verdadeiro mote, os verdadeiros valores por trás da animação, é que se compreende seu verdadeiro valor. E aí não há preconceito que barre o sonho.

É claro que isso pode ser transportado para a televisão de maneira não tão nítida: há alguns desenhos que simplesmente foram feitos pelo puro entretenimento, outros foram feitos para “educar”. De uma forma ou de outra, na televisão também podemos encontrar bons exemplos de animações que nos prendem, nos fazem gargalhar, porém nos fazem chorar também.

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Diogo Della Volpe – Estudante do segundo ano de Psicologia na PUC-Campinas, 19 anos, amante de mangás e animações. Espera sempre que a vida ganhe um pouco mais de cor e aprecia a arte da criação

 

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Para ler e refletir

Em tempos de intolerância como os vividos e vistos nos dias de hoje, especialmente nas redes sociais, minha dica de leitura é o “Diário de Anne Frank”.

O livro é uma história verídica escrito pela jovem judia Anne Frank no período de 12/06/1942 até 01/08/1944 de dentro do esconderijo, um sótão de uma casa/escritório em Amsterdã. Anne Frank ficou escondida nesse “anexo secreto” como chamavam o esconderijo juntamente com sua família (irmã, Mãe e Pai), a família Van Pels (o casal Auguste e Hermann e o filho Peter) e também o dentista Fritz Pfeffer. Contaram com a ajuda externa de algumas pessoas entre elas Miep Gies e Bep Vos Kuijl, duas secretárias da empresa que estava instalada no prédio,  sem as ajudas de pessoas externas teria sido impossível sobreviver por esse período escondidos.

Anne começou a escrever o diário com 13 anos, passou anos preciosos das novas descobertas da adolescência presa no esconderijo, com medo. O livro relata o seu dia a dia neste local, a visão de Anne em relação a guerra, as dificuldades que cresciam com o passar do tempo dentro do esconderijo, a forma que cada um lidava com essa situação limite e as comemorações com as notícias positivas vindas de fora. Ela também descreve seus conflitos internos, a dificuldade de conversar com mãe, a admiração pelo pai e o encantamento e amizade por Peter, o jovem que também estava escondido e que era da sua idade.

Li o livro duas vezes, na primeira eu tinha a idade de Anne e me colocava muitas vezes no seu lugar,  isso me causava uma grande tristeza ao imaginar a situação de estar presa  em anos tão maravilhosos da juventude, mas me consolova um pouco com seu “romance com Peter”. Me perguntava: Por que essa guerra?

Quanto li pela segunda vez, foi a há dois anos atrás, já adulta, madura, mãe, inclusive de um filho adolescente. Nesse momento o foco do meu olhar foi maior, desde a percepção de como Anne Frank escrevia bem, tinha clareza de ideias e me parecia uma menina muito mais madura do que as meninas de hoje com essa idade. Chorei em alguns momentos, especialmente quando ela relatava sobre seus sonhos de um futuro que não aconteceu, por saber que nunca aconteceu, me doeu profundamente. Outra questão que me chamou  a atenção, foi o comportamento das pessoas de dentro do esconderijo com posturas mesquinhas, escondendo comida dos demais, sem querer dividir e com a postura inversa, a generosidade das pessoas que os ajudaram de fora do esconderijo, colocando literalmente suas vidas em risco.

A edição definitiva possui fotos e textos inédidos, foi a segunda versão que li e é essa que indico por ser mais completa, contém 30% a mais de material que a primeira versão.

Enfim, uma questão ainda permanece sem resposta para mim. Por que as guerras? Por que tanta intolerância? A humanidade ainda precisa evoluir muito para conseguir resolver seus conflitos sem tanto sofrimento. O “Diario de Anne Frank” na minha opinião é uma leitura fundamental para qualquer pessoa em qualquer idade, pois nos da um “chacoalhão” sobre essa questão, nos faz refletir sobre a tolerância e a intolerância e suas consequencias individuais e na sociedade. Passaram-se mais de setenta anos do início da segunda Guerra Mundial, mas sinto que as sociedades estão muito aquém de serem HUMANAS.

Vale a reflexão e vale trazer essa questão para nosso comportamento diário. Afinal, intolerância, leva a radicalismos, que leva a guerras, que leva vidas…

Título: original: The diary of a young girl

Autora: Anne Frank

Tradução: Ivanir Alves Calado

Páginas: 349

35 edição – integral e revista. Única edição autorizada por Otto H. Frank e Mirjam Pressler

Editora Record Ltda.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi  – Bela urbana, idealizadora desse projeto, publicitária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www. modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.

 
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DICAS PARA PURA DIVERSÃO

Considerando que o atual momento da indústria cinematográfica está mais voltado para a interação dos espectadores, onde os efeitos especiais e a sonoridade são temas centrais de todo o conteúdo apresentado, e onde as sequencias se multiplicam como se elas por si só fossem garantia de sucesso e ainda mais onde os super-heróis estão cada vez mais defendendo e salvando o universo. Vale a pena intercalar esta sequencia com alguns filmes com conteúdo e poucos efeitos mirabolantes.

Assim indico um filme delicioso de 1991 estrelado por Susan Sarandon e Geena Davis chamado Thelma & Louise… você poderá dizer …JÁ VI….não importa e veja de novo…vale a pena. Revi recentemente e me encantei com esta estória deliciosa de duas donas de casa, casadas e muito amigas, que resolvem fazer uma viagem de fim de semana juntas e sem avisar os maridos, na procura pura de sair da rotina e testar novos componentes, só que as coisas não acontecem como elas esperavam e toma um caminho sem volta, com um desfecho pra lá de surpreendente, mas perfeitamente compreensível e aceitável… Tudo isso regado a uma paisagem majestosa no Arizona culminando com o Grand Canyon, Ainda vale pela participação em começo de carreira de Brad Pitt.

Outra dica é um filme bem recente chamado O Chefe estrelado por atores não muito conhecidos (Jon Favreau), mas com pequenas participações de Dustin Hoffman, Scarlett Johansson e Robert Downey Jr. O filme narra à estória de um chefe de cozinha que após comentários vorazes de um crítico culinário vê sua carreira terminada no restaurante que trabalhava, resolve então reiniciar trabalhando com um trailer onde prepara lanches maravilhosos junto com seu filho, que está em férias escolares, e um antigo companheiro de jornada. A viagem com esse velho trailer começa na Florida e atravessa vários estados até a Califórnia onde quer se instalar, porém os lanches que ele prepara ao longo da viagem fazem sucesso. O filme plasticamente é bem elaborado e é de dar água na boca quando ele prepara estes lanches. Diversão garantida.

Por outro lado, nas telinhas tupiniquins tivemos dois filmes que usaram cruzeiros marítimos, tão em moda no Brasil atualmente, como pano de fundo para contar suas narrativas. São comédias interessantes e que se aproveitam muito bem de seus personagens para nos deliciar com cenas hilariantes. Meu Passado me Condena com Fabio Porchat, no auge de sua energia cômica e Miá Melo. O outro é SOS Mulheres ao Mar com a beleza de Giovanna Antonelli, e suportada pela hilária Thalita Carauta, que encanta pelo senso cômico. O cinema brasileiro que parece ter nas comédias o seu motor não decepciona nestes dois longas.

Fernando

Fernando Costa – Economista pela Universidade Católica de Santos  e MBA em RH pela FIA/USP. Trabalhando e dedicando mais de 40 anos as atividades de Recursos Humanos em empresas multinacionais. Amante da 7ª arte, conhecer e vivenciar novos lugares, e contato com pessoas estão entre os meus alvos.
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Atualização de Software

Gosto de dizer que os filhos nos atualizam.

Eles, por assim dizer, trazem as novas versões aos nossos sistemas. Tenho uma filha adolescente e por causa dela conheço bandas chamadas Beirut e The Kooks e assisto a filmes como Saga Crepúsculo, A culpa é das Estrelas e Jogos Vorazes. Devo admitir que, ainda que não veja nos filmes infantojuvenis a mesma graça que alguém pertencente ao público a que é destinado, o fato é que me divirto muito, além de ficar “por dentro” do que “anda rolando” na cabeça do pessoal mais jovem. E por ser assim fiquei surpresa ao assistir ao último filme da saga Jogos Vorazes. Confesso que não li os livros, apesar de minha filha os ter na estante e, portanto, só vou tomando conhecimento da história na medida em que os filmes vão sendo lançados. Os dois primeiros não me chamaram a atenção. Mostravam os jogos propriamente ditos, nos quais um adolescente de cada Distrito deveria, anualmente, competir e suas ações eram transmitidos em tempo real a todos os 12 Distritos e à Capital. Esta última detinha o poder e tinha controle sobre todos. Vencia quem permanecesse vivo e o objetivo dos referidos  jogos era lembrar ao povo quais as consequências de eventuais levantes. Um tanto de aventura, outro tanto de ação, um romancezinho de fundo e a diversão está garantida. Até pra mim, devo admitir.

Mas o terceiro filme mexeu comigo. Não vou contar a história, é claro, para não atrapalhar o deleite de eventuais adultos ousados o bastante para ver os filmes, mas posso dizer que o seu sucesso me fez refletir. Na minha visão, o terceiro filme é um chamado à realidade. Tudo é fictício, mas é muito clara a correspondência com a vida real atual ou com um futuro próximo. O filme remete aos efeitos do abuso de poder (seja ele qual for) e quase incita uma rebelião.

Até aí, tudo bem. O que me surpreende é que aqueles que realizam e produzem os filmes por certo sabem o que eles significam, vistos por olhos mais atentos do que o de inexperientes adolescentes, mas  sequer receiam ser alvo de uma revolução de idéias, já que, em certa medida, representam aquilo mostrado como nocivo no filme.

A meu ver, contam com a cegueira generalizada dos jovens de todo o mundo.

O filme diverte, mas também adverte.

Vale a pena ver.

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MARIA CLAUDIONORA AMÂNCIO VIEIRA –  é formada em Direito pela Universidade Estadual Paulista – UNESP e é especialista em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho pela Universidade de Franca. Amante incondicional da Natureza Selvagem, grande apreciadora dos prazeres da vida, leitora contumaz e cinéfila por excelência.
 
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Um dos locais mais agradáveis da capital paulista.

A dica da estação é o Parque Ibirapuera, que além de ser um dos locais mais agradáveis da capital paulista, reúne um bom exemplo das opções culturais em artes visuais na cidade de São Paulo. Criado como um presente para a capital paulista no seu quarto centenário em 1954, o conjunto de prédios e marquise projetados por Oscar Niemeyer, e os jardins projetados por Roberto Burle Marx, trazem dentro deste espaço ótimas opções de contato com as artes.
Até 06 de dezembro a 31ª Bienal Internacional de artes de São Paulo, apresenta uma seleção de artistas de várias nacionalidades, e só pela sua importância se torna um programa obrigatório, mas cuidado vá com calma, porque não dá para ver tudo de uma vez só.

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MAC no Parque Ibirapuera

Já o novo MAC Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, que ocupa o edifício do antigo DETRAN, está repleto de mostras, e uma instalação imperdível do artista Henrique de Oliveira. Além disso, é obrigatória a visita ao terraço, que se torna atualmente uma das mais belas vistas da cidade.

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Instalação Henrique de Oliveira

A OCA apresenta por sua vez uma bela exposição em comemoração aos 60 anos de criação do próprio parque Ibirapuera, e outras mostras, que valem o passeio por este edifício tão singular e característico.
Na outra extremidade da marquise o museu Afro abre suas portas para uma infinidade de referencias fundamental para formação do nosso povo.

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A OCA no Parque Ibirapuera

Por fim, um simples passeio, ou sentar na grama numa bela sombra já valem o passeio pelo parque, que pode ter seu momento de contemplação absoluta numa visita ao jardim do pavilhão japonês.
Depois de um a tarde cheia de opções, sentar a beira do lago e ver a dança da fonte luminosa do lago do parque vale para fechar o dia com um cenário perfeito e no mínimo romântico.

jeff
Jeff Keese é arquiteto, produtor de exposições de arte, e durante 7 anos foi consultor do mapa das artes de São Paulo.
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Opinião: Livro ‘A Elegância do Ouriço’

Eu sempre gostei de ler, desde criança. De um tempo pra cá resolvi escrever um livro e descobri que o lado de lá é bem mais complicado. Agora, outra novidade: um convite do blog ‘Belas Urbanas’ para escrever sobre um livro!

No meio da proposta já pensava no romance ‘A elegância do ouriço’, primeiro livro da francesa Muriel Barbery, lançado em 2006 com grande sucesso lá na França, e em 2008 aqui no Brasil pela editora Companhia das Letras.

O romance conta o dia a dia de um prédio luxuoso num elegante bairro de Paris. Um livro bem francês, com um pouco de filosofia e toques de humor-negro.        As 352 páginas são divididas pelas narrativas de duas mulheres: Renée Michel, zeladora de meia idade que guarda segredos sobre quem realmente é e Paloma Josse, uma menina calada e revoltada que planeja o suicídio no aniversário de 13 anos.

Os capítulos são intercalados pela rotina de Renée e as escritas de Paloma em uma espécie de diário. A edição muda o tipo de letra quando cada uma protagoniza a história o que ajuda no entendimento, mas não torna o livro totalmente ‘fácil’.

Por conta de uma velha mania de sublinhar trechos e listar personagens, logo nas primeiras páginas me peguei fazendo o desenhinho de um prédio de seis andares, que foi sendo preenchido no avançar das páginas: os Pallières no 6o, os Josse no 5o, os De Broglie no 1o.

Os personagens são muitos, mas a concierge Renée é a minha preferida e provavelmente será a sua. Ela possui um mundo interno que vai muito além da percepção das pessoas que a cercam, e é assim que deseja que continue a ser. Tudo nela é singular. O gato se chama León em homenagem ao escritor Tolstói, porém essa associação simplesmente nunca foi feita no número 7 da Rue de Grenelle.

A amizade com Paloma rende uma troca fantástica de experiências e a chegada de Kakuro Ozu, um simpático senhor japonês, torna a história irresistível. É o Sr. Ozu que vai desvendar Renée e libertar o que há de melhor nela. A descrição do momento em que ele flagra a verdadeira personalidade da concierge através de uma citação de Anna Karenina é um primor.

Eu poderia descrever em alguns parágrafos o teor do livro, o comportamento das pessoas, mas não é isso que importa. É a forma como elas vem e vão e passam e ficam.

Experimente ‘A elegância do ouriço’! Confesso que nem todos os que leram por minha sugestão se identificaram de cara com o livro, porém os que chegaram ao final se encantaram e é por esse encantamento que eu continuo a indica-lo por aí.

Quando faltavam dez, quinze páginas para terminar a primeira leitura que fiz desse livro, eu me senti tensa, comecei a ‘economizar’ lendo devagar, desejando que demorasse um pouco mais para chegar ao fim.

Isso para mim, é a melhor sensação que um livro pode transmitir.

 

Título original: L’ ELÉGANCE DU HÉRISSON

Autora: Muriel Barbery

Tradução: Rosa Freire d’Aguiar

 Capa: Kiko Farkas / Máquina Estúdio e Elisa Cardoso/ Máquina Estúdio

 Páginas: 352

Selo: Companhia das Letras

Foto Carla Dias Young

Carla Dias Young, tem 44 anos é jornalista, (tenta ser) escritora e trabalha na empresa ‘Young.comunicação Consultoria em Comunicação e Licenciamento Ambiental’. Nasceu em Santos, mora em Campinas, é casada e tem dois cachorros e uma gata, todos vira-latas.