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Crônica de uma Pandemia Anunciada

A realidade me fode, talvez por isso eu tenho evitado tanto sonhar. É difícil ter que acordar. Eu tenho me sentido inútil, desnecessário, como se o mundo me quisesse fora, antes ele só não se importava comigo, mas agora ele me nota e me deseja a morte. Mas como matar o que morto já está?

Dramático, né? Eu sei, mas é que tudo que não penso, sinto e eu sinto muito, sinto pra caralho, como um intelectual frustrado, como um escritor com o ego machucado, como profissionais da saúde constantemente ignorados!

Eu minto que tá tudo bem, pinto o quadro do sujeito isolado, mas eu queria alguém do meu lado para chorar, desabafar no ombro amigo, devidamente esterilizados, ambos mascarados, mas com isso eu já estou acostumado, como falei, eu minto, por que eu me sinto um otário quando ainda vejo bares lotados de retardados, alheios ao sofrimento alheio, bicho, eu to cansado…

De tudo e de nada, essa vida, esse dias mal dormidos, esse apocalipse que não chega, tudo é tão ínfimo e vazio, mas ainda assim me enche de medos, anseios, álcool com remédios, insônia e depressão, tesão reprimido, amores omitidos, tudo que eu não disse, tudo o que eu não fiz, tudo o que eu suportei, todos os sapos radioativos que engoli, todos os outros vírus que eu já matei, todas as vezes que eu morri!

Eu queria usar o humor como válvula de escape, mas até isso me escapou e foi pra puta que pariu! Volta aqui, me leva, qualquer coisa é melhor que morrer por conta da incompetência abissal do nosso líder nacional!

Quando tudo desmoronou que a gente não viu? Ou viu e preferiu não ver? É de foder, mas nem é de sexo que eu estou falando, é da agonia, da melancolia, da pandemia, da porra do presidente, da sua corja nazista, racista, machista, eu poderia continuar com muito mais “istas”, mas vamos falar de coisa boa? Vamos falar das lives no insta?

Eu sou hipócrita demais, quando você não entende a minha ironia, o burro é você ou sou eu? Talvez nós dois, de mãos dadas, dois burros alados, caminhando rumo ao precipício ou ao fundo do poço, mas relaxa, não seja pessimista, talvez a gente dê sorte, talvez a gente pule e já esteja transbordado com o gado afogado, eles servirão de ponte para atravessarmos até o outro lado…

Amigo, eu não quero ser um fardo, se eu começar a rir e delirar, me deixe aqui e siga sem olhar pra trás, siga até o próximo paradoxo, porque esse texto já tá muito extenso, eu lhe peço, por caridade, enxergue uma nova realidade, veja o nosso futuro utópico, num Brasil distópico, onde a loucura é a verdade, onde ciência é piada, onde homens grisalhos e de ternos amadeirados sugerem a morte aos menos afortunados, onde celebraremos e reviveremos todas as merdas do passado.

Não, não, não. Espera! Caralho, não era essa estrada, acho que a gente foi pro lado errado!

A verdade irmão, é que ninguém se importa, todos preocupados com o próprio rabo, mas é necessário, temos que sobreviver ao caos e se alguém me disser: “Vai ficar tudo bem”. Eu digo “você está bem? Ah que bom, eu também! :)”

Lucas Alberti Amaral – Belo urbanonascido em 08/11/87. Publicitário, tem uma página onde espalha pensamentos materializados em textos curtos e tentativas de poesias  www.facebook.com/quaseinedito  (curte lá!). Não acredita em horóscopo, mas é de Escorpião, lua em Gêmeos com ascendente em Peixes e Netuno na casa 10. Por fim odeia falar de si mesmo na terceira pessoa.
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