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Feliz Mês das Mães para a mulher que não é mãe

E chega maio, o Mês das Mães e do meu aniversário. 4.2 neste ano…

Estranho ver como as cobranças externas desde os 30 não mudaram muito: o sucesso na profissão (check It), a independência financeira (check It), os cuidados com o corpo que já não é mais o mesmo dos vinte (check It – com parcimônia), o marido e os filhos…. Xiii, daí complicou!

Será que complicou? Vou me ater aos fatos, aos meus fatos (lembrando, cara leitora e leitor, que não estou querendo polemizar ou caçar likes, apenas refletir)…

Como quase toda menina da minha geração, anos 80, cresci ainda acreditando no príncipe encantado (como já expus em outro texto, meu negócio acaba sempre sendo o sapo… Enfim… Vai lá ler se te interessar)! E dentro do mundo encantado do príncipe, fiz meus planos contando com o seguinte roteiro: me formar, arrumar um emprego, casar e ter filhos. Ah, como eu queria ser mãe. Era um sonho e era um sonho real!

Pois bem, cheguei aos trinta com a profissão e o emprego que escolhi e sem marido. As cobranças internas e externas vieram… Depois, chegaram os quarenta… E a pressão do corpo aumentou.

Vieram os sobrinhos e vi que sou sim um ser maternal e cheio de amor… Mais cobranças…

Durante uns bons anos, essa foi uma questão delicada… Eu diria até que motivo de frustração. Muitas horas e horas de terapia depois, veio a consciência de que minhas escolhas, entre elas as profissionais, me afastaram do modelo encantado do casamento e dos filhos. Flertei com o primeiro, nunca cheguei perto do segundo.

Já me senti muito menos mulher por isso. Já me peguei pensando: “quem vai cuidar de mim na velhice?”

Eita pensamento besta! Basta eu lembrar de quantos idosos são abandonados pelos filhos em casas de repouso, clínicas como são chamadas agora! Essa cobrança passou!

“E quem vai perpetuar minha existência?” Eita pensamento egoísta! Se eu preciso de outro ser humano, uma mini me ou um mini me, para ser lembrada, daí que ferrou tudo de vez!

Pensei até em adotar para cumprir o roteiro da Marina adolescente. Daí vi novamente o egoísmo me bater com tapa de luva de pelica… Eita mulher caprichosa!

Chego aos 4.2 festejando o Dia das Mães com a minha mãe, graças a Deus; lembrando das minhas avós que já se foram; celebrando a minha irmã, que me deu os meus pitucos mais amados, e comemorando a oportunidade de ter minhas “mães” de coração, que me adotaram como filha e zelam por mim.

Passei o Dia das Mães em festa, sem o peso das cobranças internas ou externas… Sem me culpar por ser uma mulher com mais de quarenta sem filhos. Não me lembro de ter feito isso em outros anos, sem as amarras da culpa.  E como foi bom festejar e brindar a isso, sem me amargurar, muito menos sem me sentir menos mulher.

Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 42 anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!
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