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Fragmentos de um diário – 33 – Poeira ao vento

20 de julho, 14h27, inverno. Hoje resolvi abrir as janelas.

Deixei fechada para não entrar poeiras, para o vento não bagunçar meus enfeites, para não ser surpreendida pelas folhas da árvore na minha sala que chegam com a janela aberta.

Me disseram que janelas fechadas dão menos trabalho. Nunca questionei se eu queria mesmo menos trabalho. Só aceitei e fechei as janelas.

Hoje, precisamente agora, olhei todas fechadas. Me senti além de confinada na casa, na alma. Olhei para frente e vi janela fechada. Olhei para dentro da alma e me dei conta de que a poeira é vida, que as folhas brincam com meu humor e que o vento se faz vivo ao derrubar meus enfeites.

Abri as janelas com pressa para que vento entrasse bem rápido e bagunçasse além dos enfeites, meus cabelos. Para que eu movimentasse e aquecesse meu corpo com a entrada do sol, sem o filtro do vidro. Para que eu percebesse as folhas secas, que assim como a vida, voam com o vento.

Janela aberta. Alma escancarada.

Giza Luiza – 51 anos – dia 20 de julho

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa . 

A personagem Giza Luiza do “Fragmentos de um diário” é uma homenagem a suas duas avós – Giselda e Ana Luiza
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