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O velho livro

Vindo de uma família de leitores, cresci com livros em qualquer espaço onde eles coubessem.

Estantes e prateleiras cheias de livros para aumentar e saciar curiosidades.

Mas foi um dia, revirando uma estante na casa da minha avó que eu encontrei o primeiro livro que eu iria ler mais de uma vez.

Nesse dia, jovenzinha eu, apenas 12 ou 13 anos, achei um livro atrás  da coleção de discos de vinil do Beethoven, meu avô amava música clássica.

Meu avô já havia nos deixado, então, nunca tive a chance de perguntar de onde esse livro veio.

O livro se chama Désirée e a escritora se chama Annemarie Selinko. Tinha rabiscos de criança do lado de dentro da capa, um desenho de um gatinho, mas nem minha mãe ou meus tios lembravam de ter visto ou rabiscado esse livro. O livro era uma edição dos anos 50, todo amarelado, cheirava velho e poeira. 

Eu lembro minha avó dizendo que esse livro não era para mim, eu era muito jovem para apreciar o conteúdo. Na verdade, acho que ela disse isso só para fazer meu lado turrão aflorar e teimar em ler o livro. 

Eu já era apaixonada por histórias, sempre fui, desde aquela primeira aula na escola primária.

O livro é grande, centenas de páginas, comecei a ler e me encantei. Me apaixonei pela história, demorou para eu ler. Quando passei da metade do livro, descobri que haviam duas páginas em branco, erro de impressão. 

E agora? Desastre?  Bom, continuei lendo, encantada com a história de amor entrelaçadas com guerras, tristezas e reviravoltas… terminei o livro e aquelas páginas em branco não saíram da minha cabeça, mas como a gente cresce, eu acabei colocando as páginas lá no fundo do baú.

Até que um dia minha mãe me comprou uma versão nova do livro, um presente, eu já tinha mais de 25 anos, as páginas estavam lá…

Não havia como só ler duas páginas, então resolvi ler o livro todo novamente e dessa vez a história foi por inteira.

O livro que eu achei na casa dos meus avós eu acabei perdendo, mas o que minha mãe me deu tem um gatinho na capa do lado de dentro desenhado pelo meu filho.

Ana Carolina Beresford – Bela Urbana, trabalha numa caridade que ajuda pessoas com deficiências físicas e mentais a locomoverem-se, sente muito orgulho do seu trabalho. Adora animais e viajar sempre que pode.
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