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Renato Russo

Renato_Russo

Renato Russo faria 55 anos dia 27 desse mês, ainda seria “jovem”, mas já se faz quase 19 anos que ele morreu. Muito jovem, por sinal.

Suas músicas embalaram minha adolescência. Na minha época de adolescente, ensino médio se chamava colegial e nossas agendas eram diários que marcavam não só as provas e aulas do dia, mas eram repletas de espaços musicais, onde escrevíamos pedaços de letras de músicas, “quem me dera ao menos uma vez acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes” ou então, “mas nos deram espelhos e vimos o mundo doente” ou ainda, ”será só imaginação? será que nada vai acontecer? será que é tudo isso em vão? será que vamos conseguir vencer?”, as letras do Legião estavam sempre impressas na minha agenda e das minhas amigas.

Renato Russo e sua Legião não embalaram só minha adolescência, mas todos os anos seguintes “sentia mesmo que era mesmo diferente, sentia que aquilo ali não era o seu lugar, ele queria sair para ver o mar…” já me senti assim também, quem não?  Até hoje as músicas do Legião tocam na minha trilha de preferidas “quem inventou o amor, me diga por favor”.

“Que pais é esse?” virou um clássico regravado por muitos, está na trilha sonora de novelas atuais e infelizmente atual mesmo depois de algumas décadas da sua composição, isso nos faz mais do que nunca pensar “que pais é esse?”, e Geração Coca-Cola “suas crianças derrubando reis, fazer comédia no cinema com as suas leis”, familiar não?

Será que Renato Russo estava tão à frente do seu tempo ou as coisas não mudaram muito desde então? A pergunta não quer calar.

O fato que é Renato Russo nos deixou um acervo rico, músicas que continuam a tocar, que falam de amor, da sociedade, que fazem críticas e que nos tocam.

Minha dica para a semana é ouvir Legião Urbana DOIS. Escolho uma música desse disco para compartilhar com vocês no meu “espaço musical” hoje virtual,  um trecho de  Daniel na Cova dos Leões onde ele fala de amor de uma forma nada óbvia.

“Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco”.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Adora ouvir e cantar as músicas do Legião Urbana 🙂

 

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DICAS PARA PURA DIVERSÃO

Considerando que o atual momento da indústria cinematográfica está mais voltado para a interação dos espectadores, onde os efeitos especiais e a sonoridade são temas centrais de todo o conteúdo apresentado, e onde as sequencias se multiplicam como se elas por si só fossem garantia de sucesso e ainda mais onde os super-heróis estão cada vez mais defendendo e salvando o universo. Vale a pena intercalar esta sequencia com alguns filmes com conteúdo e poucos efeitos mirabolantes.

Assim indico um filme delicioso de 1991 estrelado por Susan Sarandon e Geena Davis chamado Thelma & Louise… você poderá dizer …JÁ VI….não importa e veja de novo…vale a pena. Revi recentemente e me encantei com esta estória deliciosa de duas donas de casa, casadas e muito amigas, que resolvem fazer uma viagem de fim de semana juntas e sem avisar os maridos, na procura pura de sair da rotina e testar novos componentes, só que as coisas não acontecem como elas esperavam e toma um caminho sem volta, com um desfecho pra lá de surpreendente, mas perfeitamente compreensível e aceitável… Tudo isso regado a uma paisagem majestosa no Arizona culminando com o Grand Canyon, Ainda vale pela participação em começo de carreira de Brad Pitt.

Outra dica é um filme bem recente chamado O Chefe estrelado por atores não muito conhecidos (Jon Favreau), mas com pequenas participações de Dustin Hoffman, Scarlett Johansson e Robert Downey Jr. O filme narra à estória de um chefe de cozinha que após comentários vorazes de um crítico culinário vê sua carreira terminada no restaurante que trabalhava, resolve então reiniciar trabalhando com um trailer onde prepara lanches maravilhosos junto com seu filho, que está em férias escolares, e um antigo companheiro de jornada. A viagem com esse velho trailer começa na Florida e atravessa vários estados até a Califórnia onde quer se instalar, porém os lanches que ele prepara ao longo da viagem fazem sucesso. O filme plasticamente é bem elaborado e é de dar água na boca quando ele prepara estes lanches. Diversão garantida.

Por outro lado, nas telinhas tupiniquins tivemos dois filmes que usaram cruzeiros marítimos, tão em moda no Brasil atualmente, como pano de fundo para contar suas narrativas. São comédias interessantes e que se aproveitam muito bem de seus personagens para nos deliciar com cenas hilariantes. Meu Passado me Condena com Fabio Porchat, no auge de sua energia cômica e Miá Melo. O outro é SOS Mulheres ao Mar com a beleza de Giovanna Antonelli, e suportada pela hilária Thalita Carauta, que encanta pelo senso cômico. O cinema brasileiro que parece ter nas comédias o seu motor não decepciona nestes dois longas.

Fernando

Fernando Costa – Economista pela Universidade Católica de Santos  e MBA em RH pela FIA/USP. Trabalhando e dedicando mais de 40 anos as atividades de Recursos Humanos em empresas multinacionais. Amante da 7ª arte, conhecer e vivenciar novos lugares, e contato com pessoas estão entre os meus alvos.
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Atualização de Software

Gosto de dizer que os filhos nos atualizam.

Eles, por assim dizer, trazem as novas versões aos nossos sistemas. Tenho uma filha adolescente e por causa dela conheço bandas chamadas Beirut e The Kooks e assisto a filmes como Saga Crepúsculo, A culpa é das Estrelas e Jogos Vorazes. Devo admitir que, ainda que não veja nos filmes infantojuvenis a mesma graça que alguém pertencente ao público a que é destinado, o fato é que me divirto muito, além de ficar “por dentro” do que “anda rolando” na cabeça do pessoal mais jovem. E por ser assim fiquei surpresa ao assistir ao último filme da saga Jogos Vorazes. Confesso que não li os livros, apesar de minha filha os ter na estante e, portanto, só vou tomando conhecimento da história na medida em que os filmes vão sendo lançados. Os dois primeiros não me chamaram a atenção. Mostravam os jogos propriamente ditos, nos quais um adolescente de cada Distrito deveria, anualmente, competir e suas ações eram transmitidos em tempo real a todos os 12 Distritos e à Capital. Esta última detinha o poder e tinha controle sobre todos. Vencia quem permanecesse vivo e o objetivo dos referidos  jogos era lembrar ao povo quais as consequências de eventuais levantes. Um tanto de aventura, outro tanto de ação, um romancezinho de fundo e a diversão está garantida. Até pra mim, devo admitir.

Mas o terceiro filme mexeu comigo. Não vou contar a história, é claro, para não atrapalhar o deleite de eventuais adultos ousados o bastante para ver os filmes, mas posso dizer que o seu sucesso me fez refletir. Na minha visão, o terceiro filme é um chamado à realidade. Tudo é fictício, mas é muito clara a correspondência com a vida real atual ou com um futuro próximo. O filme remete aos efeitos do abuso de poder (seja ele qual for) e quase incita uma rebelião.

Até aí, tudo bem. O que me surpreende é que aqueles que realizam e produzem os filmes por certo sabem o que eles significam, vistos por olhos mais atentos do que o de inexperientes adolescentes, mas  sequer receiam ser alvo de uma revolução de idéias, já que, em certa medida, representam aquilo mostrado como nocivo no filme.

A meu ver, contam com a cegueira generalizada dos jovens de todo o mundo.

O filme diverte, mas também adverte.

Vale a pena ver.

Foto Claudionora

MARIA CLAUDIONORA AMÂNCIO VIEIRA –  é formada em Direito pela Universidade Estadual Paulista – UNESP e é especialista em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho pela Universidade de Franca. Amante incondicional da Natureza Selvagem, grande apreciadora dos prazeres da vida, leitora contumaz e cinéfila por excelência.
 
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Opinião: Livro ‘A Elegância do Ouriço’

Eu sempre gostei de ler, desde criança. De um tempo pra cá resolvi escrever um livro e descobri que o lado de lá é bem mais complicado. Agora, outra novidade: um convite do blog ‘Belas Urbanas’ para escrever sobre um livro!

No meio da proposta já pensava no romance ‘A elegância do ouriço’, primeiro livro da francesa Muriel Barbery, lançado em 2006 com grande sucesso lá na França, e em 2008 aqui no Brasil pela editora Companhia das Letras.

O romance conta o dia a dia de um prédio luxuoso num elegante bairro de Paris. Um livro bem francês, com um pouco de filosofia e toques de humor-negro.        As 352 páginas são divididas pelas narrativas de duas mulheres: Renée Michel, zeladora de meia idade que guarda segredos sobre quem realmente é e Paloma Josse, uma menina calada e revoltada que planeja o suicídio no aniversário de 13 anos.

Os capítulos são intercalados pela rotina de Renée e as escritas de Paloma em uma espécie de diário. A edição muda o tipo de letra quando cada uma protagoniza a história o que ajuda no entendimento, mas não torna o livro totalmente ‘fácil’.

Por conta de uma velha mania de sublinhar trechos e listar personagens, logo nas primeiras páginas me peguei fazendo o desenhinho de um prédio de seis andares, que foi sendo preenchido no avançar das páginas: os Pallières no 6o, os Josse no 5o, os De Broglie no 1o.

Os personagens são muitos, mas a concierge Renée é a minha preferida e provavelmente será a sua. Ela possui um mundo interno que vai muito além da percepção das pessoas que a cercam, e é assim que deseja que continue a ser. Tudo nela é singular. O gato se chama León em homenagem ao escritor Tolstói, porém essa associação simplesmente nunca foi feita no número 7 da Rue de Grenelle.

A amizade com Paloma rende uma troca fantástica de experiências e a chegada de Kakuro Ozu, um simpático senhor japonês, torna a história irresistível. É o Sr. Ozu que vai desvendar Renée e libertar o que há de melhor nela. A descrição do momento em que ele flagra a verdadeira personalidade da concierge através de uma citação de Anna Karenina é um primor.

Eu poderia descrever em alguns parágrafos o teor do livro, o comportamento das pessoas, mas não é isso que importa. É a forma como elas vem e vão e passam e ficam.

Experimente ‘A elegância do ouriço’! Confesso que nem todos os que leram por minha sugestão se identificaram de cara com o livro, porém os que chegaram ao final se encantaram e é por esse encantamento que eu continuo a indica-lo por aí.

Quando faltavam dez, quinze páginas para terminar a primeira leitura que fiz desse livro, eu me senti tensa, comecei a ‘economizar’ lendo devagar, desejando que demorasse um pouco mais para chegar ao fim.

Isso para mim, é a melhor sensação que um livro pode transmitir.

 

Título original: L’ ELÉGANCE DU HÉRISSON

Autora: Muriel Barbery

Tradução: Rosa Freire d’Aguiar

 Capa: Kiko Farkas / Máquina Estúdio e Elisa Cardoso/ Máquina Estúdio

 Páginas: 352

Selo: Companhia das Letras

Foto Carla Dias Young

Carla Dias Young, tem 44 anos é jornalista, (tenta ser) escritora e trabalha na empresa ‘Young.comunicação Consultoria em Comunicação e Licenciamento Ambiental’. Nasceu em Santos, mora em Campinas, é casada e tem dois cachorros e uma gata, todos vira-latas.