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Meu relicário

Quando não sei o nome de algo, sofro para entender o que está acontecendo e a partir
daí construir sentidos. Não soube nomear muitas situações ao longo da minha vida,
nessas horas deixei que as emoções e sensações falassem por si só. Aos poucos, fui
conseguindo expressar melhor os sentimentos para assimilar melhor algumas percepções.

Tento, sempre que possível, fazer uma autoanálise para encontrar palavras escondidas
aqui e ali, e assim, entender melhor as experiências que vivencio no dia a dia.

Nas experiências da morte e do luto, busco recolher sentidos para compor meu relicário.
Para nomear as experiências, vou lembrando de histórias e assim, garimpando
preciosidades para guardar…

Minha bisavó dizia que eu nasceria no mesmo dia e mês que ela. Essa conjunção astral na
verdade não ocorreu. Escorreguei pelo ventre da minha mãe um dia antes da profecia da
bisa e um mês depois da sua morte. Esse fato marcou minha chegada ao mundo.

Quando eu nasci, fiquei sem nome por uma semana. Como meus irmãos tinham nomes
que iniciavam com a letra T, foram sete dias para encontrar algo que se encaixasse com
essa tradição familiar. Gosto, pois, silabicamente, é quase o mesmo nome de frente para
trás e vice-versa: Thalita – Talitha. Nunca entendi o efeito da letra H, mas compreendi um
elemento de força nele, por isso mesmo, vinte e quatro anos depois, repeti este enigma do
agá no nome do meu filho, Arthur.

Assim como o nome nos marca em nossa existência, compreender a vida pela imposição
da morte tornou-se um processo contínuo para mim. Minha lembrança mais marcante da
sensação de morrer foi quando vi minha avó pegar um cabo de vassoura e ir decidida até
o galinheiro no fundo do quintal. Estranhei ela pegar uma galinha pelos pés e, agilmente,
prender seu pescoço no cabo de vassoura sobre o chão. A asfixia reverberou em batidas
de asas desesperadas e, ao fim, ouvi um som estridente e estranho. Um assassinato
acabava de acontecer! Eu senti um vazio no estômago e uma ânsia, fiquei zonza como se
me faltasse ar. Após isso, o corpo da ave foi levado de ponta cabeça para um panelão de
água fervente. Depenamos a defunta e depois, abrimos sua barriga e separamos os
órgãos. “Cuidado com o fel”, disse a minha avó, “pode azedar a carne e estragar tudo”. Essa
rotina era, para ela, algo mecânico e necessário para a rotina do lar. Minha avó diz com
orgulho que foi a primeira mulher a vender frango limpo em sua cidade e me mostrou que
canja com pés de galinha é a melhor alimentação quando alguém está doente. Com o
episódio da galinha, entendi melhor quando as pessoas diziam que “perdiam o chão” com
a morte de alguém.

Em meu relicário, guardei uma pena.

Certa vez, numa aula de matemática onde reinava um silêncio amedrontador, bateram na
porta, era a diretora que, com os olhos preocupados, sussurrou algumas palavras no
ouvido esquerdo da professora que, aos poucos, foi ficando estarrecida até que pôs as
mãos na boca. Percebi que algo não estava bem. A diretora chamou a minha melhor amiga
e pediu para ela pegar o seu material e ir se encontrar com a mãe que a esperava em sua
sala, lá embaixo. Minha amiga saiu da sala sem entender nada. Na porta, vimos que
começou a chorar e foi abraçada pela diretora. Soubemos depois que seu pai tinha
morrido. Pouco falamos sobre isso. Quando ela retornou, dias depois, percebemos que
Ponto Final
evitava conversar sobre o assunto e nós fingíamos que nada tinha acontecido.

Em meu relicário, guardei uma folha de caderno em branco.

Quando meu pai fez quarenta anos, eu achei que ele ia morrer. Estava com nove anos e,
não sei bem o porquê, quarenta representava, para mim, o final da linha. Durante a sua
festa de aniversário eu ficava pelos cantos chorando, olhava para ele e achava que não o
teria por muito tempo. Minha mãe percebeu minha desgraça e conversou comigo. Ele
sobreviveu, passa bem e está hoje com sessenta e quatro anos. Exatamente dez anos a
menos do que a idade que meu avô tinha quando almoçou, foi dormir e morreu. Foi minha
irmã quem me avisou. Tinha acabado de voltar da escola, era final de tarde, ela olhou para
mim e, como se fosse um comunicado oficial, anunciou “o vô morreu, o pai e a mãe foram
lá para resolver as coisas”. Acho que sua confusão também era tão grande que ela soube
apenas voltar ao que estava fazendo e eu mergulhei à deriva em pensamentos confusos e
muitas lembranças. Perder alguém bem próximo é assim, acontece em um dia comum,
daqueles que você acorda, toma café, organiza a casa, vai para a escola ou para o trabalho,
volta e descobre que terá um velório naquela mesma noite.

Em meu relicário, guardei a lembrança de um pôr do sol.

Depois aconteceu com a Madonna, minha cachorra. Ao que parece o rim foi perdendo a
vitalidade. Pouco se falou da história. Ela foi levada ao veterinário e não voltou mais. Só fui
sentir o vazio dessa perda um tempo depois, ao rever uma foto dela, em que tive a
consciência de que nunca mais me aninharia em seus pelos ou dormiria aconchegada em
sua barriga. Não pude ritualizar uma despedida, talvez nem saberia o que fazer ou talvez
teria medo ou vergonha de expressar o que sentia.

Em meu relicário, guardei uma loba.

Ainda criança, minha avó sempre me levava ao cemitério. Quinzenalmente ela limpava os
túmulos dos conhecidos e levava flores frescas. Lembro dela praguejar àqueles que
deixavam flores de plástico por ali e me advertia que se fizessem isso com ela viria puxar
os nossos pés à noite. Me impressionava com o silêncio do lugar, com as fotos
descoloridas, os nomes e as datas. Exercitava os cálculos matemáticos para saber o tempo
de vida daquelas pessoas. Quando calculava uma existência com menos de cinco anos,
sentia um frio na nuca e uma tristeza desoladora. Acho que minha avó percebia e, para me
tirar do torpor, me perguntava se eu lembrava onde meu avô estava enterrado.

Em meu relicário, guardei mensagens de esperança.

Vinte e três de agosto é, para mim, uma data marcante. Foi quando meu tio/irmão morreu
de leucemia. O tratamento disponível possibilitou dezesseis dias para uma despedida que
jamais imaginaríamos fazer. Foi algo brusco! Ele fez parte daquela baixa porcentagem de
pessoas que apresentaram reações adversas por uma medicação. Tinha trinta e três anos.
Nesse dia, os médicos ligaram e pediram para a família ir até o hospital, minha mãe ficou
tão desolada que eu senti que precisava segurar a onda. Essa tensão gerou um epicentro
emocional e o tsunami me devastou, mas deixou o essencial para que permanecesse em
pé. Enquanto recolhia os cacos aqui e ali, me sentia navegando num singelo barco num
mar de águas profundas como se algo e não eu, controlasse meu percurso. Em pouco
tempo me casei, tive meu primeiro filho e um dia sonhei com meu tio/irmão onde me
abraçou e desejou paz, amor e luz. Foi muito bom!

Em meu relicário, guardei sonhos.

O tempo passou, mudei de cidade e sofri um aborto espontâneo. Perdi uma vida
intrauterina de dez semanas. Chamei-a de Catarina. Seu coração não bateu. Em meio ao
sangue e a dor das contrações de expulsão, fui arrumar o guarda-roupa e no silêncio
desse momento, encontrei apoio em meu companheiro e ao meu filho. Senti vergonha,
não sei por quê. Parecia que as pessoas próximas tinham medo de conversar comigo e o
que eu mais precisava naquele momento era de colo, de carinho e só fui conseguir
quando minhas avós me acolheram certo dia e narraram sobre suas experiências
abortivas. Com elas, eu pude entender que situações ruins acontecem e não temos
controle algum sobre elas, simplesmente fazem parte da Vida.

Em meu relicário, guardei o símbolo do infinito.

Como diz meu pai, coisas boas e ruins acontecem com todos. A cada nova experiência de
entrada ao mundo de Perséfone, a deusa grega do submundo e das estações, uma nova
marca na minha alma. Como tatuagens, tornam-se rituais de passagens que me ensinam a
estar à altura nesse momento tão misterioso.

Dizem que luto envolve luta. Mas quem, nesses momentos, tem forças? Para mim, tem
sido experiência solitária. Uma travessia constante por entendimento, uma jornada
noturna pelo silêncio.

Aos poucos encontro meu bando: pessoas que escolho compartilhar vivências e que me
acolhem como se estivessem bebendo água fresca com a mão em formato de conchinha.
Com respeito, me escutam sem julgar e me presenteiam, numa troca sincera, com as suas
histórias. Formamos círculos. Essas pessoas me apoiam e me fortalecem de tal forma que
me sinto aconchegada em uma colcha de retalhos macia e protetora.

Em busca de um santuário, vou para baixo de uma árvore. É ali que sinto saudades dos
que já se foram. Observo o farfalhar das folhas, sinto a textura do tronco e a magnitude
das raízes. O vento no rosto reverbera o voo dos pássaros… Esse relaxamento me conduz
para uma conexão profunda com a natureza, e ela me conduz ao encontro do infinito
daqueles que não estão mais aqui. Nessas horas, tenho a sensação de que as coisas
continuam e que a eternidade está na transformação. Vida e morte são apenas um “até
logo”.

Diante dessas e outras histórias, estou aprendendo a nomear minhas emoções. Quando
não consigo, empresto palavras dos outros. No mastro do meu barco imaginário, que faz o
percurso pelas águas da Vida, tem uma bandeira onde bordei uma provocação do
Nietzsche “Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?”. Levo
também um diário de bordo, nele escrevo recadinhos, frases, pensamentos e sonhos. Um
amuleto que me lembra sempre de ir dormir em paz e de bem com as pessoas ao meu
redor, falar e expressar verdadeiramente o que sinto e estar presente nas coisas que faço.
E assim, vou compondo meu relicário da vida.

Thalita Jordão – Bela Urbana, é também professora e peregrina pelo mundo da leitura, arte e reinação. Gosta das paisagens geograficas, café com conversa fiada e sente uma atração imensurável pelos silêncios e mistérios da vida. Dizem que é estranha, mas ela se orgulha de ser amiga das bruxas.
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O tempo e a memória: registros e interpretações!

Hoje encontrei fotos que tirei quando fazia ensaios fotográficos no Rio de Janeiro. Como o tempo passou e de lá pra cá muitas transformações, conexões, estudos, treinamentos construídos e realizados, trabalhos corporativos, relacionamentos, afastamentos e reconexões. Fiquei refletindo em como a construção de nossa história pessoal em nossa memória não é algo linear com uma lógica ascendente e previsível, apesar de ter uma lógica e fazer todo o sentido, parece que o tempo, como dimensão psicológica, passa de forma diferente para cada pessoa, e às vezes uma pessoa pode guardar na memória uma infinidade de caminhos lógicos para o mesmo processo vivido. Podemos escolher dentro de todas as possibilidades que nossa mente apresenta quais nuances e cores recolher de nossa história?

Quando estudei a matéria de Filosofia da história percebi algo parecido em relação a história da humanidade, onde pude entender que nossa trajetória humana guarda uma memória ancestral que pode ser contada a partir de variados enfoques, mesmo que o caminho percorrido tenha sido um só considerando apenas a lógica dos fatos, com ciclos de início e fim para grandes civilizações, mas deixando registros e evidências recolhidos e preservados. Se a narrativa apresentada ou escolhida já tem um enfoque que depende de diversos fatores, onde encontrar a memória ancestral que nos indique para onde estamos indo, que caminhos já percorremos e o que precisamos fazer para melhorar nosso futuro como grupo humano?

Essas questões me fazem buscar cada vez mais nos antigos ensinamentos das tradições que a filosofia me presenteou. Quando observamos a natureza com cuidado, podemos perceber a integração da vida que se reflete na percepção de unidade. Ao caminhar por uma trilha encontramos pedras, plantas, animais, e muita diversidade, mas nunca tive sensação de que algo estivesse isolado, na verdade, tudo parecia estar em comunhão.

Muitos sábios e filósofos apresentaram essa questão da unidade presente na multiplicidade. Desde os pré-socráticos dos séculos antes de Cristo até filósofos modernos, a busca da sabedoria esteve pautada na busca da Causa primeira, fundamento metafísico que por evidência lógica permeava toda a multiplicidade da natureza.

Os filósofos pré-socráticos chamavam a Natureza de Physis, e por isso foram chamados de físicos por Aristóteles, filósofo grego que se dedicou bastante em nos falar desses sábios da Grécia clássica. Se hoje não temos como ler seus textos completos, por causa da ignorância histórica que destrói o que não compreende, podemos ainda acessar seus ensinamentos através do olhar de Aristóteles. Esses sábios antigos tinham uma forma de ver a Natureza como algo completo, e mesmo escolhessem abordar um enfoque da natureza não deixavam de ter como fundamento sua totalidade, asim como percebiam que havia uma direção ou finalidade que se evidenciava na harmonia existente nas relações entre as diversas partes integradas na Natureza.

Para esses sábios essa harmonia presente na multiplicidade da Natureza só era possível por que havia uma Causa primeira de onde todas as dualidades surgiam e para onde retornavam. Portanto outro princípio importante para os filósofos pré-socráticos era que a Causa e a Finalidade eram uma mesma coisa. Por isso muitos estudiosos destes sábios falam do eterno retorno. O que posso explicar mais a frente. Isso que era causa e retorno de tudo que é múltiplo que muitas vezes é chamado por vários nomes na história da filosofia e na história humana: Thales de Mileto dizia que era a Àgua que dava origem e vivificava toda a natureza; Anaxímenes afirmava que era o Ar como alento divino; Anaximandro atribuía a causa da vida ao Ápeiron; interpretado como o “infinito”; Pitágoras apresentava o Número como princípio de toda a multiplicidade; Parmênides chamava esse princípio de Ente; Empédocles considerava a mistura dos elementos terra, água, ar e fogo; Demócrito considerava o Átomo a partícula última que não se divide; Heráclito dizia que o princípio de todas as coisas era o fogo. Muitos comentadores acreditam que Heráclito desconsiderava o elemento metafísico da Natureza, porque seu enfoque principal era sobre o Devir, ou seja, o movimento que transforma todas as coisas que podemos ver através da alternância dos contrários. Heráclito também afirmava que no fundo dessa aparente guerra dos contrários havia harmonia, que vem do Logos, a lei universal da Natureza.

A questão é que cada filósofo da história da filosofia clássica se dedicou a dar um enfoque diferente ao fundamento metafísico que era causa e finalidade de toda a manifestação, “as coisas aparecem e desaparecem”; “do Ápeiron surge a primeira dualidade que dará origem à multiplicidade”; “Todas as coisas surgem em desequilíbrio e buscam se equilibrar” “Voltar ao seu equilíbrio é voltar à Causa primeira”.

Mas afinal o que seria essa causa primeira para os filósofos pré-socráticos?

Ana Paixão – Bela Urbana, filosofa, pedagoga, palestrante e educadora que trabalha com treinamentos há mais de 10 anos
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Sem ar

Morreu sem ar

Entubada

Engasgada

Gorda

Bem gorda

Morreu sem ar

Sentia ódio, rancor, desamor

Do lado de cá

Uma, duas, algumas lágrimas e nada mais

Despedidas e homenagens nas redes sociais

A mesma que usou para gritar

O quanto estava infeliz

O grito na rede morreu sem ecoar

E o mais triste

É que morreu triste

e nada mais para se falar.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, sócia-fundadora e editora-chefe do Belas Urbanas, desde 2014. Publicitária. Roteirista. Escritora. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

 

 

 

 

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1994 RENUNCIA

1994 é o ano em foi oficializado parte da minha história, no primeiro momento um sonho realizado e tudo que foi vivenciado durante 24 anos… um período em que meu emocional foi esmagado e aparentemente sobreposto por sorrisos, à espera de se transformar em dias melhores.
Mas, nada é para sempre quando decidimos renunciar a hipocrisia do próprio “eu”, então decidi optar pelo divorcio e contar a minha história por meio da Arte…, sim sou artista visual, AGORA SOU e escrevi em poucas palavras minha trajetória.
Renuncio…Renuncio, a cada palavra mal dita sobre a minha pessoa;
Renuncio ao juramento de amor eterno que não existiu;
Os sonhos cometidos e que não foram realizados;
As flores que não recebi;
Aos elogios que não chegaram;
As palavras que me calaram… Renuncio!
Renuncio os beijos que não foram me dado;
O riso que me foi calado…Eu Renuncio!

Essa renúncia semeia um novo ciclo, uma nova vida, sonhos a serem concretizados e a sensação de dever cumprido. Envelheci, amadureci e me dou ao direito de renunciar a tudo e a todos que trouxeram a negatividade para a minha vida!

Rosy Jesus Vaz – Americanense, de coração Barbarense, é artista visual contemporánea, desenvolve pesquisa e oficinas em diversas técnicas desde 2003.  Professora Coordenadora de Linguagens, atua como curadora, performer, fotógrafa autoral e em oficinas de fotografia e policromia em projetos sociais desde 2013. E motociclista e ama fotografar
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O melhor do caminho é caminhar por ele

Direta, esquerta. Para.

Atravessa, segue em frente, contorna, marcha a ré, esquerda de novo. Para.

Meia-volta, deixa passar, subida, prova de morro.

Rua sem saída. Volta.

Descida íngreme. Pneu furado. Troca.

Estrada de terra. Asfalto.

Coloca primeira não deixa morrer. Segunda, terceira, quarta, quinta.

Radar. Vai com calma. Dá tempo.

Gasolina ou álcool? Dúvida cruel. Qual é a melhor escolha? Decide.

Segue em frente. Congestionamento. Faz parte.

Cabe mais um?

Derrapa, roda, “ta tudo sob controle”.

Atenção.

Bebida e direção não combinam. Acidente ao lado.

Paralelepípedo. Buracos na pista.

Animais na pista. Cuidado.

Ao lado, as paisagens diversas.

A trilha sonora é diversa também.

Chegou. Desliga.

O melhor do caminho é caminhar por ele.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, sócia-fundadora e editora-chefe do Belas Urbanas, desde 2014. Publicitária. Roteirista. Escritora. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

 

 

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Mais vida no caminho

Hoje despertei reflexiva sobre a finitude da vida.

Não necessariamente da minha, mas de tudo o que há.

Fixo o olhar sobre um sofá que em família abastada já teria sido devorado por uma caçamba, mas por sua boa estrutura me empenho em dar-lhe novas cores e novas casas.

Observo em meu entorno cadeiras revestidas, poltronas em capas novas, o antigo carrinho de chá restaurado e tantas outras peças cheias de ‘vida’.

Certa vez, deixei escapar um pires de um lindo jogo de café, pintado à mão, que se espatifou no chão, reduzindo-se a minúsculos cacos. Uma fatalidade que chegou a ser-me dolorida.

Hoje peguei a manga de um vestido que reformei e, dela, fiz um joguinho das 5 Marias, para levá-lo à minha neta de 4 anos.

Vez ou outra deparo-me com um objeto ‘novo em folha’, contrapondo com os antigos e restaurados, e o associo aos bebês de filhos e sobrinhos que vão renovando a linhagem familiar, em meio a tios e avós.

Nesse estado reflexivo, observo que a finitude da vida está fortemente ligada à manutenção, renovação e cuidados. Exceto em casos de fatalidades, claro!

Tenho um bom zelo por minha vida e talvez isto explique o gosto por repaginar e reformar coisas.

Devolver vida e utilidade aos objetos é como olhar para o meu interior, me reconstruir e dar mais vida ao meu caminho.

Marisa da Camara – Bela Urbana, Administradora aposentada, que hoje atua em suas paixões: a escrita e a radiestesia. Crê nas energias da natureza e é amante da vida, dos seres humanos e ‘doidinha’ por seus 4 netos.
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Se conseguisse ver o seu destino

Tem caminhos que são meus e eu não abro mão, a frase de uma música que traz a reflexão, nenhum caminho é meu, eu, as vezes estou lá, tão distante de decidir onde irei chegar.

Tem caminhos que percorri e que pensei ser diferente, que no caminho me perdi, mas cheguei até aqui e se mudasse este caminho, onde estaria? Melhor ou pior? Talvez nem te conheceria.

Se o caminho não é seu, se temos que aceitar, nenhum caminho é errado, só basta caminhar, seguir em frente com um norte que determinamos, mas no coração da gente, saber que o resultado nunca poderá  ser diferente.

Não há tempo de voltar neste caminho, sigo sempre em frente, as vezes sinto um vazio, de quem caminha sozinho, mas tudo muda de repente, como se este caminho se formasse ponto a ponto na sua frente.

Vejo a grandeza do universo e tenho a certeza de que não estamos sozinhos caminhando neste grão de arroz que é a terra neste imenso vazio, percebo que meu tempo, nem começou, já se perdeu e hoje estou sozinho.

Ah… se houvesse certeza neste caminho, se conseguisse ver o seu destino, talvez não me sentisse tão perdido, talvez tivesse muito mais medo,  aprendi com o caminho que ler através do tempo mostra que não aprendi nada e que preciso ser coeso.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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Conselhos da Madame Zoraide – 30 – Legado

Olá Consulentes

Chego hoje com uma reflexão profunda, que de tão profunda é escura e curta. Na escuridão, não há palavras para serem ditas, só sentidas.

Queria que vida fosse infinita, mas se infinita fosse, humanos não seríamos.

E se não fossemos humanos Consulentes, a humanidade, que inclui você e eu, seria muito mais egoísta e sem freios, destruiríamos tudo.

A capacidade de construção está diretamente ligada ao sentido do legado que se quer deixar. Porém, antes de deixar, seres humanos querem fazer.

Alguns Consulentes já devem estar se perguntando “fazer o quê? “.

Bom, vocês me cansam, façam o que quiserem, mas façam direito, aliás dentro das regras do direito. O meu, vai até onde, não invado o seu, e vice-versa.

Até a próxima Consulentes e espero das profundezas que tenham entendido o conselho de hoje, porquê injuriada que estou, hoje só observo e não explico, mas deixo uma pista…. observem as formigas.

Madame Zoraide – Bela Urbana, nascida no início da década de 80, vinda de Vênus. Começou  atendendo pelo telefone, atingiu o sucesso absoluto, mas foi reprimida por forças maiores, tempos depois começou a fazer mapas astrais e estudar signos e numerologias, sempre soube tudo do presente, do passado, do futuro e dos cantos de qualquer lugar. É irônica, é sabida e é loira. Seu slogan é: ” Madame Zoraide sabe tudo”. Atende pela sua página no facebook @madamezoraide. Se é um personagem? Só a criadora sabe 

 

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Uma Jornada de Descobertas e Transformações

A vida é uma fascinante jornada, recheada de altos e baixos, oportunidades e desafios . A cada passo dado, nos deparamos com uma infinidade de caminhos a seguir, caminhos que se entrelaçam em uma complexa teia de escolhas e experiências, moldando quem somos e influenciando nosso destino. Devemos abraçar as transformações que encontramos ao longo desta rica peregrinação.

A vida é um fluxo constante de mudanças. Desde o momento em que nascemos até o último suspiro, estamos imersos em um processo ininterrupto de crescimento e evolução. Às vezes, essas mudanças são suaves e previsíveis, enquanto outras vezes são inesperadas e desafiadoras.Mas é justamente nas encruzilhadas da vida que temos a oportunidade de nos reinventar e descobrir novos horizontes.

Ao longo de nossa jornada, nos deparamos com uma infinidade de escolhas. Cada decisão que tomamos representa um ponto de virada, direcionando nossos passos em uma determinada direção. Algumas escolhas podem parecer pequenas e insignificantes, mas, com o tempo, percebemos que até mesmo as menores decisões têm o poder de alterar drasticamente nosso curso de vida. Devemos, portanto, tomar essas escolhas com sabedoria, ouvindo nossa intuição e considerando as consequências que podem advir delas.

Nesta jornada, é inevitável que nos deparemos com desvios e obstáculos. Essas dificuldades podem assumir várias formas: uma oportunidade perdida, uma decepção amorosa, uma mudança inesperada no caminho profissional. No entanto, é importante entender que essas adversidades são parte integrante do processo de crescimento. São elas que nos desafiam, nos ensinam lições valiosas e nos tornam mais resilientes. Devemos encarar os desvios como oportunidades para expandir nossos horizontes e descobrir novas possibilidades.

Um dos maiores aprendizados da vida é a importância da aceitação. Nem sempre podemos controlar os eventos que acontecem, mas podemos controlar nossa reação diante deles. Ao abraçar a mudança e aceitar os desafios, estamos abrindo espaço para a transformação. A vida nos oferece inúmeras oportunidades de crescimento pessoal e autoconhecimento, e é através da aceitação e da adaptação que podemos nos tornar versões melhores de nós mesmos.

Em meio aos caminhos e transformações, muitas vezes nos encontramos em busca de um propósito maior. Afinal, qual é o sentido de tudo isso? Essa busca pelo significado é inerente à natureza humana. Encontrar um propósito nos dá um norte e nos ajuda a encontrar significado nas experiências que vivemos. Cada pessoa tem sua própria jornada e sua própria maneira de encontrar o sentido da vida. O importante é continuar buscando, explorando e cultivando aquilo que traz verdade e plenitude ao coração.

A vida é uma viagem cheia de surpresas e desafios, mas também de oportunidades e descobertas. Cada caminho percorrido, cada escolha feita e cada obstáculo superado molda quem somos e nos leva a novas possibilidades. A chave para aproveitar ao máximo essa jornada é abraçar as transformações que encontramos pelo caminho, aceitar os desvios e buscar constantemente o significado e propósito em nossa existência. A vida e seus caminhos são um convite para crescer, aprender e nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos.

Tiago Nogueira – Belo Urbano. Formado em publicidade pela PUC Campinas e jornalismo pela FACHA-RJ, atuou profissionalmente em audiovisual desde 1986, jamais escrevendo, é melhor com as imagens. Em raros momentos de inspiração e dedicação tenta produzir textos para contribuir para a sociedade, através deste fascinante e multifacetado mundo digital. Sem filhos, mas apaixonado por crianças e mágicas, descobriu no trabalho voluntário em pediatrias de hospitais públicos, como levar alegria a elas através da risoterapia através da Fundação Griots https://www.griots.org.br/2019/
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Estrada de tijolinhos amarelos

Toda vez que penso em caminhos, me lembro de uma via de tijolinhos por onde caminhava todas as tardes após o trabalho, na cidade de Otsu, Província de Shiga no Japão.

Muito charmosa, recortava uma área grande onde havia uma biblioteca, um espaço cultural com diversas exposições de Arte e um jardim maravilhoso bem típico japonês.

Ao entrar nesse parque, o terreno inclinado além da vegetação bem cuidada, das esculturas espalhadas por entre as plantas, nos dava a sensação de estarmos indo a caminho do Paraíso. E eu, vivenciando uma fase de muitas reflexões existenciais, passeando demoradamente por entre as instalações artísticas, parando em cada novo ângulo para observar o pôr do sol, observando cada flor, cada espécie diferente que ressaltasse aos olhos, concluia que esse era meu jeito de viver.

Toda vez ao passar pelo portão de entrada, a imagem desse caminho me remetia à estrada de tijolos amarelos que Dorothy tinha que pegar para chegar à Cidade das Esmeraldas e encontrar a forma de voltar para casa, no filme “O Mágico de Oz”. E assim como no filme, os percalços vivenciados eram muitos.

Elucubrações excessivas nos desequilibram, ou na verdade, acontecem quando o coração está desequilibrado; nos levam aos profundos labirintos do Inconsciente e precisamos ter em mãos o tênue ‘fio de Ariadne’ para que consigamos voltar ao Consciente, à sanidade mental.

Foi através da Arte que encontrei o Caminho de Casa. Pintura, escultura, fotografia, Poesia… foram algumas vias pela qual transitei.

A todo momento temos que fazer escolhas que muitas vezes nos conduzem por vias desconhecidas mas que, com certeza, nos fazem avançar.
Pecamos quando nos tornamos estáticos pois a Vida é movimento; um movimento para o Centro, para nós mesmos.

“A antiga palavra grega para pecar significa ao mesmo tempo, ‘errar o ponto’… O ponto e o círculo – Deus e o Mundo – O Uno e o Múltipo – o irrevelável e o revelável – o conteúdo e a forma – o Metafísico e o Físico – são muitos pares de conceitos que se referem à mesma coisa.”
Trechos do livro ‘Mandalas’, de Rudiger Dahlke, que me trouxe uma clareza em meu caminhar.

Enfim, todos os caminhos levam à Deus!
Namaste

Érika Taguchi – Bela Urbana, publicitária por formação, com especialização em Marketing além de: terapeuta holística, praticante de Yoga Arhatica, fundadora do Instituto Sempre Vivva, artesã, cozinheira, costureira, poeta, jardineira, personal organizer e tantas outras definições mais.